quinta-feira, 31 de maio de 2018

Arkadi Babchenko


                                                 
        
           Ontem, o blog  se ocupou do senhor acima, que exerce a arriscada atividade de desafeto de Vladimir Putin. Agora, cumpre completar a estória, que não me pareceu então suficientemente articulada,  sobretudo  na cena da 'morte' de Babchenko na entrada de sua atual residência em Kiev.
           O chefe do serviço de segurança da Ucrânia, Vasili Gritsak, informou que a agência encenara a morte de Babchenko justamente para capturar suspeitos que planejariam realmente matá-lo. Segundo Gritsak, os detetives localizaram um cidadão ucraniano que teria recebido  US$ 40 mil do serviço de segurança russo para planejar o assassinato. Assim,  o tal indivíduo teria contratado uma segunda pessoa para fazer o "serviço".
            Ao tomar conhecimento da falsa morte de Babchenko, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia afirmou estar "feliz" com a notícia de que Babchenko estivesse vivo. Acrescentou que a história fora usada como "propaganda", dizendo que o caso constituía provocação anti-Rússia.
            A existência de Babchenko está recheada de imprevistos. Soldado, escritor, correspondente de guerra e jornalista opositor de Vladimir Putin - decerto a mais arriscada de suas ocupações.
             Ficou conhecido pelos seus despachos nas duas guerras da Tchetchênia, de que participara como soldado convocado na primeira, e como voluntário, na segunda.  Depois de seu desengajamento como soldado, e com diploma de direito internacional  passou a atuar como correspondente de guerra para os meios de comunicação russos. Cobriu o conflito com a Geórgia em 2008, e o levante da praça Maidan, em Kiev (2013/14), e a guerra com os chamados separatistas pro-Rússia, na Ucrânia oriental.
                 Babchenko foi uma das vozes  que denunciaram o Kremlin como fomentador dos rebeldes,  o que Moscou, ainda que pro-forma,sempre negou.   Por esse tempo, escapou uma vez mais da morte:  um general ucraniano impediu que Babchenko  embarcasse em um helicóptero em princípios da guerra contra os chamados "separatistas" no leste. O helicóptero foi derrubado e catorze pessoas morreram.  "Fui sortudo", disse ele.
                   Devido às ameaças, Babchenko  fugiu da Rússia em 2017. A princípio, esteve na República Tcheca. Depois, instalou-se em Israel e mais tarde se transferiu para Kiev, assim como outros desafetos de Putin.   Babchenko  afirma ter recebido "milhares" de ameaças.  Quando lhe chegou aos ouvidos que estava de novo na lista, armou a própria morte com ajuda do serviço secreto ucraniano.
                   "Tive sorte de novo",  afirmou ontem.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )       

De novo, a Censura ?


                                               
            A verdade tem o vezo incômodo de reaparecer sempre, por mais que se deseje, por algum motivo, importante ou não, ocultá-la.  Pelo menos, é a impressão que transmite o brusco despacho do Ministro Ricardo Lewandowski ao pedido de O Estado de S. Paulo de que seja reconsiderada a decisão ou que o caso seja submetido à análise da Segunda Turma do Supremo.
             Essa questão, entre outras coisas, concerne um dos primeiros tópicos de que se ocupou este blog, empenhado, como parece óbvio, em defesa da liberdade de expressão.  Nesse contexto, semelha oportuno ao blogueiro transcrever parte do artigo "Estado recorre de decisão de Lewandowski no caso Boi Barrica":
           "Ao recorrer da decisão do ministro, o Estado alega que a manutenção da censura afronta garantias e direitos assegurados pela Constituição Federal, como a livre manifestação e a liberdade de imprensa. Os advogados também ressaltam a "estranheza" com a "teratológica situação jurídica" a que se submete o jornal, que se acha impedido de divulgar informações de "irretorquível interesse" do País.  "A decisão do ministro Lewandowski significa prorrogar ainda mais esse Estado de censura que o Supremo tem condenado várias vezes. Tenho esperança de que o ministro revendo o assunto reconsidere a decisão que proferiu e mande processar o recurso extraordinário. São dois direitos conjugados: o direito da imprensa de prestar a informação e o direito da coletividade de recebê-los, disse o advogado do Grupo Estado Manuel Affonso Ferreira. "Espero que não tenhamos  que esperar mais oito anos e nove meses pela decisão a ser tomada", afirmou Affonso Ferreira, em referência ao período de censura imposto ao Estado, que completa hoje 3.166 dias. A censura se reporta à publicação de gravações no âmbito da Operação Boi Barrica que sugerem ligações do então Presidente do Senado, José Sarney, com a contratação de parentes e afilhados políticos por meio de atos secretos."

( Fonte:  O  Estado de S. Paulo )       

O que significa a paralisação dos Caminhoneiros?


