Não obstante a
crise fiscal que atravessa, o Brasil - segundo o Estadão - está hoje muito mais preparado para enfrentar as
turbulências do mercado.
No caixa do
Tesouro, a reserva de recursos para bancar o pagamento de títulos públicos cresceu
mais de três vezes nos últimos 5 anos, chegando atualmente a R$ 647,4 bilhões, o que reduz os riscos de
eventual calote
Se tal não bastasse, o País conta
igualmente com US$ 381,6 bilhões em reservas internacionais, administradas pelo
Banco Central - e que poderiam ser empregadas para evitar crise cambial. Além disso, existem R$ 9 bilhões no caixa do
Tesouro para bancar todos os vencimentos da dívida externa do governo nos
próximos doze meses.
Para o subsecretário da dívida
pública do Tesouro, José Franco Medeiros de Morais, essas três linhas de defesa
garantem, do prisma macroeconômico, situação confortável para eventuais
turbulências que o País venha a enfrentar nos próximos meses.
Como se assinala, trata-se de
situação muito diversa da vivida durante a campanha presidencial de 2002, v.g., quando a eleição do ex-presidente
Lula da Silva levou o dólar
estadunidense para o patamar de R$ 4. O colchão de liquidez da dívida externa
estava em R$ 40 bilhões, e as reservas internacionais no Banco Central eram de
apenas US$ 37,24 bilhões. Tampouco havia reserva em caixa para o pagamento da
dívida externa.
A par disso,
segundo o subsecretário Franco, em 2013, o colchão de liquidez estava em R$ 200
bilhões. Então, tal reserva de dinheiro bancava três meses de pa-gamento de
títulos. Hoje, a reserva banca de oito a dez meses. Segundo explica Franco,
esse montante aumentou porque houve reversão
de expectativas em relação ao cenário econômico no Brasil.
O Tesouro vendeu mais títulos do
que aqueles que venceram, o que permitiu a entrada de mais dinheiro no caixa
que hoje possui R$ 1,07 trilhão. Desse total, 60% compõem o colchão de liquidez
da dívida. O Subsecretário Franco disse
que o Tesouro está preparado para enfrentar turbulências e os próximos vencimentos
até o final do ano, que somam cerca de R$ 250 bilhões.
Por
outro lado, para o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da
Fundação Getúlio Vargas, Manoel Pires, além de tais
'barreiras', o Brasil está numa situação mais tranquila também por conta dos
juros e da inflação mais baixos - e que funcionam como escudos de proteção.
Segundo o técnico da FGV, o
país está bem posicionado para qualquer
eventual 'surpresa' nos juros dos Estados Unidos, cenário que está ditando
basicamente o comportamento do dólar
estadunidense, que se vem fortalecendo frende às demais divisas - o que, de
resto, já provocou até um pedido de
ajuda da nossa vizinha Argentina ao FMI.
" É o que parece que a psicologia do mercado está precificando",
disser Pires, antigo Secretário de
Política Econômica do Ministério da Fazenda.
Para ele, contudo, o Brasil
continua vulnerável em relação às contas públicas e enfrenta dificuldades para
aprovar as reformas (o que é de resto, notório, se tivermos em conta o
noticiário recente). Na avaliação do Secretário Pires, a maior turbulência nas
eleições vai depender muito da programação de política econômica de cada
candidato à Presidência. Para Manoel
Pires,"o que está acontecendo hoje é muito mais uma revisão do cenário
global do que do risco Brasil por conta
das eleições".
(
Fonte:O Estado de S. Paulo, Caderno
Economia & Negócios )
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