sábado, 15 de abril de 2017

O Brasil da Capa Raspada

                                     
       Faz muito tempo que a revista VEJA não publica capa tão veraz e que tão bem reflete o que hoje sentem os brasileiros.
       Meio apagados os símbolos nacionais, envergonhados pela malta dos políticos, nessa republiqueta onde troneja o dinheiro da Odebrecht, nesse triste contubérnio com a súcia da politicalha no Brasil.
      Haverá políticos honestos, nesta lista tão grande que, sequer anunciada, fechou para balanço o grande salão da Câmara dos Deputados?
      E já corre por aí o aliviado suspiro de que o Supremo não tem estrutura para enquadrar e julgar toda essa imensa, desavergonhada lista, com a previsão de que haverá muitos que escaparão das contas com a Justiça.
      Há pessoas que sugerem o que fez o Ministro Joaquim Barbosa, enquanto relator do Mensalão. Dividiu em grupões os suspeitos, mas infelizmente não pôde terminar o próprio trabalho, acossado que foi por um conjunto de circunstâncias que algum dia talvez possa revelar para o Povo brasileiro.
       Não é que este não saiba distinguir entre o bom e o mau. Mas, por vezes, a espera é demasiado lenta.
       O Encarregado da Lava-Jato é um bom Juiz.  Conseguirá acabar com a república dos corruptos, daqueles todos que com a cara deslavada vem a público declarar a própria inocência, todos eles desfiando palavras rituais, em geral sopradas por seus causídicos, pensando que tudo vá ficar como dantes, no quartel de Abrantes?
       O dedo do jovem Odebrecht, que não mais se flexiona, aponta para maços e maços da corrupção incorporada.  O riso malicioso do velho Odebrecht preside sobre a malta, e tem por ela o apreço que os cúmplices têm por toda essa gente que vê de bom grado ser manipulada.
        É de recordar-se momento mais penoso e vergonhoso que, acaso, tenham atravessado os brasileiros? Em todos os poderes acontecem coisas muito estranhas, começando quiçá devagar por súbitas monocráticas liberações, e depois avançando por infindo pântano, que de cinema parece, eis que, se não condena aqueles que nele adentram - e são tantos! - parece que tem gosto em perseguir e manchar, a toda essa gente que, com a cara limpa, faz proclamar pelos arautos da modernidade - jornais, mídia, facebook, e o mais - aquelas palavrinhas sopradas por enfronhados causídicos - a sequer piscar, enquanto pronunciam as frases rituais, em que ninguém crê, a começar pelos próprios.
         Enquanto no Brasil tudo puder ser fatiado, inclusive a letra da Constituição, o que o Povo soberano pode esperar de todo esse afã?
         Sair às ruas - como em 2013 e 2015 - por esses imensos Brasis, para levantar bem alto os poucos nomes em que confia, e para que essa página não mais seja virada em vão.
          Basta de vozes roufenhas, que são sempre traídas pelos próprios lugares-tenente, a quem ritualmente fazem pagar pela sua e deles funda desonestidade.
          Será que o Povo soberano não pode passar a limpo esse imenso Brasil, votado à grandeza por uma Justiça vendada?
          Vamos acabar com os privilégios, inclusive os de foro. Os representantes do Povo trabalharão os dias úteis da semana, como todos os brasileiros,  não mais terão limousines, choferes nem residências palacianas, acabemos com a farra das passagens aéreas pagas!
           E que sejam banidos para sempre da política aqueles envolvidos na podridão da Odebrecht e das demais empreiteiras corruptas.




(Fontes: VEJA,  O Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo)           

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