De
uns tempos para cá, as novas acusações contra Lula da Silva levaram o PT a
incluir em suas análises internas do cenário político e discussões sobre
estratégia a concreta possibilidade de o líder do PT ser condenado em 2ª
instância pela Operação Lava-Jato. Com isso, Lula se veria impedido de disputar
a eleição de 2018.
Embalados pelas primeiras prévias para 2018, nas quais pela amnésia
nacional de boa parte do eleitorado Lula já passara a liderar as pesquisas para
a eleição presidencial, no fundo do
quadro pairava a possibilidade de que ulteriores revelações tornassem possível
condenação em segunda instância, o que afastaria Lula de qualquer candidatura, por força da
Lei da Ficha Limpa.
Como diz o artigo de Ricardo Galhardo, no
Estadão "a reação do PT às novas
denúncias é reforçar o empenho na defesa de Lula tanto nas ruas, quanto nas
redes sociais. Ninguém no partido ousa questionar ou cobrar explicações. Lula é
visto no PT como alvo de perseguição da
Lava Jato e vítima de campanha para impedir sua candidatura em 2018, Mas
com a divulgação da chamada Lista do Fachin e a delação do empreiteiro José
Aldemário Pinheiro Filho, o Léo
Pinheiro, da OAS, a possibilidade de condenação de Lula da Silva, antes
vista como remota, se tornou mais provável.
Dessarte, líderes petistas
avaliam que mesmo que as novas acusações não venham a ser corroboradas com
provas materiais, elas engrossam o caldo das chamadas "provas indiciárias",
que poderiam sustentar pelo volume um pedido de condenação de Lula com base na
teoria do domínio do fato - que é
doutrina jurídica alemã que foi adotada pelo Ministro Joaquim Barbosa, relator
da Ação Penal 470 (Mensalão), e que foi adotada pela maioria do Supremo
Tribunal Federal, para condenar José
Dirceu à prisão.
Lula é objeto de seis pedidos de abertura de inquéritos enviados pelo
Ministro Edson Fachin, Relator da
Lava-Jato no STF, à primeira instância
da Justiça Federal, com base nas delações
da Odebrecht.
Na semana passada, Léo Pinheiro disse, em depoimento ao Juiz Sérgio
Moro, que Lula pediu a destruição de provas e seria o verdadeiro dono do
tríplex no Guarujá, que está em nome da OAS. Além disso, o ex-presidente é réu
em outros cinco processos saídos da Lava Jato e seus desdobramentos. Como se sabe, se ele for condenado em
segunda instância, o petista ficará impedido de disputar eleições.
Embora a ordem seja sair em defesa de Lula, no PT já se fala
em cenário no qual ele seria um grande cabo eleitoral transferindo votos para outro candidato. Dentro desse discurso
de ajustamento à realidade, ele transferiria votos para outro candidato.
Especulam-se até nomes para ocupar a vice de Ciro Gomes (PDT). Fernando Haddad
é o mais citado.
Para o PT, o conteúdo da lista de
Fachin e a delação de Leo Pinheiro não afetariam o eleitorado cativo do PT, mas
afastam eleitores que estavam se convencendo a votar em Lula por causa das políticas impopulares
do governo de Michel Temer. A par disso, dificultam o discurso da militância em
defesa de Lula.
As saídas seriam a mobilização
popular em defesa do petista e a consequente criação de uma narrativa favorável
a Lula. É contando com isso que o ex-presidente pediria ao juiz Moro que o depoimento marcado para o próximo dia
dez de maio, em Curitiba, seja transmitido ao vivo. Lula está convencido de que
vai "engolir" o juiz Sérgio Moro devido à falta de provas sobre o
apartamento no Guarujá.
Nessa matéria do Estadão, há
alguns 'se' que necessariamente
condicionam qual será a realidade no julgamento de Lula. Dificilmente a magistratura concordaria com a transmissão
ao vivo do julgamento, mas isto é matéria a ser avaliada pelo poder judicante,
dentro dos parâmetros legais.
Por fim, o articulista frisa
que "quase nenhum petista ouvido pelo Estado concordou em falar sobre o
assunto sem pedir anonimato". No entanto, o ex-prefeito de Porto Alegre,
Raul Pont, integrante do Diretório Nacional do PT, Lula é alvo de um processo
"tão tendencioso que não resta outro caminho que não a solidariedade e a
defesa." Segundo Raul Pont "provas estão sendo adequadas
para se ajustar ao crime".
Sem embargo, de acordo com o
articulista, Pont avalia que a difusão maciça das acusações causaram "um
estrago no PT, na opinião pública". "O ódio, isso foi
alcançado", disse ele, que admite a possibilidade de Lula não ser
candidato. "Se Lula for impedido vamos ter que transformá-lo em um grande
eleitor."
(
Fonte: O
Estado de S. Paulo )
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