terça-feira, 29 de maio de 2018

Política italiana: novas eleições?


                                            

         Como já referido, o Presidente italiano recusou-se a aprovar o novo gabinete formado pela Liga (extrema direita) e o Movimento Cinco Estrelas (Giuseppe Conte, como Primeiro Ministro e Paolo Savona, como Ministro das Finanças ).
         A indicação de Paolo Savona fora demasiado para Mattarella, eis que, no entender do presidente, isso poderia - ao nomear alguém contrário à União Europeia para o ministério das Finanças - pôr  em situação de risco as famílias italianas e  sua poupança.
          Com efeito, Signor Savona  poderia querer deixar o Euro, mas isso não estava nos planos do eleitor italiano. Também Mattarella julgou irrealista o contrato de governo com programa acima de cem bilhões de euros, inclusive imposto de 20% e renda garantida para cada cidadão.  Em suma, o tal programa não iria funcionar e com muita probabilidade seria um desastre com a União Europeia.
           Os líderes da coalizão  podem chamar a decisão do Presidente Mattarella como "o fim da democracia na Itália", mas na verdade o Presidente da República não se afastou de seus poderes constitucionais.
            Diante do malogro da aliança da Liga com o Movimento 5 Estrelas, o Presidente Mattarella  convidou Carlo Cottarelli (economista e ex-diretor do FMI)  para formar gabinete provisório, e preparar a Itália para novas eleições, possivelmente em setembro.
            A tarefa de Cottarelli não será decerto fácil. No papel, Liga e 5 Estrelas tem maioria nas duas Casas do Parlamento. Contudo, os prognósticos não tendem a considerar que esses dois partidos continuem unidos.  Dessarte, quando as novas eleições forem convocadas - possivelmente em setembro -  elas serão regidas por uma lei que é considerada superior à atual.
            O Partido Democrata é havido, por ora, como uma força sem perspectivas,  dada a condição de seu líder Matteo Renzi. Por outro lado, a Força Itália, o partido de Berlusconi  pode ser inserido em nova formação ministerial.
            Além disso, é pouco provável que dois partidos com ideologias tão diversas, quanto o Cinco Estrelas e a Liga (esta de extrema direita) continuem unidos em  coalizão que era simplesmente oportunista e ditada pelo resultado das eleições.
            Sem embargo, se antes já era difícil fazer prognósticos de gabinetes nos tempos da D.C., dos Socialistas, e dos Sociais Democratas, além de outros partidos menores,  hoje essa dificuldade tende a aumentar,  pela peculiaridade da política italiana que faz transcender por vezes a lógica partidária, como foi o caso da coalizão entre Liga (extrema direita) e Movimento Cinco Estrelas.

( Fontes:  The New York Times, O  Globo )

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