segunda-feira, 3 de abril de 2017

Crise da ética no Brasil ?

                    

         A pergunta não é apenas acadêmica, pois a ameaça contra as posições éticas é real, e não só pelas contingências a que se deseja submeter os juízes, promotores e defensores jurídicos cuja escopo principal é o de aplicar a lei.
          Nesse sentido - e a questão já foi objeto do blog - o Senador Roberto Requião (PMDB/PR) leu o relatório respectivo na CCJ e ignorou as mudanças pretendidas pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, mantendo os pontos apresentados pelo Senador Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado.
          A preocupação do Ministério Público é válida, pois um ataque como esse deseja tolher a magistratura.  A proposta provocou polêmica ao tornar mais rigorosas as penas para o assim chamado "abuso de autoridade", prevendo punições até para "crimes de interpretação". O texto abre brecha para, por exemplo, um juiz de primeira instância vir a ser punido posterior-mente caso  condene um réu que, depois, é absolvido  em uma instância superior.
          O Ministro Gilmar Mendes, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além de ser membro do STF, foi convidado mas não pode participar, por viajar para São Paulo, em outra agenda. Assinale-se, contudo, que no final de 2016, ao lado do juiz Sérgio Moro, Gilmar defendeu naquela oportunidade a aprovação do projeto de abuso de autoridade.Muitos foram os chamados para a audiência de amanhã, como o ex-Ministro do STF Joaquim Barbosa (hoje exerce a advocacia), e o diretor-geral da Polícia Federal,  Leandro Daiello    .
            Assinale-se que, também o Procurador-Geral da República, Mozart Janot, volta hoje, às 14hs. ao Congresso para participar de audiência pública sobre o projeto de abuso de autoridade.
            Nesse contexto, é oportuno lembrar que também o instituto do desacato - de que a autoridade tanto policial, quanto judicial se servem amiúde, muita vez com fins pouco recomendáveis, eis que é um instrumento pouco democrático e, em geral, utilizado pela autoridade pro domo sua. Não é por outra razão que a Corte Internacional de Direitos Humanos em San José, na Costa Rica desde muito recomenda a sua abrogação.    
                 

( Fonte:  O  Globo )

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