No passado, antes do aparecimento da
penicilina e de sua coorte de medicamentos, havia grande temor da chamada festering wound, que era vista, em
termos médicos, como signo de péssimo agouro para o paciente.
No presente, pergunto-me onde estavam
as autoridades das grandes potências, que permitiram que o segredo nuclear
viajasse para os páramos da Coréia do Norte, e de tal maneira, a ponto de
tornar críveis recorrentes crises entre Pyongyang e Washington, passando por
Seul?
No entretempo, os serviços
competentes dos Estados Unidos e de Beijing permitiram que o segredo atômico
viajasse tanto - dizem que a partir do Paquistão - a ponto de tornar-se arma
para ameaçar não só ao Japão e a Coréia do Sul, mas também aos próprios Estados
Unidos.
Que um desastre nuclear esteja ao
alcance de países como aquele governado por Kim Jong-un, me parece decerto
consternador, e por conseguinte merecedor da maior atenção.
Há muitos responsáveis pela existência
e durabilidade de uma tal situação. Todos os países que são chamados a intervir
nas crises originárias desse pequeno Estado nuclear terão alguma
responsabilidade no que tange ao magno problema de que armamento suscetível de
inviabilizar a vida como conhecemos no Planeta Terra possa ser acionado numa
crise acaso desencadeada pelo hierarca de turno em Pyongyang.
Que isto seja pensável como um
cenário com alguma credibilidade, já constitui pesada acusação contra todos os
protagonistas desse recorrente drama. Como responderão, notadamente Beijing e
Washington, e no passado, incluindo Moscou, se e quando perguntados acerca de o
que fizeram para proteger não só os próprios países, mas também no que respeita
a medidas apropriadas para controlar tal situação no que tange aos vizinhos
não-nucleares, e aos demais habitantes do Planeta Terra?
Agora, o quadro se complica um
pouco mais, pois começa a mexer no tabuleiro um estranho no ninho, ao cabo dessa
estranhíssima eleição que catapultou Donald John Trump para a Casa Branca.
A legião dos desencantados com Mr
Trump ganhou há pouco um novo participante - que através de hackers e de outros incongruentes
aliados, pensara haver adquirido muito crédito no armazém de Trump.
E isto me faz lembrar a velha
frase, que ouvi no Alvorada, que não há nada de seguro no subdesenvolvimento.[1]
Trocando em miúdos, Trump adentrou
a Casa Branca com o voto dos insatisfeitos, seja com o fato do estar
desempregado a perder de vista, seja do amigo do Kremlin (que pensou ter várias promissórias por ele subscritas), e
a despeito da mulher-candidata, com ficha invejável, mas, infelizmente, se
preferida da maioria, mas não do cômputo do sufrágio indireto - que é o que ainda vale -, nunca
esquecendo o precioso aporte dos republicanos, notadamente as vazias, mas
pontuais advertências quanto ao misterioso uso de um terminal particular de
computador.
Reza o saber popular que quem
pariu um monstro, que o embale. Mas se a turma da vez for incapaz ou - o que dá
no mesmo - temerária, como é que fica?
(Fonte:
The New York Times: "A China adverte quanto às Nuvens de
Tempestade no enfrentamento (Standoff) de
Estados Unidos e Coreia do Norte"
)
[1]
Com o passar do tempo, não mais limito subdesenvolvimento a questões
econômicas. A História, esta Senhora tão
rica em exemplos - muitos deles deprimentes - não mais me parece tão estrita
quanto aos eventuais efeitos.
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