Nos
últimos tempos surgiu mais um personagem no círculo de relações do Presi-dente
Donald Trump. Sua trajetória pessoal é
reconstituída em longa reportagem do
Times, até que tenha um escritório na Trump Tower, que é vizinho daquele de
Trump.
Antes
que Cohen se torne o advogado pessoal de Trump e o seu homem de confiança (fixer),ele trabalha como advogado em
casos difíceis, assim como enquanto homem de negócios. São esses cerca de 25 anos
de atuação em áreas contestadas e difíceis que ora se acham sob a lupa dos
promotores federais, o que, dadas as estreitas relações com Trump, tendem a colocar ameaças potenciais
não só para Mr Cohen, mas também para o presidente.
A
análise do New York Times busca
mostrar até que ponto Cohen operou nas
águas represadas (backwaters) dos
mundos financeiro e legal. Embora Cohen não haja sido acusado de crime algum,
fica no ar o quanto isso dependeu de sua habilidade pes-soal em lidar com
certas questões delicadas, eis que muitos de seus sócios têm pela frente
acusações formais de ordem penal, ou então estritas e severas penas regulamen-
tares. Essa área cinza se refere a sócios nos negócios de redes de táxi,
médicos a quem ajudou para montar clínicas
e até advogados com quem trabalhou.
Grande parte da vida pessoal e profissional de Michael Cohen, ele a
passou com imigrantes russos e ucranianos.
Seu sogro, que o ajudou a
estabelecer-se no negócio dos táxis, nasceu na Ucrânia. Da mesma nacionalidade ucraniana era também o sócio de Cohen nos táxis. O
outro parceiro era imigrante russo.
Com
base nesse círculo de relações, Cohen
buscava informar-se para verificar oportunidades de negócio para Mr Trump nas
antigas repúblicas soviéticas. Por outro lado, Cohen e o sogro emprestaram mais de US$ 25 milhões para empresário ucrania-no, com passado
financeiro pouco brilhante, e, ainda por cima, antecedentes de não res-peitar
os prazos nos pagamentos dos
empréstimos. Além disso, mr Cohen manteve
pequena parcela do capital no hall de serviços (catering) de seu tio, que era frequentado por produtores russos e
italianos.
Além disso, a par de seus negócios legais e na área de táxis, Mr Cohen
tinha o que os americanos chamam de toque
de Midas, em termos de inversão em edifícios e propriedades de terrenos. Em 2014, ele vendeu quatro edifícios em
Manhattan por US$ 32 milhões, e recebeu em dinheiro vivo. Ainda por cima, ele faturou três vezes mais o
que ele pagara pelas propriedades três anos antes.
Segundo comenta Ben Berzin: "Esse é o tipo de pessoa que a maior
parte dos banqueiros prefere manter à distância". Berzin é o Vice-presidente executivo aposenta-
do do Banco ANC, que se chocou com Trump
no início dos anos noventa, acerca dos empréstimos para os seus cassinos de Atlantic City, então em
dificuldade.
Cabe notar
que Robert S. Mueller III, o conselheiro especial que investiga a
interferência russa na eleição de 2016,
já tinha examinado a conduta de Mr Cohen, dentro do contexto do inquérito que é
realizado contra o Presidente.
No
mês passado, foi noticiado na imprensa a ação de agentes federais com
autorizações (warrants) de busca e
apreensão na residência de Mr Cohen, seu escritório e em quarto de hotel aonde
residia. O objetivo de tais warrants eram documentos rela-tivos
aos associados de negócio de Mr Cohen,
entre outras questões. Essa investigação
por agentes federais (os attorneys estadunidenses) em Manhattan se baseia em
informa-ções dadas pela equipe de Mr Mueller.
Os advogados de Mr Trump estão
conformados com a forte possibilidade
que a investigação dos negócios de Mr Cohen o leve
a cooperar com a Promotoria federal.
Cohen,
depois de receber lista detalhada de perguntas acerca dos seus negócios,
respondeu em mensagem de texto. As questões colocadas são consideradas
imprecisas. Trump, por outro lado, disse que Mr Cohen "era um bom
sujeito" e que os investigado-res federais estavam verificando algo com os
seus negócios. E acrescentou: nada tenho a ver com os negócios dele.
No
entanto, segundo o artigo do Times, o Presidente há muito confia em Mr Cohen para representá-lo em
questões tanto públicas, quanto profundamente privadas. Nesse contexto, se tem
as negociações em Fresno, Califórnia, para a república da Geor-gia, assim como
o dinheiro para pagar o silêncio de uma atriz de filmes pornô, que de-clarara
que teve um caso com o futuro
presidente.
Segundo
verificado pela reportagem do Times, o trabalho de Cohen na organiza-ção Trump era o de lidar com os mais espinhosos
problemas de Trump. Mas agora, na avaliação do New York Times, tudo que os
investigadores venham a encontrar nos di-versos negócios de Mr Cohen pode repercutir no Presidente.
A
avaliação do Times pode semelhar algo
exagerada, porque se Mr Cohen tem eventuais shady
deals - acordos duvidosos - para
responder para os procuradores, isso não quer dizer necessariamente que o
Presidente esteja metido nessas questões que advêm das relações de Cohen com
emigrantes russos.
( Fonte: The New York Times )
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