Por
uma conjunção pouco feliz de má gestão e desfalques em cadeia, o Governo do Rio de Janeiro, depois da farra
fiscal (conjugada com roubalheira ) da Adminis-tração Sérgio Cabral, deixou herança
maldita para o Vice Pezão. Este último - que foi eleito sob o pressuposto de
que diferia de seu chefe Cabral - enfrentou
longa luta contra o câncer, deixando o octogenário vice Francisco Dornelles,
no seu lugar.
Enquanto Cabral parece ter desperdiçado o futuro - eis que tinha carisma
e capacidade administrativa - enveredando por uma farra de altas comissões e
muitas negociatas -, Pezão parecia ser
mais sério, embora ainda persistam dúvidas sobre a respectiva idoneidade.
Ontem
ocorreu fenômeno que nós,veteranos
habitantes da cidade dita Maravilhosa não deparávamos há muitos anos. Em
represália à morte de um comparsa durante operação policial, bandidos do Morro
do Turano obrigaram ontem, dia 27 de abril, o fechamento de boa parte do
comércio da Tijuca. Esse luto forçado não era visto há muitos anos. Recordo-me
nesse particular das injunções do tráfico, que exigia essa forçada homenagem
pela morte de seus chefes e lugares-tenentes de parte de todo o comér- cio das
áreas ditas responsáveis, com o medroso
fechamento de cartórios, lojas, supermercados, e tudo o mais que lhes desse na
telha.
A
criminosa indigência da Administração estadual, acrescida da falta de liderança
na segurança (partiu o sério e eficiente chefe da Segurança e da Polícia
Militar, Mariano Beltrame), com pouco dinheiro para enfrentar entre-outros ao tráfico,
é decerto a causa determinante dessa súbita reversão de forças.
Agora o senhor Pezão choraminga pela
necessidade urgente da ajuda do Governo federal. Além de estender-se por mais
tempo que seria cabível, dada a notoriedade da gestão ruinosa, esse ires e
vires na segurança, põem a perder programas ditos salvadores, além de reacender
a audácia dos bandidos. Hão de
recordar-se da morte do pobre soldado
que veio com a força de segurança das
Olimpíadas, e que foi estupidamente morto por um tiro partido de comunidade
próxima à linha vermelha (auto-estrada que leva ao aeroporto), que com a audácia que vem da impunidade mata
sem piedade quem adentre o sacro recinto de reduto do tráfico. Tal episódio não
é filho de mãe viúva, mas tende a repetir-se como em outro brutal assassínio,
em que foi abatido um pobre turista que acreditara nas lorotas de que Santa
Teresa não mais apresenta qualquer perigo...
( Fonte:
O Globo )
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