Todas as
administrações republicanas se caracterizam pela redução nos impostos, em geral
visando a favorecer as faixas mais altas de renda.
Tal característica pode ser um lugar comum nos presidentes
republicanos. Os cortes costumam ser generosos, ainda que à custa do Tesouro
americano. Também acompanha as rituais "bondades" a promessa de
que não se aumentará o déficit do Tesouro.
Sendo partido de ricos, a iniciativa de Donald Trump não surpreende, e
tampouco merece críticas mais severas da imprensa. Como presidente do Grand Old Party, outra coisa não se esperava do bilionário
Trump. George W. Bush, o último mandatário
eleito pertencente ao Partido
Republicano, também viera com o seu programa de 'bondades' aos extratos mais afluentes, com cortes substanciais que, na época,
tiveram efeitos desastrosos sobre a economia americana.
Por enquanto, não há críticas
mais pesadas ao projeto presidencial. O próprio Times que costuma ser bastante crítico
no que tange a esta Administração, faz apresentação não vincada pelo
negativismo. Sem embargo, e a despeito das promessas do mandatário que o
deficit federal não será atingido, outra é a impressão dos técnicos na matéria.
A
questão mais importante a ser resolvida é como evitar que os cortes maciços
propostos por Trump venham a ter efeito
desastroso, com a eventual explosão do
déficit federal.
O
ritual nessa matéria também prevê as generosas promessas do novo presidente de
cortar os impostos dos ricos (republicanos não costumam pensar muito na
situação financeira dos estratos menos aquinhoados, que de resto não votam no partido do elefante...)
Para a Casa Branca, o crescimento da economia - acionado pelo mágico
corte de impostos - cobriria as despesas suplementares, que podem subir em
até sete trilhões de dólares no aumento
do déficit no prazo de uma década.
Previsivelmente, a acolhida a esse
plano de gastança não despertou muito entusiasmo nos especialistas.
Os prognósticos dos expertos no ramo tampouco cairam na conversa de quem já se intitulou como "Rei da Dívida".
A dívida federal deverá crescer segundo o respeitado
"Departamento do Congresso para o Orçamento" cerca de dez
trilhões no curso da próxima década. Em 2027, o déficit orçamentário pode atingir um trilhão e quatrocentos bilhões
de dólares, ou 5% da economia americana.
Se as previsões do Departamento do Congresso americano já estiveram fora do compasso, há uma
persistente discussão se os cortes nos
impostos são realmente eficazes. Por sua vez, outros contrapõem que cortes mais
baixos tampouco garantem o desejado
crescimento.
De qualquer forma, a
discussão sobre o projeto e como será
implementado dependerá muito provavelmente de acordo bi-partidário. Se os
cortes podem aumentar o déficit, o GOP
vai precisar do apoio democrata para aprová-lo, eis que a legislação prevê maioria
de sessenta senadores para sancioná-lo, o que só será possivel com o apoio
bi-partidário.
Depois de arrostar os
ataques da oposição republicana, voltada para que mantivessem austeridade nas
despesas, os democratas agora respondem ironicamente
aos novos planos da
Administração do GOP. Assim se expressou Alan B. Krueger, o economista de
Princeton, que presidiu o Conselho de Assessores econômicos de Barack Obama:
"Eu não serei o primeiro a observar que um Congresso Republicano só se
importa com o déficit quando há um democrata na Casa Branca".
( Fonte: The New York Times )
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