                          
          Segundo o Datafolha, o apoio maciço da opinião pública à paralisação dos caminhoneiros  evoca não só o alto grau de impopularidade do Governo federal.
          Dessarte, o percentual dos que se colocam favoráveis à greve alcança níveis ainda mais elevados do que a reprovação a Michel Temer (MDB).  Nesse contexto, atinge índice equivalente à aprovação  das manifestações de junho de 2013 (81%).
         Segundo a análise, um dado que ilustra bem a posição dos brasileiros sobre a matéria, é a quase unanimidade dos entrevistados (96%) alertar para a demora do presidente em atender às reivindicações da categoria que, por sua capilaridade, mostrou-se essencial para a dinâmica cotidiana do país.
        Não é à toa que o movimento que começou com suspeitas de natureza mercadológica e comercial, ao ser tratado como greve de trabalhadores, acabe despertando, para surpresa inclusive de seus líderes, bandeiras tanto à direita quanto à esquerda do espectro político.
         Eram frequentes, nas concentrações nas estradas, tantos os pedidos de "Fora Temer", mantra da esquerda desde o impeachment de Dilma Rousseff (PT) quanto o apelo por intervenção militar no país, fetiche da extrema direita.
         Para ilustrar essas tendências, a pesquisa Datafolha realizada em abril último mostra que os partidos políticos, junto com o Congresso Nacional e a Presidência da República, são as instituições de menor confiança junto aos brasileiros atualmente.
         No topo do ranking, com 43% de credibilidade estão as Forças Armadas, seguidas de longe pelo Ministério Público, o Poder Judiciário e a Imprensa (21% cada). Em todos os estratos socioeconômicos e demográficos, os favoráveis ao movimento ultrapassam os 75%.  Mas nada garante, por motivos óbvios, que, se a paralisação continuasse, a população manteria o apoio.

( Fonte: Folha de S. Paulo )

A greve e os Jornalões


            

         Os jornalões dão as cifras para a paralisação, que a seu ver agoniza. A maior violência resultou de confronto entre caminhoneiros. Em Rondônia, em atrito entre motoristas, José Batistella, de setenta anos, morreu, atingido na cabeça por pedra atirada contra o próprio caminhão.
         Já na Régis Bittencourt, em São Paulo, caminhão tombou após ter sido atingido por pedra. Por sua vez, na Anhanguera, equipe de reportagem da EPTV São Carlos, afiliada da TV Globo, foi agredida, em Leme (SP)
        Por outro lado, se a paralisação agoniza, deixa rastro de perdas que devem chegar a 75 bi. Além disso, compromete o PIB, estimula greves e gera inflação.
       Na operação para desobstruir vias, atuaram cerca de seiscentos militares, armados de fuzis e metralhadoras. 
       Ontem, quarta-feira, 30 de maio, o Ministro do Supremo Alexandre de Moraes ordenou que 96 transportadoras paguem em quinze dias R$ 141,4 milhões, em multas por não liberarem estradas.
        Em óbvia tentativa de aproveitar o movimento grevista, repontou intento oportunista em unidades da Petrobrás. Desrespeitando liminar do Tribunal Superior do Trabalho, petroleiros iniciaram paralisações no início da madrugada de 4a. feira, dia trinta.
        Para o TST, a mobilização é política e sequer tem pauta de reivindicações.  Por outro lado, a categoria aprovou a greve em protesto contra o plano de venda de ativos da estatal e pede a demissão do presidente da Companhia,  Pedro Parente. 
       Na terça 29, Petrobrás e AGU (Advocacia-Geral da União)  foram ao TST pedir liminar para impedir a mobilização. A juíza Maria de Assis Calsing determinou multa para os sindicatos que impedissem o livre trânsito de pessoas às instalações da estatal.
       Com a desmobilização dos caminhoneiros, os sindicatos ligados à Petrobrás perderam importante apoio.  A categoria diz que a paralisação atual é uma advertência à estatal e ameaçam greve por tempo indeterminado.

( Fontes: Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo )

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Esquema para enganar o Kremlin ?


                                            
          O crítico contumaz do Kremlin e correspondente de guerra Arkady Babchenko apareceu vivo, em entrevista à imprensa em Kiev, na Ucrânia, um dia depois, de haver sido dado por morto pela mídia.
         Na realidade, divulgada pela CNN, é uma estória de difícil credibilidade.  Agora Babchenko pede desculpas a sua mulher por havê-la feito parte da suposta encenação de seu assassínio.

         A motivação dessa encenação por parte do correspondente de guerra Babchenko, que tem 41 anos de idade, e estaria recebendo ameaças de morte pela sua cobertura negativa do envolvimento russo na guerra da Síria e, em especial, por suas acerbas críticas à presença russa no conflito sírio, notadamente o apoio dado ao ditador  Bashar al-Assad pelo regime russo.
             
           Essa tentativa de cobertura do repórter  Arkady Babchenko não parece muito bem contada.  Talvez uma análise mais detida ajude a entender melhor essa estória.

( Fonte: CNN )

terça-feira, 29 de maio de 2018

Política italiana: novas eleições?


