Escolhido relator da denúncia do MP
contra o presidente Michel Temer pelo presidente da Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ), deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) anunciou a quatro do corrente
que o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) será o relator da denúncia do
Ministério Público contra o Presidente Michel Temer, por corrupção passiva.
A escolha não agradou ao Planalto.
Apesar de correligionário do presidente, Zveiter não é considerado pro-Temer, e
sim parlamentar independente.
Segundo afirmou um assessor
presidencial: "Ele é imprevisível, mas também alguém da área, e por isso
pode fazer uma análise justa."
Qualificado por aliados do presidente
como "muito qualificado" e de perfil técnico, interlocutores de Temer
fizeram questão de reforçar que Zveiter é do PMDB, ainda que não o relator dos
sonhos do presidente.
"Não era o nome mais alinhado, mas
estava mais ou menos desenhado que não seriam escolhidos os mais alinhados. Ele
é um advogado, técnico e tem bom conhecimento legal. Do ponto de vista técnico,
é muito qualificado para a função - disse alguém próximo a Temer.
Em entrevista coletiva, Zveiter disse
que não será pressionado.
A CCJ é a primeira etapa do processo
de aceitação ou rejeição da denúncia pela Câmara. Após esse passo, a denúncia ainda tem que ser
aceita no plenário por pelo menos 342 deputados (dois terços dos 513).
Há a expectativa de que outras duas
denúncias sejam apresentadas nas próximas semanas pelo Procurador-geral da
República, Rodrigo Janot. Para aliados de Temer, a primeira denúncia será
rejeitada e as outras seguirão o mesmo caminho.
Ao explicar a escolha de Zveiter para
a relatoria da denúncia, o presidente da Comissão, Rodrigo Pacheco, disse que
Zveiter tem notório conhecimento jurídico e é independente, critérios que havia
elencado para fazer sua escolha. Segundo ainda o Presidente, é a convicção que
tem de que Zveiter privilegiará a questão jurídica sobre a conveniência
política.
A princípio, o advogado Antonio
Claudio Mariz de Oliveira vai protocolar a defesa de Temer hoje. O Presidente da
CCJ disse que, a partir daí, a Comissão terá cinco sessões do plenário da
Câmara para se posicionar sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer
e explicou que o advogado de defesa
só falará depois de apresentado o
parecer do relator. Pacheco acredita que a CCJ
votará a denúncia no dia doze de julho, podendo estender-se até o dia
treze, a depender do prazo do pedido de vista. A votação em plenário dependerá,
por sua vez, do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas
parlamentares acreditam que ela poderá ficar para a semana do dia dezoito.
"O calendário é esse, de votar no
dia doze, mas poderá haver a necessidade de mais um dia. Mas o advogado só
poderá falar depois que o relator apresentar seu parecer. Todo o prazo da CCJ é de cinco sessões"
- disse Rodrigo Pacheco.
Por sua vez, da tropa de choque do
Presidente Temer, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS),disse que nada tem contra o
deputado Sérgio Zveiter.
"É uma grande escolha."
Na
oposição, houve discursos de elogio e outros de desconfiança.
"Ele foi eleito pelo PSD e indicado pelo Rodrigo Maia" - disse
Chico Alencar (PSOL-RJ),em tom de crítica.
A
par disso, um dos mais importantes aliados do governo e com cargos no primeiro
escalão, o PSDB deve desembarcar quase em bloco do governo, votando a favor da autorização da denúncia contra Michel
Temer na CCJ. De acordo com as contas da
bancada, dos sete integrantes do PSDB na
comissão, apenas um ou dois votarão contra a denúncia. Um voto certo pró-Temer
é o do deputado Paulo Abi-ackel (MG), que, durante as sessões da CCJ, sempre se
manifesta em defesa do governo.
O
líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Trípoli (SP), disse que houve
interesse de alguns membros de serem substituídos, mas que ele não trocará
ninguém.
"Não tem sentido fazer qualquer substituição na CCJ. O partido
escolheu seus integrantes lá atrás e estão todos fazendo um bom trabalho. Não
vejo sentido em trocar por conveniência. Cada um votará de acordo com sua
consciência", disse o líder
Trípoli.
(
Fonte: O Globo )
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