domingo, 16 de abril de 2017

O que fazer da presidência Trump?

                           
         O comportamento de Donald Trump enquanto presidente deve surpreender o corpo eleitoral que o elegeu? Ainda não se conhecem as piruetas russas - pelo menos integralmente - que lhe tornaram a vitória possível.
          Mas muitos inimigos de sua rival Hillary Clinton nela vibraram fortes golpes, que de acordo com a própria candidata democrata foram suficientes para lhe inviabilizarem o projeto de vencer as eleições.
           O mais marcante terão sido as suspeitas sobre ela lançadas por ocasião da votação antecipada -  que é prática de longa data - no que tange ao tópico do servidor privado de seu computador, que dera motivo a que o Diretor do FBI, Mr James Comey, levantasse dúvidas quanto ao que se encontraria no computador de Anthony Weiner, o ex-marido de Huma Abedin, ex-secretária principal da Secretária de Estado, Hillary Clinton.
           Assim como as caravanas que seguem no deserto, indiferentes ao latido dos cães, o processo eleitoral continuaria sem que aparecesse algo que validasse qualquer acusação contra Hillary. Nada saíu dos computadores, nem daquele de sua secretária Huma, nem do  próprio do ex-marido Anthony Weiner, que poderia incluir materia relativa à Hillary.
            Malgrado as pontuais advertências do zeloso Mr Comey, nada se concretizou enquanto a material que incriminasse  a candidata. Tudo passou desapercebido, exceto, é claro, as ditas advertências do zeloso diretor do FBI, que terão assustado muitos prováveis eleitores da democrata, como ela não deixou de sublinhar.
             Mas houve outras advertências que, embora merecedoras de crédito, passaram em branca nuvem.  Havia muitos pontos obscuros no passado de Trump: o seu não-pagamento de imposto de renda, as suas relações com o presidente russo, Vladimir Putin, o seu comportamento com relação às mulheres e as suas opiniões  sobre o belo sexo.
              Hoje o New York Times publica uma espécie de decálogo das convicções de Mr Trump e da rapidez com que delas se separa.
               Há um aspecto nas características de Mr Donald Trump que mereceria maior atenção. A facilidade com que pode envolver-se em questões em que o passado mostra terem observado os seus predecessores maior cuidado.
                Quero referir-me à facilidade com que adentrou querela com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un (nascido provavelmente em 8 de janeiro de 1983). Apesar do temperamento mercurial do homem forte da Coréia do Norte, Trump entrou numa desabrida discussão com ele. Adotou comportamento por inteiro diverso daquele de seus antecessores, que nunca se deixaram envolver num equivalente de discussão de vizinhos, com recíprocas ameaças.
                Trump não dá a impressão de saber servir-se da vantagem inerente aos chefes de estado, que é a de preservar-se nos debates e nas querelas.
                A vizinha China se terá reservado a opção de preocupar-se e de inquietar-se com o resultado daquela briga, entre o Presidente da Superpotência e o desabrido Kim Jong-un, que faz o gênero de ditador de opereta, embora disponha de armamento nuclear.
                Qual é o destino da presidência Trump? Já mal cumpridos os primeiros meses de sua presença na ponte de comando, há fundadas apreensões sobre a evolução de sua presidência. A 'solução' para os compromissos assumidos por ele adotada não infunde muita confiança em que poderá manter o apoio de setores importantes de sociedade se continuar o presidente a adotar - como a descreve o jornal New York Times - a "traição" como a solução prática para compromissos assumidos, uma vez confirmada a relativa inviabilidade de pô-los em prática.
                  Ora, que um chefe de governo venha a assumir tal linha de conduta equivaleria a condenar-se a virtual isolamento político, o que em termos práticos só pode ter uma solução. A confiabilidade tende a ser o principal asset (ativo) de uma carreira política. Ora, se a autoridade não a tem, como pode ela estruturar acordos políticos se lhe falta a tinta da confiança na sua caneta?


( Fonte: The New York Times )

Nenhum comentário: