Escândalo
adia Nobel
O aguardado anúncio do Prêmio Nobel
de Literatura não será feito neste ano. É desenvolvimento inédito (tal não ocorria desde 1943 - quando havia
uma guerra mundial em curso).
O motivo desta feita será bem
menos grave. A crise foi causada por um escândalo sexual que envolve ao marido
de uma integrante do júri. Em função da
confusão, sete dos dezoito membros da Academia resolveram renunciar.
Não é mistério para ninguém que o
mundo vive época de escândalos sexuais.
Na Academia, a turbulência irrompeu em novembro último, em meio à onda
de denúncias de agressões sexuais nos Estados Unidos e na Europa. A propósito,
reportagem do jornal sueco Dagens Nyheter
trouxe à tona depoimentos de 18 mulheres da sociedade sueca que relatavam casos
de assédio ou de violência sexual - inclusive estupros - cometidos por um
agente cultural, o francês Jean-Claude
Arnault.
Diretor do Centro Cultural Forum, instituição reputada pela
intelectualidade sueca, agora fechada, Arnault
é casado com Katarina Frostenson,
acadêmica e jurada do Nobel de Literatura.
Frostenson está entre os sete membros que pediram afastamento de suas
atividades após o escândalo. Investigação
foi aberta pelo Ministério Público Criminal de Estocolmo, em março deste ano,
mas o caso acabou sendo arquivado, por prescrição dos crimes relatados pelas
testemunhas, que datavam de 2013 e 2015.
Com vistas à normalização, a
figura de Arnault apresentava um problema
- além dos que terá criado - pela circunstância de ser laureado com a Medalha
da Ordem Real da Estrela Polar, a maior
distinção concedida pelo Rei a estrangeiro.
A par disso, o Forum de Arnault recebia subsídios e se beneficiava da
proximidade com a Academia Sueca, que, de resto, teria gerenciado mal o
caso. Decorrência disso foi o abalo da credibilidade
dos 'imortais' e da instituição criada em 1786 frente à opinião pública sueca.
Desde março do ano corrente,
se especulava sobre o eventual adiamento do Prêmio Nobel de Literatura de 2018.
Afinal, por decisão anunciada ontem, o Prêmio Nobel de 2018 de Literatura será
designado e anunciado simultaneamente
com o laureado de 2019.
Nesse sentido, se promete a
realização de reforma "longa e enérgica" da tradicional instituição.
Dada a reação diante do escândalo, dos dezoito ditos "imortais",
sete se afastaram. Dessarte, com apenas 11 membros restantes, a Academia fica
abaixo do quorum de doze juizes. Dada a lentidão burocrática da instituição, o tempo para eventual reforma do estatuto não
seria bastante para o juízo do laureado de 2018. É a primeira vez, em tempos
normais, que o adiamento ocorre.
( Fonte: O
Estado de S. Paulo )
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