Maio está mais perto de
o que muitos pensam. A princípio, o pessoal olhou com otimismo a audiência convocada pelo Juiz
Sérgio Moro para o comparecimento do ex-presidente Lula.
Como se atreve esse juiz, pensaram, a
convocar o ex-presidente Lula? Por isso, para replicar à altura, lhes veio a
ideia das oitenta e sete oitivas. Fazer com que esse juizinho ouça todos
esses testemunhos de gente que fechou com o ex-Presidente.
Acharam que a ideia era ótima. Que tal
forçá-lo diante de todas as verdades do campo de Lula, e como tem gente que o
apóia?!
A grande concentração em Curitiba, toda
a gente que está disposta a comparecer, a mostrar com a física presença todo o
afeto e apoio que dedicam a esse torneiro-mecânico que foi subindo como líder
sindical, que enfrentou a ditadura e foi preso por isso, e que por fim fundou o
Partido que começou cheio de promessas e de tanta gente boa no operariado, na
igreja, nos intelectuais e na turma de resistência à ditadura militar, que
começava a estrebuchar, mas morta não estava!
De fato, é muita gente para chegar a Curitiba, vinda
de ônibus, de carro, de moto ou lá o que
for, para apresentar-se de forma pessoal e intransferível, para poder dizer do
afeto que lhe têm, do apreço que lhe devotam, e da própria inamovível confiança
com que se dispõem a homenageá-lo! Pois apesar de tudo o que dizem, e o que a
mídia espalha, eles continuam a crer na sua palavra, no seu testemunho, e em sua
própria pessoa.
Só não gostaram de que o juiz Moro
tenha determinado que o ex-presidente Lula esteja presente em todas as oitivas
que os seus amigos e partidários tencionam realizar, com o intuito de expressar
a própria confiança no grande líder que tanto admiram.
Acharam injusto que Lula tenha de
ouvir todos esses 87 testemunhos. No entanto, não pensam em que não foi o Juiz
Sérgio Moro que convocou todo esse grupo. A ideia partiu do ex-presidente Lula
da Silva. Terá havido intenção provocatória ? É uma questão difícil de
determinar. Começam a rolar as testemunhas de defesa e quem pensará em
reduzir-lhes a presença? Pois dizem esses, é oportunidade única a de veicular
para quem o acusa o quanto essa gente o estima e preza. Por isso, é que não
entenderam o porquê da determinação de que o ex-presidente Lula da Silva esteja
presente em todas as oitivas, que ele próprio desencadeara. Será que o número é
excessivo ? Que melhor oportunidade para determinar que a contra-proposta do
magistrado, de que Lula possa também estar presente para avaliar como os seus
defensores o estimam.
No entanto, a CUT e os outros
órgãos ancilares do Partido dos Trabalhadores podem empenhar-se na realização
dessa grande caravana, que vai atravessar as estradas do Brasil para expressar
ao ex-presidente Lula o quanto toda essa gente, malgrado tudo o que dizem e
escrevem a seu respeito, valoriza, estima e apóia o grande tribuno.
Não obstante todo esse afã, todo
esse esforço - que envolve decerto sacrifícios - a despeito de sua reiterada
postura em prol do grande líder do Partido dos Trabalhadores, e de tudo o que
pensam fez não só pelo Brasil, como pela
sua gente, com ênfase nos humildes, nos pobres, naquele mar de pessoas que se
movimenta à sua volta e que nele crê, não obstante o que digam os jornais, o
que grite a mídia, e agora uma sensação estranha, de que os tempos estejam
diferentes, de que os céus se vão enfarruscando, e, a princípio de mansinho,
mas agora o ruido aumenta e as novas, meu capitão, para quem as ouve de longe e
de perto, as perscruta do alto dos mastros, e as lê nas folhas dos periódicos,
ai que a gente miúda não pode mais cobrar alvíssaras dos capitães, pois, por
desgraça muitos creem, que mais não há boas notícias a gritar aos ventos!
A busca da verdade é faina dura e penosa.
Muita vez o que ela traz não será do gosto de quem a procura. Mas se o poder é
forte, ele logrará silenciar a má nova por um tempo. A princípio, tudo parece
correr-lhe bem, mas não há bicho nem
criatura mais solerte, safada, segura, e sem-dúvida soberana do que a verdade.
Por mais poderoso que lhe
seja o adversário, ela encontrará maneira de safar-se de abraços de tamanduá,
de tentativas de sufocação, de assediá-la em todos os cantos, para que adentre
os quintos dos infernos, e lá fique silente e sozinha, para que a sua gente possa
enfrentar a súcia adversária e manter a notícia soez - que para ele é a verdade
- submetida ao sal que antes se lançava sobre a súcia dos infernos.
No seio dos sôfregos sócios
se dissemina a inconsolável sensação de que tudo se vai perder.
Mais cedo de que se pensa,
a verdade surge. A sédula sociedade do silêncio se vai despedaçar porque é vão
o sonho de quem se crê possa sufocar com as sólitas atoardas a radiosa luz da
verdade.
E como ela é una e
indivisível, não surpreende que ela surja de súbito, e se difunda por toda
parte.
Assim, Léo Pinheiro, o amigão
de antes dirá, em surpreendente depoimento: Lula sabia!
- de repasses de propina do
PT via caixa dois;
- e também o empreiteiro da OAS contou:
que foi orientado pelo petista, depois do
início da Lava-Jato,
a destruir provas desses
pagamentos.
E o empresário, a quem
conhecem como Léo Pinheiro, também
relata mais esse diálogo
havido com Lula: "Você tem registro
de algum encontro de contas
feitas com João Vaccari (ex- tesoureiro petista também preso) com vocês? Se
tiver,destrua"
Mas a Lava-Jato não pára
por aí. Lenta mas seguramente, a verdade desta Operação vai surgindo. Assim,
por primeira vez, figura do porte partidário e político de Antonio Palocci assoma no palco
do teatro da verdade, e declara estar disposto a revelar fatos e nomes.
Dessarte, dando clara demonstração de que pretende conseguir o benefício da
delação premiada, o ex-Ministro Antonio Palocci disse estar a disposição para
revelar "nomes, endereços e operações realizadas" de interesse da
Lava Jato.
Depondo ao Juiz Sérgio
Moro, no inquérito em que é acusado de usar dinheiro de propina para pagar ao
marqueteiro das campanhas dos ex-presidentes Lula e Dilma, Palocci admitiu a existência de caixa dois nas eleições,
porém negou ter orientado pagamentos no
exterior a João Santana e Mônica Moura. Preso desde setembro de 2016 - e
mostrando na aparência a fadiga e a corrosão do cárcere - Palocci disse ao juiz
Moro: "Posso dar um caminho que vai lhe dar mais um ano de trabalho, que
faz bem ao Brasil."
(
Fonte: O
Globo )
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