O Senador Bernie Sanders, democrata do
Vermont, acredita que Donald Trump não ganhou a eleição, e sim que Hillary
Clinton conseguiu perdê-la.
Como se sabe, Sanders fez uma grande pré-campanha,
colocando quase até o final a possibilidade de que lograria vencer a favorita
do partido para a nomination. A sua concorrência permaneceu quase até a
Califórnia, quando o seu apoio desmoronou. Talvez essa postura tenha
enfraquecido um tanto Hillary, prejudicando-lhe
o final de campanha.
Pela idade, o senador do Vermont não
parece ter muitas possibilidades, mesmo diante de um enfraquecido Trump, dentro
de o que se espera de Administração desastrosa neste quadriênio. O mais provável, por conseguinte, é que surja
uma forte oposição ao 45º presidente dentro do GOP - se a sua atuação continuar
na presente linha, com a queda de sua popularidade (hoje Trump dispõe de 40% de
apoio, o que para um presidente recém-empossado já é inaudito), é mais do que
possível que encontre na convenção republicana uma contestação de peso.
Para o veteraníssimo Sanders, o que
ele deseja é que a sua 'algoz' democrata venha a ser castigada daqui a quatro
anos. Daí, essa estranha teoria de que a candidata Hillary tenha
"perdido" a eleição, mais do que a surpresa Trump haja ganho.
Não se pode negar que Mr Sanders é político
ardiloso, e fervilham na sua mente inúmeras ideias. Tudo isso corresponde a uma
preocupação maior: entre todos os adversários, além daquele da idade, o que
mais lhe incomodaria seria a recondução de Hillary Clinton, e não só pela
circunstância de batê-lo ao cabo por vitória clara e difícil de esconder
debaixo de um saco de desculpas de ocasião.
Pois na verdade Mr Bernie Sanders
semelha esquecido de um particular. Não foi Hillary quem perdeu. Além da
campanha das mentiras na internet,
todos os seus inimigos se serviram à tripa forra do famigerado caso do servidor
particular do computador da Secretária de Estado.
Na longa história da democracia
americana dificilmente terá havido issue
(questão) mais fajuta e artificial do que a desse servidor privado do
computador (do Departamento de Estado). À custa dela, o diretor do FBI, James
Comey, teve a audácia de no período final da pré-eleição 'distinguir' Hillary em três oportunidades: no seu depoimento ao
Congresso, quando tratou a candidata democrata com desenvoltura próxima da
grosseria (censurando de forma ríspida a sua alegada maneira desleixada de lidar com o computador) e, em mais duas outras,
enquanto se acercava a temível fase terminal das eleições. Pois não é que
contra todas as regras ele enviou carta aos líderes do Congresso em que se
reportava ao tema, de forma a provocar nos democratas várias manifestações de
desagrado. A última, no entanto, ultrapassaria todas as demais, eis que Comey,
contra todas as regras do Departamento de Justiça a que está submetido, levantou
estranhas suspeitas contra a candidata, a ponto de que ela viesse a declarar
que o republicano (pois Obama, com o seu ramo de oliveira, escolhera um membro
do GOP para o FBI) havia sido determinante para prejudicar-lhe no chamado período da
votação antecipada e, por conseguinte, para derrotá-la por suspeitas totalmente
infundadas.
Mais tarde se saberia que outras personalidades
- e até o país de Vladimir Putin - se empenharam a fundo não
só em bagunçar-lhe a campanha (através do hacking
do Comitê Democrata) - além de todo o comovente empenho dos asseclas de Trump
em seus contatos com os dignitários russos em Washington.
Na triste eleição de Donald John
Trump - cuja capacidade para a administração e a alta política vem sendo
demonstrada, mas não da forma usual em se tratando de candidatos presidenciais
- nunca uma figura de sua estirpe ficou devendo a tantos ajudantes que por
série de circunstâncias não podem ter celebradas as respectivas ações e eventuais méritos com a forma desenvolta e
pública que é em geral reservada a tais atores.
( Fontes: The New York Times,
The New York Review )
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