A
oposição voltou às ruas, na sua quinta jornada de protesto contra o governo de
Nicolás Maduro. Durante os últimos dez dias, no ritmo de uma manifestação cada
dois dias, grande parte do povo
venezuelano, que apóia a democracia, confrontou Nicolás Maduro, sua ditadura e a própria incompetência.
Traindo a violência dos meganhas, 57
pessoas ficaram feridas no confronto, inclusive dois jornalistas e a deputada
opositora Delsa Solórzano.
Por terceira vez, os manifestantes
tentaram acercar-se da sede da chamada Defensoria do Povo. Lá estava, no entanto, a Guarda Nacional, que
para dispersar a multidão recorreu ao gás lacrimogêneo e a balas de borracha.
As bombas com o gás foram lançadas pelos
agentes nas ruas, de prédios e até de um helicóptero.
Apesar da tática da dispersão, empregada
pela polícia, parte dos manifestantes logrou chegar até à autoestrada. Surgiram
encapuzados, que montaram barricadas.
Em Maracaibo, a segunda maior
cidade do país, centenas de opositores foram impedidos de invadir a sede do governo
de Zulia. Esse estado tem como governador o chavista Francisco Árias Cárdenas.
Lançada a partir de 30 de março, a onda de
manifestações respondeu com força aos desmandos do governo. A repressão da
democracia chegara ao cúmulo no dia trinta de março, quando o governo de Maduro tentara esvaziar a Assembléia e a
própria Oposição, recorrendo ao chamado Tribunal Supremo, que é dominado pelo
chavismo. Rasgando qualquer fantasia democrática, o Tribunal, titere de Maduro,
determinou o fim da imunidade parlamentar e a retirada do
poder de legislar da Assembléia Nacional.
Esse golpe de Maduro fez com que a
imagem do governo ficasse ainda mais
desmoralizada. Nada mais poderia mostrar
não só o espírito democrático do regime, senão o próprio desrespeito pela
assembléia. Ao invés de achincalhar o legislativo, a ação de Maduro mostrou a extensão da
ditadura e o afastamento de qualquer resquício de respeito pela assembleia e
pelo Povo venezuelanos. Ao tentar desmoralizar as forças democráticas, o regime chavista
mostra no que se transformou a república venezuelana.
Inepto, violento e corrupto, esse
governo, que se sustenta no narcotráfrico e na escrachada corrupção, se viu obrigado a recuar, em curto espaço de tempo,
diante da enorme reação da opinião pública das Américas, e o levante dos
partidários da democracia.
Em menos de três dias, o regime
Maduro recuou desordenadamente. No entanto, os tripúdios à oposição e à grande
maioria do Povo continuaram. Em outro cínico atentado, a Controladoria-Geral
cassou por quinze anos os
direitos políticos de Henrique Capriles, que fora candidato presidencial por
mais de uma vez.
Se os principais partidos da
oposição respeitarão a Semana Santa, abstendo-se de realizar protestos, já o
chavismo fará a sua passeata para lembrar os quinze anos da tentativa de golpe
contra Hugo Chávez.
Na sua visita a Brasília, o
secretário-geral da OEA, Luis Almagro, voltou a defender a suspensão da
Venezuela: "É absolutamente fundamental que essa alteração da ordem
constitucional seja revertida e o país redemocratizado".
Por sua vez, para o Ministro das
Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, caberia ao governo
chavista resolver a crise : "É fundamental insistirmos na urgência da
confirmação do calendário eleitoral, o respeito à prerrogativa da Assembléia e
a liberação dos presos políticos."
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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