Talvez, na ditadura venezuelana de
Nicolás Maduro, haja um abuso do 'simbólico'.
É o que se vê uma vez mais por conta
dessa estranhíssima constituinte inconstitucional inventada pelo ditador.
Posto em minoria na Assembleia
venezuelana - diante da Oposição ficar em maioria - Maduro resolveu o problema à sua maneira:
inventa a convocação de nova Constituinte.
Escusado dizer que não há base
constitucional, para mais esta empulhação made
by Maduro. O escopo da insólita convocação pelo regime responde a
objetivos bastante óbvios, ainda que inconfessáveis, porque na verdade não
interessa ao ditador aferir a vontade do Povo Venezuelano. Esta já lhe é bastante
clara, diante da situação catastrófica em que vive a gente venezuelana. Por isso, qualquer
consulta, se honesta e abrangendo a população venezuelana, estará fadada a
colher elementos e indicações assaz contrários no que tange àqueles partidos e
pessoas que passam hoje por
representantes do governo.
Por isso, pobre de popularidade,
parte o pertinaz Maduro para propósitos inconfessáveis, porque partem de
premissas que não visam resolver a situação, mas sim criar prepóstero mecanismo
para piorar ainda mais o quadro, posto que preservando a posição do governo.
Trata-se, na verdade, de arremedo de Assembleia Constituinte. Pois tal modelo ignora a premissa básica da Universalidade da Representação Constituinte. O monstrengo será construído à sombra de disposições que singularizem
os setores de onde serão retirados os representantes da Constituinte dos Lumpen, refúgio do grupo de Diosdado Cabello e gente
da mesma estirpe. Da universalidade da representação constituinte, nem falar. Só mesmo no torpe quadro da atual ditadura venezuelana, pensar-se possa em inventar essa Constituinte dos Lumpen, ´
Deste modo, ainda que inconstitucionalmente, se
determinam circunscrições feitas consoante o molde de "eleger" o
maior número possível de adeptos do chavismo. É "modelo" que lembra
aquele do gerrymander, atualmente
assaz popular em terra americana, como os leitores da minha coluna já verificaram.
É ao gerrymander que a antes sisuda
Câmara de Representantes deve a 'circunstância' de ter maioria republicana sem
interrupção desde 2012, quando Nancy Pelosi, a brava democrata Madam Speaker deixou de sê-lo graças ao gerrymander...
As invenções de Maduro, e da
comezinha gente que o assessora, têm necessariamente de coadunar-se com os poderes
mentais do atual chefe chavista. Não creio, por isso, que resolver-se possa a
crise venezuelana, seja com os métodos de Diosdado, seja com outrem de nível equivalente.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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