                                            

         Como já referido, o Presidente italiano recusou-se a aprovar o novo gabinete formado pela Liga (extrema direita) e o Movimento Cinco Estrelas (Giuseppe Conte, como Primeiro Ministro e Paolo Savona, como Ministro das Finanças ).
         A indicação de Paolo Savona fora demasiado para Mattarella, eis que, no entender do presidente, isso poderia - ao nomear alguém contrário à União Europeia para o ministério das Finanças - pôr  em situação de risco as famílias italianas e  sua poupança.
          Com efeito, Signor Savona  poderia querer deixar o Euro, mas isso não estava nos planos do eleitor italiano. Também Mattarella julgou irrealista o contrato de governo com programa acima de cem bilhões de euros, inclusive imposto de 20% e renda garantida para cada cidadão.  Em suma, o tal programa não iria funcionar e com muita probabilidade seria um desastre com a União Europeia.
           Os líderes da coalizão  podem chamar a decisão do Presidente Mattarella como "o fim da democracia na Itália", mas na verdade o Presidente da República não se afastou de seus poderes constitucionais.
            Diante do malogro da aliança da Liga com o Movimento 5 Estrelas, o Presidente Mattarella  convidou Carlo Cottarelli (economista e ex-diretor do FMI)  para formar gabinete provisório, e preparar a Itália para novas eleições, possivelmente em setembro.
            A tarefa de Cottarelli não será decerto fácil. No papel, Liga e 5 Estrelas tem maioria nas duas Casas do Parlamento. Contudo, os prognósticos não tendem a considerar que esses dois partidos continuem unidos.  Dessarte, quando as novas eleições forem convocadas - possivelmente em setembro -  elas serão regidas por uma lei que é considerada superior à atual.
            O Partido Democrata é havido, por ora, como uma força sem perspectivas,  dada a condição de seu líder Matteo Renzi. Por outro lado, a Força Itália, o partido de Berlusconi  pode ser inserido em nova formação ministerial.
            Além disso, é pouco provável que dois partidos com ideologias tão diversas, quanto o Cinco Estrelas e a Liga (esta de extrema direita) continuem unidos em  coalizão que era simplesmente oportunista e ditada pelo resultado das eleições.
            Sem embargo, se antes já era difícil fazer prognósticos de gabinetes nos tempos da D.C., dos Socialistas, e dos Sociais Democratas, além de outros partidos menores,  hoje essa dificuldade tende a aumentar,  pela peculiaridade da política italiana que faz transcender por vezes a lógica partidária, como foi o caso da coalizão entre Liga (extrema direita) e Movimento Cinco Estrelas.

( Fontes:  The New York Times, O  Globo )

A crise dos caminhoneiros


                                                       

         Foi muito importante que antes de escrever mais um artigo sobre a crise que o Brasil está vivendo, tivesse presente que ela não surgiu do nada, nem de azar que veio visitar o pobre Michel Temer, que não mereceria tanta maldade.
         Além do velho dito de que 'fantasma sabe para quem aparece', o chamado "azar" de governante muita vez tende a diluir-se, se porventura contextualizado.
         Hoje, vinte e nove de maio, José Casado comparece com a matéria "O custo da embromação". O seguinte verbete, colocado junto ao artigo, em O Globo, já nos faz sentir de forma abrangente o drama: "Dilma, Temer e o Congresso foram avisados várias vezes nos últimos 42 meses sobre os riscos de paralisação do país. Ninguém se mexeu. Deu nisso que está aí ".       
        Qualquer pessoa com um mínimo de juízo, terá percebido que o relógio afinal parou. Sobrou para o Temer, que, como se vê, não é marinheiro de primeira viagem.
        Há vários provérbios que ensinam que não adianta chorar sobre o leite derramado.
         Com todo esse arsenal da sabedoria popular, e a despeito de tudo, estamos nós de Pindorama um tanto  mal parados.
          Se agora é fácil pontificar sobre as vantagens de resolver um problema antes que estoure (e tenda a tornar-se ou intratável, ou de tratamento bem mais complexo), tampouco é difícil entender que políticos tenham horror de enfrentar um problema como esse, pelas dificuldades que vai apresentar depois que 'nasceu'  e se mostre, por conseguinte, com todas as próprias incômodas arestas.
          Se infelizmente para o Presidente Temer, os fados ocorreram dessa forma e sobrou para ele, não é mais hora de empurrá-lo para outrem.
          A única solução possível será resolvê-lo de forma consentânea, e que o modus faciendi não arruíne nem o Brasil, nem a Petrobrás, por motivos suficientemente claros que qualquer político com experiência possa entender.
           Em outras palavras, formada a crise, não é mais hora de empurrar o problema para outrem. Os políticos brasileiros são doutores no jogo de empurra.
           Mas o Brasil - como demonstra José Casado - já pagou um preço bastante alto pelo problema. É hora de resolver a questão de uma vez, e não de encontrar maneiras de  uma vez mais transferi-lo para outros colos.

( Fonte:  O Globo, artigo de José Casado )

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Decadência do Vasco da Gama ?


                                            

