domingo, 6 de maio de 2018

Quem é Michael Cohen ?


                                 

          Nos últimos tempos surgiu mais um personagem no círculo de relações do Presi-dente Donald Trump.  Sua trajetória pessoal é reconstituída em longa reportagem  do Times, até que tenha um escritório na Trump Tower, que é vizinho daquele de Trump.
          Antes que Cohen se torne o advogado pessoal de Trump e o seu homem de confiança (fixer),ele trabalha como advogado em casos difíceis, assim como enquanto  homem de negócios. São esses cerca de 25 anos de atuação em áreas contestadas e difíceis que ora se acham sob a lupa dos promotores federais, o que, dadas as estreitas relações  com Trump, tendem a colocar ameaças potenciais não só para Mr Cohen, mas também para o presidente.
          A análise do New York Times busca mostrar até que ponto Cohen  operou nas águas represadas (backwaters) dos mundos financeiro e legal. Embora Cohen não haja sido acusado de crime algum, fica no ar o quanto isso dependeu de sua habilidade pes-soal em lidar com certas questões delicadas, eis que muitos de seus sócios têm pela frente acusações formais de ordem penal, ou então estritas e severas penas regulamen- tares. Essa área cinza se refere a sócios nos negócios de redes de táxi, médicos a quem ajudou para montar clínicas  e até advogados com quem trabalhou.
          Grande parte da vida pessoal e profissional de Michael Cohen, ele a passou com imigrantes russos e ucranianos.   Seu sogro, que o ajudou a estabelecer-se no negócio dos táxis, nasceu na Ucrânia.  Da mesma nacionalidade ucraniana  era também o sócio de Cohen nos táxis. O outro parceiro era imigrante russo.
           Com base nesse círculo de relações,  Cohen buscava informar-se para verificar  oportunidades de negócio para Mr Trump nas antigas repúblicas soviéticas. Por outro lado, Cohen e o sogro  emprestaram mais de US$ 25 milhões  para empresário ucrania-no, com passado financeiro pouco brilhante, e, ainda por cima, antecedentes de não res-peitar os prazos  nos pagamentos dos empréstimos.  Além disso, mr Cohen manteve pequena parcela do capital no hall de serviços (catering) de seu tio, que era frequentado por produtores russos e italianos.
            Além disso, a par de seus negócios legais e na área de táxis, Mr Cohen tinha o que os americanos chamam de toque de Midas, em termos de inversão em edifícios  e propriedades de terrenos.  Em 2014, ele vendeu quatro edifícios em Manhattan por US$ 32 milhões, e recebeu em dinheiro vivo.  Ainda por cima, ele faturou três vezes mais o que ele pagara pelas propriedades três anos antes.
              Segundo comenta Ben Berzin: "Esse é o tipo de pessoa que a maior parte dos banqueiros prefere manter à distância".  Berzin é o Vice-presidente executivo aposenta- do  do Banco ANC, que se chocou com Trump no início dos anos noventa, acerca dos empréstimos para os seus cassinos de Atlantic City, então em dificuldade. 
          Cabe notar  que Robert S. Mueller III, o conselheiro especial que investiga a interferência russa  na eleição de 2016, já tinha examinado a conduta de Mr Cohen, dentro do contexto do inquérito que é realizado contra o Presidente.
           No mês passado, foi noticiado na imprensa a ação de agentes federais com autorizações (warrants) de busca e apreensão na residência de Mr Cohen, seu escritório e em quarto de hotel aonde residia.  O objetivo de tais warrants eram documentos rela-tivos aos  associados de negócio de Mr Cohen, entre outras questões.  Essa investigação por agentes federais (os attorneys estadunidenses) em Manhattan se baseia em informa-ções dadas pela equipe de Mr Mueller.
           Os advogados de Mr Trump estão conformados com a forte possibilidade que a investigação dos negócios de Mr Cohen o leve a cooperar  com a Promotoria federal.
            Cohen, depois de receber lista detalhada de perguntas acerca dos seus negócios, respondeu em mensagem de texto. As questões colocadas são consideradas imprecisas. Trump, por outro lado, disse que Mr Cohen "era um bom sujeito" e que os investigado-res federais estavam verificando algo com os seus negócios. E acrescentou: nada tenho a ver com os negócios dele.
            No entanto, segundo o artigo do Times, o Presidente há muito  confia em Mr Cohen para representá-lo em questões tanto públicas, quanto profundamente privadas. Nesse contexto, se tem as negociações em Fresno, Califórnia, para a república da Geor-gia, assim como o dinheiro para pagar o silêncio de uma atriz de filmes pornô, que de-clarara que  teve um caso com o futuro presidente. 
           Segundo verificado pela reportagem do Times, o trabalho de  Cohen na organiza-ção Trump  era o de lidar com os mais espinhosos problemas de Trump. Mas agora, na avaliação do New York Times, tudo que os investigadores venham a encontrar nos di-versos negócios de Mr Cohen pode repercutir no Presidente.
            A avaliação do Times pode semelhar algo exagerada, porque se Mr Cohen tem eventuais shady deals  - acordos duvidosos - para responder para os procuradores, isso não quer dizer necessariamente que o Presidente esteja metido nessas questões que advêm das relações de Cohen com emigrantes russos.

( Fonte: The New York Times )

Nenhum comentário: