domingo, 16 de julho de 2017

O abuso do "simbólico"

                              

         Talvez, na ditadura venezuelana de Nicolás Maduro, haja um abuso do 'simbólico'.
          É o que se vê uma vez mais por conta dessa estranhíssima constituinte inconstitucional inventada pelo ditador.
          Posto em minoria na Assembleia venezuelana - diante da Oposição ficar em maioria - Maduro resolveu o problema à sua maneira: inventa a convocação de nova Constituinte.

           Escusado dizer que não há base constitucional, para mais esta empulhação made by Maduro. O escopo da insólita convocação pelo regime responde a objetivos bastante óbvios, ainda que inconfessáveis, porque na verdade não interessa ao ditador aferir a vontade do Povo Venezuelano. Esta já lhe é bastante clara, diante da situação catastrófica em que vive a gente venezuelana. Por isso, qualquer consulta, se honesta e abrangendo a população venezuelana, estará fadada a colher elementos e indicações assaz contrários no que tange àqueles partidos e pessoas que passam hoje por representantes do governo.
            Por isso, pobre de popularidade, parte o pertinaz Maduro para propósitos inconfessáveis, porque partem de premissas que não visam resolver a situação, mas sim criar prepóstero mecanismo para piorar ainda mais o quadro, posto que preservando a posição do governo.
            Trata-se, na verdade, de  arremedo de  Assembleia Constituinte. Pois tal modelo ignora a premissa básica  da Universalidade da Representação Constituinte. O monstrengo será construído à sombra de disposições que singularizem os setores de onde serão retirados os representantes da Constituinte dos Lumpen, refúgio do grupo de  Diosdado Cabello e gente da mesma estirpe. Da universalidade da representação constituinte, nem falar.  Só mesmo no torpe quadro da atual ditadura venezuelana, pensar-se possa em inventar essa Constituinte dos Lumpen, ´
            
              Deste modo, ainda que inconstitucionalmente,  se determinam circunscrições feitas consoante o molde de "eleger" o maior número possível de adeptos do chavismo. É "modelo" que lembra aquele do gerrymander, atualmente assaz popular em terra americana, como os leitores da minha coluna já verificaram. É ao gerrymander que a antes sisuda Câmara de Representantes deve a 'circunstância' de ter maioria republicana sem interrupção desde 2012, quando Nancy Pelosi, a brava democrata Madam Speaker deixou de sê-lo graças ao gerrymander...


              As invenções de Maduro, e da comezinha gente que o assessora, têm necessariamente de coadunar-se com os poderes mentais do atual chefe chavista. Não creio, por isso, que resolver-se possa a crise venezuelana, seja com os métodos de Diosdado, seja com outrem de  nível equivalente.



( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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