       Tenho para mim que a decadência do Clube de Regatas Vasco da Gama  acentuou-se nos anos finais do século XX. Ao contrário de outros times cariocas - e o primeiro que me vem à lembrança é o tradicional rival do time da Colina - o CRVG sofreu por um longo período sob a direção de Eurico Miranda, um senhor que se diz vascaíno, mas cujas atitudes são de molde a que sejamos forçados a duvidar da pujança desse sentimento.
        Atualmente, depois da chamada questão da urna eleitoral, a direção pode estar em outras mãos, porém tenho minhas sinceras dúvidas quanto a uma real mudança de atitude quanto à orientação da atual presidência do clube.
        Provocou revolta na torcida, não só a rapidez, mas a falta de qualquer transparência no episódio  - que vem constituindo uma triste, melancólica tradição no Vasco da Gama - em que o novel presidente do clube, Alexandre Campello, de uma forma para lá de estranha, incompreensível mesmo, se desvencilhou do seu melhor valor, ao cabo de venda que chocou a torcida, tanto pela respectiva celeridade, quanto pela falta de qualquer debate ou análise dentro do clube sobre esta compulsão da direção de um clube de livrar-se tão logo quanto possível do seu melhor (e mais promissor ) valor, como se o Vasco tenha de conformar-se com a circunstância de ser um time no limite, sempre ameaçado - e faz tempo que isso ocorre - em cair para a Segundona, pela falta de qualidade técnica de boa parte de seu conjunto.   
          Não é de hoje que a orientação de Eurico Miranda e de sua turma - como a do atual Senhor Campello - é a de desvencilhar-se dos eventuais valores que crescem em São Januário.  Creio que a expressão mais correta seria compulsão -  o chefe da diretoria quer livrar-se logo do principal valor que apareça em condições de ser mandado para fora de São Januário e o mais rapido que for possível, em termos de ser vendido - na verdade, a palavra é outra, despachado para a Europa muito antes que se tenha firmado o respectivo valor, mas já na fase em que os olheiros reconhecem a potencialidade de um futuro craque.  Como o jogador é vendido cedo, na prática queimado em cotação muito abaixo da que recolheria se fosse posto no mercado mais tarde, quando já estivesse formado o craque e a respectiva qualidade no campo, em termos de valor.
          Quantos jogadores saíram do CRVG como simples promessas, vendido em geral às pressas, como se temessem a pressão da torcida, aquela que se verificou no último jogador vendido em tais condições, como simples projeto, e que provocou, creio eu por primeira vez, a revolta da torcida, por essa posição que pode ter uma dupla interpretação,  ou um jovem valor que recém desponta é logo queimado pela direção que deseja vendê-lo  para o mercado europeu por cotação ainda baixa em respeito à sua potencialidade, mas que já esteja nos parâmetros da direção, de modo que a perda para o plantel do clube possa ser mascarada de uma certa forma.
             Como definiríamos essa atitude senão a de uma direção de clube de segunda ordem, de timinho, que não tem qualquer ambição com relação à grandeza do próprio clube, e que dá a impressão de cuidar unicamente de seus próprios interesses, através de transações a que falta a transparência que caberia no caso. Pode ser até que as direções clubísticas não tenham esse sentimento, mas então porque tanta pressa em desfazer-se de alguém que pinta como um grande valor? Pois o que estranha no Vasco da Gama de hoje é a compulsão da diretoria - e isso se deve, sobretudo, ao prisma inserido no clube pelo que muitos consideram seu grande benemérito Eurico Miranda - de digamos livrar-se o mais rápido do craque em potencial, repassando-o para algum team europeu. Se não é por motivos venais,  fica difícil entender que sejam tão burros a correr desse jeito para vender logo o grande valor potencial.
             Para que essa síndrome de timinho, como se viu na venda às carreiras de mais um valor saído da incubadeira do clube,  com tal pressa que só pode despertar a revolta da torcida?
             Pois essa torcida, se tal prática de vender, ou talvez melhor, torrar o grande valor potencial sem maior tardança, como se o clube deva ter o destino de uma agremiação pequena e que não possa ter em suas fileiras um grande valor, um grande craque, como estávamos nós os torcedores da velha guarda vascaína habituados no passado.
             Qual será o modelo que essa turma se prefigura? Que dizer São Cristóvão? não, não é piada, porque o velho São Cristóvão e quem não terá passado perto do seu antigo campo, na área da Central do Brasil? E, no entanto, acreditem, não o salvou o Rum Creosotado, como dizia o velho anúncio na rádio, mas a sua conquista, no ano da independência, do Campeonato Carioca!
             E de minha parte, quando entrei, ainda bastante jovem, para a torcida vascaína,  foi nos tempos de Flávio Costa, como técnico, e naquela época o CRVG, além de ser a base da seleção canarinho, ganharia invicto o campeonato carioca (naqueles anos, em  termos de futebol, só havia para valer Rio e São Paulo).
             Vejam qual foi o resultado da política de vendas da nova direção. Gostaria de saber  o que o novo presidente  Campello está achando da equipe. Como está vendo o time, outra vez caindo para a rabeira do Campeonato Nacional ?
             Viramos fregueses agora do futebol baiano?                                      (a continuar)
 

Itália: Crise de Governo


                                     

          Talvez a indicação pelo Premier Giuseppe Conte de Paolo Savona, um eurocético, como Ministro das Finanças, tenha sido o passo em falso, que forçou o Presidente Mattarella a afastá-lo, dentro de seu papel constitucional.
          Há também gente que especula sobre os "embelezamentos" acadêmicos no curriculum vitae do Primeiro Ministro Conte, mas tudo leva a crer que a primeira hipótese seja a mais provável.
          Tanto a Liga, quanto o Movimento Cinco Estrelas estão indignados contra Mattarella, embora este esteja dentro de seu papel constitucional, e por isso os dois partidos majoritários se vêem, em fim de contas, forçados a engolir a intervenção do Presidente da República.
           De qualquer forma, nada está assegurado quanto ao próximo prémier.  Mattarella indicou Carlo Cottarelle como sua escolha para  presidente do Conselho,  mas semelha pouco provável  que os dois partidos majoritários no Parlamento venham a aceitá-lo.
           Por outro lado, Salvini,  chefe da Liga (extrema direita) já fez saber que em hipótese alguma aceitaria a Berlusconi como solução de compromisso...
           De qualquer maneira,  os ânimos parecem mais esquentados que de hábito no Parlamento italiano.

