Como já
referido, o Presidente italiano recusou-se a aprovar o novo gabinete formado
pela Liga
(extrema direita) e o Movimento Cinco Estrelas (Giuseppe
Conte, como Primeiro Ministro e Paolo Savona, como Ministro das Finanças ).
A
indicação de Paolo Savona fora demasiado para Mattarella, eis que, no entender
do presidente, isso poderia - ao nomear alguém contrário à União Europeia para
o ministério das Finanças - pôr em situação de risco as famílias italianas e sua
poupança.
Com efeito, Signor
Savona poderia querer deixar o Euro, mas
isso não estava nos planos do eleitor italiano. Também Mattarella julgou
irrealista o contrato de governo com programa acima de cem bilhões de euros,
inclusive imposto de 20% e renda garantida para cada cidadão. Em suma, o tal programa não iria funcionar e
com muita probabilidade seria um desastre com a União Europeia.
Os
líderes da coalizão podem chamar a
decisão do Presidente Mattarella como "o fim da democracia na Itália",
mas na verdade o Presidente da República não se afastou de seus poderes
constitucionais.
Diante do malogro da aliança da Liga
com o Movimento 5 Estrelas, o Presidente Mattarella convidou Carlo Cottarelli (economista e
ex-diretor do FMI) para formar gabinete
provisório, e preparar a Itália para novas eleições, possivelmente em setembro.
A
tarefa de Cottarelli não será decerto fácil. No papel, Liga e 5 Estrelas tem
maioria nas duas Casas do Parlamento. Contudo, os prognósticos não tendem a
considerar que esses dois partidos continuem unidos. Dessarte, quando as novas eleições forem convocadas
- possivelmente em setembro - elas serão
regidas por uma lei que é considerada superior à atual.
O Partido Democrata é havido, por ora, como uma força sem perspectivas, dada a
condição de seu líder Matteo Renzi. Por outro lado, a Força Itália, o partido de Berlusconi pode ser inserido em nova formação
ministerial.
Além disso, é pouco provável que dois partidos com ideologias tão
diversas, quanto o Cinco Estrelas e a Liga (esta de extrema direita) continuem
unidos em coalizão que era simplesmente oportunista e ditada pelo resultado
das eleições.
Sem embargo, se antes já era difícil fazer prognósticos de gabinetes nos
tempos da D.C., dos Socialistas, e dos Sociais Democratas, além de outros
partidos menores, hoje essa dificuldade
tende a aumentar, pela peculiaridade da
política italiana que faz transcender por vezes a lógica partidária, como foi o
caso da coalizão entre Liga (extrema direita) e Movimento Cinco Estrelas.
( Fontes:
The New York Times, O Globo )
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