domingo, 23 de abril de 2017

Colcha de Retalhos E 13

                                 

Eleição francesa

           A pesquisa de boca de urna confirma, por ora, as previsões veiculadas pelos principais organismos de estimativa de resultados.
            A verificar-se a exatidão de tais pesquisas, os dois favoritos deverão ir para o segundo turno, i.e., Emmanuel Macron, do Centro Democrático, e Marine Le Pen, do Front Nationale, que,   respectivamente,  têm  23,7%  e 21,7%, das preferências.
             Se se confirmar a boca-de-urna,  Macron  e Le Pen irão para o turno decisivo, a sete de maio p.f.
             É de notar-se que os grandes partidos franceses - entre eles, o Socialista e o Gaulista, não estarão representados na rodada final, o que é indicação significativa do atual desprestígio dos principais agremiações políticas.
              Por outro lado, diante da vitória de Macron, os dois grandes partidos franceses - o socialista e o gaulista - resolveram apoiar o candidato do Centro. Como ele pretende fortalecer Bruxelas, se vai abrindo para a União Européia um horizonte muito mais promissor. Reforçada, terá mais meios para resistir às tentativas oportunistas de países como o Reino Unido, o qual empurrado por um brexit com maioria inferior a 2% procurava posar como se estivesse em posição de vantagem.
                Vejamos agora em que o brexit inglês se redescobre sozinho, se a candidata a Thatcher - Theresa May - quando olhar em torno, e se der conta do próprio isolamento, continuará falando tão grosso. Se a jogada da eleição antecipada der chabu, não se poderá descontar que a May de repente veja somente a acompanhá-la o Ukip, o ridículo minipartido independentista...


Queda do Emprego


             Segundo a imprensa, tanto a recessão quanto a Operação Lava Jato tiveram forte impacto no emprego. Levantamento feito pelo Estadão em dez das maiores empresas envolvidas no escândalo mostra que o corte chega a quase seiscentas mil vagas entre 2013 e 2016. Não foram computados os postos indiretos eliminados no período.
              Para a Petrobrás - que, diga-se de passagem, foi a principal vítima do chamado Petrolão, isto é, a farra de propinas pagas aos diversos diretores partidários, com o PT à frente - também contribuiu para a debâcle a queda nas cotações em dólardo barril de petróleo.
               Ainda no setor do emprego, há que registrar o quanto as grandes firmas construtoras foram afetadas pela crise no setor público. Houve retração nas obras de infraestrutura, e também considerável redução na demanda por imóveis.  


Lições da Venezuela


             Muita coisa de interessante no artigo hodierno de Eliane Cantanhêde.
             É forçoso concordar que há muitas diferenças entre a situação da Venezuela e a nossa.
              Tampouco é verdade que a tragédia venezuelana seja precipuamente resultado de Hugo Chávez. Igualmente não procede que Chávez fosse um boçal, e que a aproximação do Brasil com Caracas tenha começado com Lula e o PT.
               Por sua vez é verdade que a Venezuela de antes e de Chávez deleitava-se com a monocultura do ouro negro, cujos recursos usava perdulariamente (subvencionando Cuba,criando uma mini OEA chavista, e distribuindo muitos dos dólares das royalties do petróleo para países com governos esquerdizantes como a Nicarágua).
               Tampouco Chávez e muito menos seu sucessor cuidaram de livrar o ente petrolífero das garras da corrupção.  Além disso, apesar do petróleo venezuelano estar entre os melhores do mundo, o Presidente Chávez não aperfeiçou a máquina do ente estatal, afundando na corrupção e na negligência, com a consequente queda na sua capacidade produtora.
               Assim, o viver perdulariamente que o artigo da Cantanhêde oportunamente frisa, além de continuar, o Governo chavista (tanto Chávez, quanto o seu inepto sucessor) jamais refletiu acerca de transformar a monocultura do petróleo em fundo para o futuro, de modo a diversificar o parque industrial da Venezuela e proceder a uma real redistribuição de renda.
                 Dessarte, enquanto Chávez pecou pela húbris (chegou a enviar malas de dinheiro para financiar governos sul-americanos a ele simpáticos - quem já esqueceu  a tal mala enviada a Cristina Kirchner, estufada de dinheiro?), não cuidou de alterar a situação do parque industrial de seu país.
                 Por certo, foram tais deficiências que condenaram a Venezuela a cair na situação em que ora se encontra. Mas essa é outra estória...


(Fontes: Estado de S. Paulo,Eliane Cantanhêde; The New York Times, O Globo (on-line))




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