( Fonte: CNN )

A Podridão, segundo delação de Léo Pinheiro


                        
        O Globo de hoje tem matéria importante, com "Sinal Verde para Delação" do empresário Léo inheiro. O ex-presidente da OAS, preso em Curitiba desde setembro de 2016, por fim obteve o aval da Procuradoria-Geral da República e está fechando os últimos detalhes de sua proposta.

         Havido o sinal verde da PGR Raquel Dodge, os temas e as minúcias jurídicas do acordo estão sendo acertados com a Lava-Jato em Curitiba. Por ora, a delação inclui 60 anexos: 14 políticos do MDB, PSDB, PT, PP e DEM, propinas em obras feitas pela empreiteira em onze estados brasileiros e operações ilícitas em cinco países da América Latina, além de repasses de caixa dois para campanhas eleitorais.

         Dentre os delatados: está o pré-candidato ao governo do Rio, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que terá recebido repasses via caixa-2 para a campanha à prefeitura em 2012. Pinheiro também relata pagamento de propina ao ex-secretário de Obras de Paes, Alexandre Pinto, preso desde janeiro, pela Lava-Jato no Rio, e a integrantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Segundo o executivo, tanto o ex-secretário municipal, quanto integrantes do TCE cobravam um percentual sobre contratos de obras, entre elas, o corredor de ônibus BRT-Transcarioca e do programa Asfalto Liso, executado por Odebrecht e OAS e que previa recuperação de 700 km de vias da cidade. Também foi citada a obra do governo do Estado do teleférico do Morro da Providência, hoje parada. Nesse sentido, Pinheiro frisa que todas as construções executadas pela OAS no Rio, estiveram vinculadas a pagamentos de propinas ou Caixa 2

       Desde que as denúncias da operação Lava-Jato no Rio vieram a público, Pinto e os integrantes do TCE também tem negado relação com o recebimento de propinas. No entanto, o ex-presidente do tribunal, Jonas Lopes de Carvalho tornou-se delator e confirmou os esquemas dentro da corte relacionados às obras públicas no estado. Oito ex-funcionários da empresa que trabalhavam no setor já assinaram acordos  de delação com a PGR,  que aguardam homologação do relator da Lava-Jato no Supremo, o ministro Edson Fachin. Esse grupo entregou documentos e registros da área que mostram pagamentos de caixa-dois e propina de 2010 a novembro de 2014, quando Pinheiro foi preso por primeira vez. Ele está detido, por segunda vez,desde SET/2016, e já foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
          Os relatos e documentos dos delatores da área da propina da empresa corroboraram a delação de Pinheiro. O escopo dos assuntos que farão parte do acordo, porém, ainda não foi totalmente fechado. Um dos temas que ainda está na mesa - mas que permanecem indecisos, são acusações envolvendo ministros de Tribunais superiores.

        Resta como principal entrave para que Léo Pinheiro por fim assine o seu acordo foi a tentativa de incluir os irmãos Cesar Mata Pires Filho e Antônio Carlos Mata Pires, acionistas majoritários da OAS, como delatores. A PGR e a força tarefa, porém, não aceitaram, e as tratativas evoluíram apenas com Pinheiro. Atualmente, o empreiteiro e sua família vivem de uma espécie de mesada paga pelos irmãos Mata Pires que gira em torno de R$ 500 mil mensais.

( Fonte: O  Globo )

Nas fotos, a Verdade


                                         

