O comportamento de Donald Trump
enquanto presidente deve surpreender o corpo eleitoral que o elegeu? Ainda não
se conhecem as piruetas russas - pelo menos integralmente - que lhe tornaram a
vitória possível.
Mas muitos inimigos de sua rival
Hillary Clinton nela vibraram fortes golpes, que de acordo com a própria
candidata democrata foram suficientes para lhe inviabilizarem o projeto de
vencer as eleições.
O mais marcante terão sido as suspeitas
sobre ela lançadas por ocasião da votação antecipada - que é prática de longa data - no que tange ao
tópico do servidor privado de seu computador, que dera motivo a que o Diretor
do FBI, Mr James Comey, levantasse dúvidas quanto ao que se encontraria no
computador de Anthony Weiner, o ex-marido de Huma Abedin, ex-secretária
principal da Secretária de Estado, Hillary Clinton.
Assim como as caravanas que seguem
no deserto, indiferentes ao latido dos cães, o processo eleitoral continuaria
sem que aparecesse algo que validasse qualquer acusação contra Hillary. Nada
saíu dos computadores, nem daquele de sua secretária Huma, nem do próprio do ex-marido Anthony Weiner, que
poderia incluir materia relativa à Hillary.
Malgrado as pontuais advertências
do zeloso Mr Comey, nada se concretizou enquanto a material que
incriminasse a candidata. Tudo passou desapercebido,
exceto, é claro, as ditas advertências do zeloso diretor do FBI, que terão
assustado muitos prováveis eleitores da democrata, como ela não deixou de
sublinhar.
Mas houve outras advertências que,
embora merecedoras de crédito, passaram em branca nuvem. Havia muitos pontos obscuros no passado de
Trump: o seu não-pagamento de imposto de renda, as suas relações com o
presidente russo, Vladimir Putin, o seu comportamento com relação às mulheres e
as suas opiniões sobre o belo sexo.
Hoje o New York Times publica uma
espécie de decálogo das convicções de Mr Trump e da rapidez com que delas se
separa.
Há um aspecto nas
características de Mr Donald Trump que mereceria maior atenção. A facilidade
com que pode envolver-se em questões em que o passado mostra terem observado os
seus predecessores maior cuidado.
Quero referir-me à facilidade
com que adentrou querela com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un (nascido
provavelmente em 8 de janeiro de 1983). Apesar do temperamento mercurial do
homem forte da Coréia do Norte, Trump entrou numa desabrida discussão com ele.
Adotou comportamento por inteiro diverso daquele de seus antecessores, que nunca
se deixaram envolver num equivalente de discussão de vizinhos, com recíprocas
ameaças.
Trump não dá a impressão de saber servir-se
da vantagem inerente aos chefes de estado, que é a de preservar-se nos debates
e nas querelas.
A vizinha China se terá reservado a
opção de preocupar-se e de inquietar-se com o resultado daquela briga, entre o
Presidente da Superpotência e o desabrido Kim Jong-un, que faz o gênero de
ditador de opereta, embora disponha de armamento nuclear.
Qual é o destino da presidência
Trump? Já mal cumpridos os primeiros meses de sua presença na ponte de comando,
há fundadas apreensões sobre a evolução de sua presidência. A 'solução' para os
compromissos assumidos por ele adotada não infunde muita confiança em que
poderá manter o apoio de setores importantes de sociedade se continuar o
presidente a adotar - como a descreve o jornal New York Times - a "traição" como a solução prática para
compromissos assumidos, uma vez confirmada a relativa inviabilidade de pô-los
em prática.
Ora, que um chefe de governo
venha a assumir tal linha de conduta equivaleria a condenar-se a virtual
isolamento político, o que em termos práticos só pode ter uma solução. A
confiabilidade tende a ser o principal asset
(ativo) de uma carreira política. Ora, se a autoridade não a tem, como pode ela
estruturar acordos políticos se lhe falta a tinta da confiança na sua caneta?
( Fonte: The New York Times
)
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