terça-feira, 11 de abril de 2017

Luta pela democracia na Venezuela

                              
       A oposição voltou às ruas, na sua quinta jornada de protesto contra o governo de Nicolás Maduro. Durante os últimos dez dias, no ritmo de uma manifestação cada dois dias,  grande parte do povo venezuelano, que apóia a democracia, confrontou Nicolás Maduro, sua ditadura e a própria incompetência.
        Traindo a violência dos meganhas, 57 pessoas ficaram feridas no confronto, inclusive dois jornalistas e a deputada opositora Delsa Solórzano.
         Por terceira vez, os manifestantes tentaram acercar-se da sede da chamada Defensoria do Povo.  Lá estava, no entanto, a Guarda Nacional, que para dispersar a multidão recorreu ao gás lacrimogêneo e a balas de borracha.
          As bombas com o gás foram lançadas pelos agentes nas ruas, de prédios e até de um helicóptero.
           Apesar da tática da dispersão, empregada pela polícia, parte dos manifestantes logrou chegar até à autoestrada. Surgiram encapuzados, que montaram barricadas.
            Em Maracaibo, a segunda maior cidade do país, centenas de opositores foram impedidos de invadir a sede do governo de Zulia. Esse estado tem como governador o chavista Francisco Árias Cárdenas.
             Lançada a partir de 30 de março, a onda de manifestações respondeu com força aos desmandos do governo. A repressão da democracia chegara ao cúmulo no dia trinta de março, quando o governo de  Maduro tentara esvaziar a Assembléia e a própria Oposição, recorrendo ao chamado Tribunal Supremo, que é dominado pelo chavismo. Rasgando qualquer fantasia democrática, o Tribunal, titere de Maduro, determinou  o fim da imunidade parlamentar e a retirada do poder de legislar da Assembléia Nacional.
             Esse golpe de Maduro fez com que a imagem do governo ficasse  ainda mais desmoralizada.  Nada mais poderia mostrar não só o espírito democrático do regime, senão o próprio desrespeito pela assembléia. Ao invés de achincalhar o legislativo,  a ação de Maduro mostrou a extensão da ditadura e o afastamento de qualquer resquício de respeito pela assembleia e pelo Povo venezuelanos. Ao tentar desmoralizar as forças democráticas, o regime chavista mostra no que se transformou a república venezuelana.
              Inepto, violento e corrupto, esse governo, que se sustenta no narcotráfrico e na escrachada corrupção, se viu obrigado a recuar, em curto espaço de tempo,  diante da enorme reação da opinião pública das Américas, e o levante dos partidários da democracia.
              Em menos de três dias, o regime Maduro recuou desordenadamente. No entanto, os tripúdios à oposição e à grande maioria do Povo continuaram. Em outro cínico atentado, a Controladoria-Geral cassou por quinze anos os direitos políticos de Henrique Capriles, que fora candidato presidencial por mais de uma vez.
              Se os principais partidos da oposição respeitarão a Semana Santa, abstendo-se de realizar protestos, já o chavismo fará a sua passeata para lembrar os quinze anos da tentativa de golpe contra Hugo Chávez.
             Na sua visita a Brasília, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, voltou a defender a suspensão da Venezuela: "É absolutamente fundamental que essa alteração da ordem constitucional seja revertida e o país redemocratizado".
            Por sua vez, para o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, caberia ao governo chavista resolver a crise : "É fundamental insistirmos na urgência da confirmação do calendário eleitoral, o respeito à prerrogativa da Assembléia e a liberação dos presos políticos."

( Fonte: Folha de S. Paulo )  

       

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