       A primeira página de O Globo diz mais do que muitas declarações e discursos. Quando o Governo cede, não o faz em abstrato. Ele está cedendo o direito ao abastecimento da comunidade, e o faz não em proveito de todos, mas atendendo a reivindicações de segmentos de caminhoneiros, que se prevalecem de uma distribuição desde muito descurada.
        E como dizia acima, a foto não mente. Prevalecendo-se de uma situação de constrangimento ilegal, um preposto grevista confere manifesto de carga, para verificar o destino de entrega do combustível.
        Enquanto o motorista aguarda, diante da autoridade de fato, essa revisa o documento, como se para tanto dispusesse do direito.
        O Governo Temer errou - e errou feio - ao pensar que 'resolveria' a situação  se transigisse com quem descumpre a ordem estabelecida pela lei. Não será através de remendos e de emplastos que se consertará o que está errado.
         A Greve - e se agregarmos o Locaute, pior ainda -  não resolverá o problema. E mais ainda, transigir com os grevistas, sem qualquer negociação.
         A força do Governo está em ser instrumento de situação estabelecida pela Lei. Se ele a desconhecer, e partir para soluções de "remendo", como foram até agora as supostas intervenções do Estado, ele está, e de forma bastante clara, reconhecendo a autoridade de uma greve ilegal, e que vai em contra aos direitos de toda a Comunidade Nacional.
        Não será através de band-aids e esparadrapos, que se há de consertar esta situação. 
         Se a solução da crise não pode passar pela Petrobrás, como foi a orientação do governo anterior, tampouco se pode discutir a solução de situação porventura errônea em termos de uma comunidade em detrimento da Nação.
          Não é o momento de pôr o carro adiante dos bois, nem de fazer reformas sob a coação de um movimento grevista.
          Se os preços estão defasados, e setores estão em desvantagem,  que se regularize tão pronto quanto possível a situação.
           Mas tal jamais poderá ser feito com a faca na garganta, nem com remendos, como os recomendados pelo Governo Temer.  
            Não vamos despir uma parte - no caso a Petrobrás - para vestir outra. Como já foi dito, não será com remendos desse gênero, que se resolverá a situação.
              Como na foto do jornal, vamos colocar as pessoas no seu lugar.  Lugar de operário não é o de revisar conhecimentos, nem de autorizar  trânsito de caminhão. E por trás  do encarregado da carga, que vem alguém, investido pela força e não pelo direito, revisar-lhe os documentos,  vamos cuidar de pôr ordem nesse galinheiro.
              Se o governo não deve ceder por ceder,  porque a autoridade do Estado não deve agir por imposição de quem quer que seja, e sim pela autoridade que lhe foi investida, e que cuida de proteger  o Estado e a quem ela deve cuidar em primeiro lugar, i.e., o Povo brasileiro, e a mais ninguém.
               O governo Temer errou - e errou feio - em transigir sob a chantagem dos grevistas.
               Um governo governa para cuidar das questões e problemas de toda uma comunidade. Por isso, não pode desconhecer  locautes (que são ilegais),  nem admitir que a ilegalidade prevaleça.
                É mais do que tempo de pôr ordem nesse galinheiro.  E não será transigindo com a ilegalidade - nem permitindo que órgão público, como a Petrobrás, venha a bancar essa festa - que se há de resolver tal problema.  
                Presidente Temer - com grevista, e a fortiori em assunto de interesse de toda a comunidade nacional -  não se deve, como princípio, transigir.  Se o assunto é sério, e complexo, que se parta para a solução.  Pela sua posição, o senhor tem todas as condições de impor a Lei.
                  Mas não se esqueça que o Senhor age em função do direito de toda a comunidade nacional.  E que uma reforma ampla e abrangente, se justa e oportuna, será sempre melhor do que um remendo, por mais bonito que este pareça.
    
                   


domingo, 27 de maio de 2018

Macron e Putin tentam salvar pacto


                                   

         Os presidentes Emmanuel Macron, da França, e Vladimir Putin, da Rússia,  anunciaram ontem, em São Petersburgo, a intenção de lançar 'iniciativas comuns' para salvar o acordo nuclear com o Irã, e obter a paz na Síria e na Ucrânia.
          Ambos criticaram  a decisão de Donald Trump de cancelar a cúpula com a Coréia do Norte, o que poria em risco o esforço de desnuclearização da Península Coreana.
           Macron e Putin encontraram-se durante o Forum Econômico de São Petersburgo, que contou também com a participação do Primeiro Ministro do Japão, Shinzo Abe.
           A segunda reunião bilateral entre os dois desde 2017 - a primeira foi em Versailles - ocorreu em meio ao crescente isolacionismo americano, especialmente sobre o acordo nuclear iraniano.
            Nos bastidores, Putin considera Macron com o atual líder das democracias ocidentais, enquanto Macron vê o russo como o líder da "Europa iliberal". Por isso, segundo diplomatas russos e franceses, ambos pretendem construir um diálogo para contornar o isolacionismo americano.
               Pouco antes do encontro, Macron e Putin haviam recebido a informação sobre o cancelamento da cúpula entre Trump e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un. Ambos criticaram a suspensão do encontro. "A Rússia lamenta a decisão (americana). Nós contávamos que seria o início da desnuclearização da Península Coreana", afirmou Putin, que defende o ditador norte-coreano.
                 Em sintonia com Putin, Macron pediu diálogo sobre o desmantelamento do programa nuclear da Coreia do Norte.  "Queremos que o processo de redução de tensão e a desnuclearização possam continuar, que a comunidade internacional possa desempenhar seu papel", afirmou o Presidente francês.
                 O tema de maior convergência entre os dois presidentes foi, no entanto, o Irã. "Desejo que o Irã continue plenamente engajado no acordo nuclear e não retome nenhuma atividade", disse Macron, satisfeito com as últimas informações transmitidas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), segundo a qual Teerã continua respeitando o tratado. "Temos a vontade comum de preservar o acordo, que me parece ser útil para a segurança regional", reiterou Macron.
                   Putin confirmou que o Kremlin também pretende fazer com que o acordo seja respeitado, mesmo após a retirada dos Estados Unidos.
              "Pessoalmente, eu assegurei (a  Macron) que o Irã está  cumprindo todas as suas obrigações" declarou o presidente russo. "Consideramos bem-vindos os esforços do Irã e da Europa para preservar esse acordo, embora acredite que seja missão muito difícil."  

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Foi mesmo míssil russo a abater avião da Malaysian...


