Em clara reação quanto ao
procedimento eleitoral, marcado pela fraude e intimidação pelo regime chavista,
houve de parte ocidental manifesta reprovação dos abusos e dos diversos
procedimentos tendentes a constranger os votantes em uma forçada opção
'chavista'.
O próprio candidato opositor, Henri
Falcón, denunciou a eleição como fraudulenta e não se tratou do usual 'choro' de perdedor.
Todo o esquema chavista se orientou
não só para o constrangimento, senão para medidas mais fortes, com postos
governamentais próximos das seções de votação, com a clara disposição de
intimidar os votantes.
Henri Falcon, o único opositor restante,
apesar de uma postura oposicionista que pode ser considerada como super-'light',
ao cabo perdeu a paciência, associando-se aos protestos.
Entre os dois campos, os que
apoiaram, mandaram mensagens congratulando-se com Maduro: gospodin Putin, que já concedera empréstimos ao ditador; a China,
cujo regime também aposta na carta
Maduro, seja com empréstimos (que mais
encalacram a endividada), seja com declarações bombásticas (não aceitará a ingerência em assuntos internos
venezuelanos...); e o Irã, dos ayatolahs,
com loas também a 'validade' da reeleição de Nicolás Maduro.
Já nos que condenaram os
processos e as fraudes empregadas, estão os Estados Unidos, com sanções
(proibiram a compra de ativos estatais de Caracas, ou de eventuais créditos a
receber; bloquearam ativos venezuelanos nos EUA, assim como as propriedades da
principal fonte de renda chavista, a petrolífera PDVSA). Por sua vez, o Grupo de Lima, não reconheceu a votação
e chamou seus embaixadores para consultas, procedimento usual quando se deseja
dissociar de um regime e manifestar desagrado com a sua linha política...
Não obstante, não há
unanimidade quanto à perspectiva de um embargo às vendas de petróleo
venezuelano. Omar Barbosa, o presidente da Assembleia Nacional, não concorda
com a ideia. Para tanto, ele emprega um conceito discutível: "É preciso
evitar medidas que atinjam o petróleo, que não pertence ao governo, mas sim a
todos os venezuelanos." Note-se que Barbosa é apenas o titular de um poder
totalmente esvaziado pela ditadura de Maduro, que na prática substituíu a
Assembléia Nacional, com maioria da Oposição, pela chamada Constituyente (dos Bairros), que apesar de despojada de toda
legitimidade (eleita fraudulentamente) e com poderes absolutos (dados a um
organismo que é apenas uma fachada do Governo) é quem ora dá as cartas na pobre
terra de Bolívar, enquanto a Assembléia Nacional, eleita pelo Povo, foi
escanteada por Maduro, não tendo na prática poder algum...
A frente internacional que
defende o regime de Maduro está geograficamente distante, e mesmo tentando
falar grosso, não tem força para contra-arrestar a influência estadunidense, e
de grande parte da América Latina (salvo a Bolívia, de Evo Morales, Cuba e mais alguns poucos gatos pingados).
(Fonte:
O Estado de S. Paulo )
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