O Partido
Socialista que por anos a fio manteve presença dominante na República Francesa,
mostra pelo melancólico fim da presidência de François Hollande que não só as más escolhas, mas também a
própria mediocridade podem prejudicar bastante a progressão de um partido
político.
Às vésperas do primeiro turno da
eleição presidencial, há dois candidatos - um até há pouco desconhecido, e a sua contraparte, demasiado conhecida -
que, segundo as pesquisas de opinião, semelham ter mais possibilidades de ir
para a liça decisória.
Desde muito, que um candidato
centrista não tem a chance que hoje empolga Emmanuel Macron. Diz
muito da ascensão desse jovem de 39 anos a circunstância de que a tenha
empolgado, não por posturas radicais, mas por um pleito que motiva ativistas
jovens e nem tanto, e que defende... a França e a União Européia, o que em
tempos de brexit e de oportunismos
despudorados se ajusta bastante ao eleitor francês.
Por enquanto, a principal
antagonista de Macron é Marine Le Pen,
da notória Frente Nacional. A França
no século passado tem uma velha relação com a direita - l'Action Française, de Charles Maurras, nos anos trinta. Não é de
hoje que a extrema direita - um fenômeno que começa na França dos anos trinta
do século passado, por força das condições do entre-guerras, o desemprego e a
velha queda de uma parte do eleitorado gaulês pelas propostas simplistas (e por
vezes desastrosas dessa direita), a que se filia hoje a filha de Le Pen (o pai,
pela inépcia do ingênuo Lionel Jospin,
então primeiro-ministro socialista, que popularizara a esquerda plural para o primeiro turno. O resultado foi cruel para
Jospin, eis que abriu, por vez primeira a porta do segundo turno para a direita
fascistóide de Le Pen (pai da candidata atual). O então presidente, o gaullista
Jacques Chirac não teria dificuldade
em jantá-lo no segundo turno...
Para que se tenha ideia do desastre
que acarretaria a vitória da candidata do Front
National (ultra-direita), Marine Le Pen quer imitar Theresa May com um brexit francês. Se a ligação da velha
Albion com Bruxelas tenha sido sempre mais de conveniência do que de paixão, já
para os franceses, o que surge desde a
Comunidade do Carvão e do Aço na caminhada, a princípio econômica, e mais tarde
política - e mesmo visceral - pela união continental européia, é a participação
maiúscula da França através de líderes como o próprio de Charles de Gaulle,
que, não sem razão preconizava a aliança-união com a Alemanha Ocidental de Konrad
Adenauer. Não se pode esquecer, de
resto, que a famosa conferência do general barrando o Reino Unido de associar-se
com a CEE (Comunidade Econômica Européia) não só respondia a uma idiossincrasia
do velho líder francês, mas também devida a experiência pessoal, quando alimentara
no exílio na Inglaterra de Winston Churchill o seu fundo ressentimento com a
morgue (arrogância) do estamento inglês.
Voltando ao primeiro turno, há
ainda dois candidatos, François Fillon, conservador (direita),e Benoît Hamon,
do PS (partido socialista), ambos tidos com poucas perspectivas, o primeiro por
estar envolvido em corrupção, e o segundo pela atual crise no Partido
Socialista.
(
Fontes: Folha de S. Paulo, O Globo )
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