                      

        A verdade pode tardar, mas costuma chegar sempre. Foi o que aconteceu com o voo da Malaysian Airlines, MH17,  abatido em voo, em julho de 2014, quando sobrevoava o leste da Ucrânia, cenário do conflito entre o exército ucraniano e os rebeldes separatistas pró-Rússia.
          O Vôo MH17 - que levava 298 pessoas a bordo, ía de Amsterdã, na Holanda, para Kuala Lumpur, na Malásia. A despeito das negativas do Ministério da Defesa da Rússia, e do próprio Putin na oportunidade, já em setembro de 2016,  o Ministério Público da Holanda já havia anunciado que o disparo do míssil tinha partido de bateria antiaérea instalada em área da Ucrânia, então sob o controle de tropas separatistas pró-Rússia. De acordo com as autoridades holandesas o modelo BUK foi transportado da Rússia para a Ucrânia no próprio dia do disparo.  Parecem, portanto, não subsistirem dúvidas de que o projétil pertenceria ao Exército russo, que tem uso exclusivo do equipamento.
           
(Fonte: O Estado de S. Paulo )

Greve dos Caminhoneiros


                                   

         A situação da greve continua fluida, segundo se depreende pela cobertura da tv Globo. Se a fraqueza do governo continua presente, há algum progresso em estados importantes, como em São Paulo, na rodovia Regis Bittencourt, cuja pista já está liberada para o tráfego. Há ainda caminhões no acostamento, mas inexiste qualquer obstáculo para a utilização dessa importante via de transporte.
          O comentarista Gerson Camarotti, do sistema Globo, também se manifestou sobre alguma melhora, mas a situação em Brasília tampouco está resolvida. Há grandes filas para tentar obter gasolina nos postos.  A espera é longa e a situação ainda está para o caótico.
          Por sua vez, ele definiu como de fraqueza a posição do governo, embora essa impressão tenda a mudar de estado para estado.  No Rio de Janeiro, o Governador Pezão  deu entrevista, e a impressão que se tem é que a situação dos reflexos da greve continua grave, mas a tal fluidez aqui também comparece.
           Há, por outro lado, impressão fluida quanto ao controle do governo federal sobre a situação.
            Até o presente, se em determinados  pontos do território nacional, a situação esteja grave, com as estradas bloqueadas, em outros, como em São Paulo, já se sente mais a presença do Estado, quanto à eventual normalização do acesso estradal, como assinalado na Régis Bittencourt.

( Fonte: TV Globo. )  

sábado, 26 de maio de 2018

Colcha de Retalhos F 28




Mais assentamentos para os colonos

        Continua o drama do povo palestino forçado a viver em condições sub-humanas em Gaza, com os resultados que bem conhecemos através da imprensa internacional. Agora o ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, anunciou a 25 do corrente que solicitará a aprovação de um plano para construir 2,5 mil casas em trinta colônias da Cisjordânia ocupada.
      "As 2,5 mil novas residências que vamos autorizar durante o comitê de plane- jamento na próxima semana serão construídas imediatamente em 2018", afirmou em comunicado.  Lieberman indicou que também solicitará a aprovação para a construção de 1,4 mil casas mais à frente. 
        A grande maioria da opinião pública mundial considera ilegal a construção de assentamentos israelenses no território que Israel  ocupou durante a chamada Guerra dos Seis Dias, em 1967.
        Tais assentamentos constituem autêntica  bomba relógio, diante da indiferença das principais potências, que nada fazem para deter essa criminosa e ilegal ocupação de largas áreas da margem ocidental do Jordão, de que Israel se apossou na chamada Guerra dos Seis Dias, em 1967.
        O governo conservador - a propósito, que conservam esses senhores, senão preparam um futuro negro para toda essa gente que vai sendo alojada nos bantustans, quando a ilegalidade de tais ocupações (todas colônias ilegais como estabelecem Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a seu tempo) - de Bibi Netanyahu que, pelo visto escapou por acontecimentos outros, do inquérito que lhe estava sendo movido pela Polícia de Israel...

Ataque aos depósitos de armas do Hezbollah na Síria

           Vários depósitos de armas do Hezbollah foram atacados por Israel, através de mísseis.
Segundo, a agência estatal síria Sana os mísseis foram disparados por Israel. A agência de Bashar confirmou que um dos aeroportos militares do país foi bombardeado, mas que os mísseis "foram interceptados" pela defesa antiaérea.
            Ainda segundo a estória da agência de Bashar al-Assad "houve explosões nas cercanias do aeroporto", mas o objetivo da "agressão" não foi atingido".


( Fonte: O Estado de S. Paulo)

Misérias na Venezuela


                                       

              Não espanta que no caos venezuelano, existam 70 militares presos por motivos políticos. Desses, quarenta foram detidos  no correr de 2018, segundo informa o diretor da ONG Foro Penal Venezuelano, Alfredo Romero o que indica uma cisão entre os militares.
               Para o vice-presidente do FPV, Gonzalo Himiob, o governo tem a obrigação de reconhecer que estão ocorrendo prisões e perseguições por motivos políticos.
                 Romero e Himiob também denunciaram a sistemática violação por parte do Estado chavista dos direitos dos militares, com a qual o chavismo estaria tentando  neutralizar qualquer posição contrária a do Governo de Nicolás Maduro.
                "Desde janeiro, há perseguição política focada em pessoas que estão dentro do mundo militar, ou são apontadas como ligadas aos militares. A intenção  é neutralizar qualquer posição dissidente dentro das Forças Armadas", disse Himiob.
                 O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, nega que existam fraturas dentro das Forças Armadas.
                  Lembram-se os mais antigos da cizânia que deveria ser combatida custe o que custar, como declaravam os corifeus das Forças Armadas, sobretudo no dia da comemoração da Revolução, tudo isso durante o período do regime militar no Brasil ?...

