terça-feira, 18 de julho de 2017

Aprofunda-se crise do Governo Maduro

                     

      O regime de Maduro-Cabello, aquele do chavismo extremista, despenca cada vez mais na irrealidade.  A Mesa de Unidade Democrática (MUD) convoca greve geral para esta quinta-feira, dia vinte de julho, e anuncia formação de governo paralelo.
       Levar sete milhões às urnas em plebiscito informal reflete a repulsa do Povo venezuelano a governo que, além de corrupto e ineficaz, mais se atola no isolamento internacional, na crise econômico-financeira e, sobretudo, na imagem da falta de comando, na repetição de velhos truques, e, em especial, nesta crise-mãe que vem do imenso atoleiro em que se converteu a situação política, econômica e financeira da Venezuela.
      É difícil saber quais são os propósitos do Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ao desejar trazer o líder cubano Raul Castro, a eventual solução negociada para o impasse político.
      Santos pode ser grato pela mãozinha que recebeu de Raul Castro para atender aos problemas com a guerrilha em seu país, mas não creio seja o caso de envolver o lider cubano neste atoleiro. As ligações da liderança cubana com o regime de Chávez são demasiado grandes, e por mais que a situação tenha involuído nas relações bilaterais, é dificil ver partindo de Cuba alguma posição de isenção política que habilite  Raul Castro ter papel relevante em solução negociada para o impasse venezuelano.
       Foi o afastamento da solução democrática que contribuíu diretamente para que se aprofunde a crise da Venezuela. Não se pode esquecer que Nicolás Maduro, de forma inconstitucional, inviabilizara o recall do próprio mandato, que o Povo venezuelano desejava, como o confirmam as assinaturas dos cidadãos votantes, a que o Presidente Maduro se recusou a obedecer, como o fizera, a seu tempo, e para glória do próprio legado, Hugo Chávez Frias.
          Passo importante para a superação da crise-Maduro - pois ninguém a consubstancia mais quanto Nicolás Maduro, através do seu aprofundamento pela criação de esdrúxula Assembléia Constituinte privativa dos edís - está na adoção de medidas que livrem o Estado venezuelano do respectivo entulho autoritário. E essa ridícula tentativa de mudar os protagonistas da crise, como se o recurso a Constituinte de vereadores fosse resolver algo, além do patético intento de ganhar tempo, se esfarela por si só.
          Tenho para mim que, por força de seu entorno, com Diosdado Cabello à frente, dificilmente Maduro tomará decisões sábias e oportunas, na medida em que lhe resguardem o pouco espaço de que ainda dispõe para negociar a saída - se tal imaginar-se possa - constitucional e, portanto, queira Deus, pacífica para a crise.
           Se para ela, no entanto, fizeres ouvidos moucos, como até o presente, aumentam as possibilidades que, de repente, te aches em posição similar a de tantos outros infelizes precursores  de que a História fornece lista, cuja leitura talvez te torne mais cordato e, sobretudo, realista. Enquanto se adelgaça o círculo dos partidários incondicionais, seria bom prestares atenção para o que te dizem as ruas, na sua linguagem, a princípio, rouca, caótica e engrolada mesmo, mas que o passar das horas e quem sabe dias, faz-se cada vez mais distinta e próxima, a ponto de não mais careceres dos teus serviços que dizes bolivarianos, agentes e espiões dessa laia.
           Então, viras de repente candidato a integrar gorda e sombria lista daqueles que, no passado, viveram não mais figurativamente, mas com crueza similar àquela a que submeteste tantos compatriotas teus, quando te imaginavas, nos belos salões palacianos de Miraflores, acima do tempo e de suas brutais intempéries.


( Fontes: O Estado de S. Paulo; a musa Clio )           

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