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

Greve dos caminhoneiros e o Lockout


                 

           Não se negocia com o caos. Assim, quando se anunciou na noite de 24 de maio um acordo com lideranças dos caminhoneiros, em greve desde a segunda 21, o governo Temer imaginou ter conseguido  desmobilizar o movimento.
           Nesse cenário, sexta-feira seria um dia de estradas sendo desbloqueadas e o abastecimento começando a regularizar-se. 
           Mas não foi o que aconteceu. De manhã (25), o número de pontos de bloqueio ainda cresceu. Com muitos líderes, e diversas orientações, o que se ouviu dos caminhoneiros parados nas estradas era que o acordo fechado com o governo não servia.
           O quadro do caos que encetou a formar-se no início da semana, se agrava. Em todo o país, postos de gasolina fecham, por falta de combustível. Sem conseguir rodar, ônibus ficam nas garagens. Como as cargas não são entregues, as fábricas fecham, por falta de insumos que não lhe são transportados.
           O arco do movimento se estende e se agrava. Os bens não sendo transportados, as fábricas sem insumos fecham. Medicamentos e alimentos principiam a faltar em farmácias, drogarias e supermercados. No fim da esteira, hospitais chegam a cancelar cirurgias.
          Até um certo momento, a visão do Governo é limitada, pois por falha dos serviços de informação, grandes empresas, contando faturar com o desastre, iniciam um lock-out (fechamento para fora),o que é ilegal.
           Ia-se colocando um magno desafio para o Governo Temer e as instituições da República, que se tornou muito maior do que o previsto a princípio. Grandes negócios entram na rota ariscada do lock-out  (fechamento de empresas pelos próprios empresários). Vários prenúncios vão aparecendo, mas somente mais tarde se confirma a aliança espúria entre grandes empresários e empresas de transporte.
            O quadro do caos - que aproveita ao movimento dos caminhoneiros -  se vai agravando. Assim, seja por pontuais paradas dos trabalhadores,  seja por determinações empresariais,  o caos no abastecimento cresce e por entranhar-se, se fortalece.
             Talvez em função do erro inicial - subestimar a amplitude do paro dos caminhoneiros e de entidades correlatas, além do próprio lock-out  das empresas que, como já foi dito é ilegal - o Governo Temer tarda em apelar às forças de segurança (inclusive Forças Armadas e polícias) para procederem ao imediato desbloqueamento das rodovias federais (e estaduais).
              O governo federal pediu igualmente a ajuda dos governadores. Com efeito,  o nó no transporte, ainda mais realizado por profissionais, cresceu demasiado, e terá contribuído para incrementar a gravidade na crise no abastecimento, o emprego inicial de medidas sem a ênfase e a força requeridas pela enorme extensão da rede rodoviária nacional.
                 Acuado, o Governo resolveu apelar sem mais hesitações às Forças de Segurança (Forças Armadas e Polícias federal e estaduais) para desbloquearem o criminoso enredamento das estradas e rodovias (tanto federais, quanto estaduais).
                 Por demasiado tempo, as instâncias federais subestimaram o poder dos caminhoneiros, e, sobretudo, a potencialidade de sua aliança com as grandes empresas, no recurso ao lock-out, que é inadmissível, sendo proibido pela legislação do país.
              Assim, a reação do Governo Temer se assinala a princípio pelas indecisões e as postergações, na esperança  de que o "bom senso" prevalecesse.  
                 Falhou, assim, no começo e nas primeiras reações, por subestimar, não só o adversário, senão a gravidade de o que estava em jogo. Por isso, demoraram bastante para desbloquear, com as forças federais e estaduais, as enormes traffic-jams, em verdade barreiras criminosas desenhadas por profissionais na matéria, para incrementar o agravamento do problema e os consequentes prejuízos na economia. Se está assim, no quanto pior, melhor. Essa tardança contribuí e como, para que a retenção se prolongue muito além do previsto, com as consequentes interrupções no abastecimento de víveres, remédios, e sobretudo de gasolina e querosene, que são os verdadeiros motores da economia moderna, máxime no Brasil.
                 Temos o feitio de aplicar medidas duras para resolver problemas tópicos, mas não de preparar planos de contingência para lidar contra o ilegal  lock-out de empresas, o que assim tornam inevitáveis os gigantescos engarrafamentos gigantes nas rodovias federais e estaduais.
                 É de verificar-se se as lições desta magna crise no abastecimento serão digeridas e articuladas em respostas pontuais no porvir - eis que as piores crises são aquelas ignotas, em termos de extensão de efeitos negativos no abastecimento das grande cidades.
                 Seria uma boa lição que as autoridades passassem a diversificar os meios de combater esses 'entupimentos' artificiais na economia. Entender um problema é já começar a resolvê-lo, porque como me dizia o meu chefe e bom amigo Miguel Ozorio de Almeida, só se vai a knock-out por um soco que não se sabe de onde saíu...

(Fontes: Estado de S. Paulo, O Globo, Folha de São Paulo, Embaixador Miguel Ozório)