O regime de Maduro-Cabello, aquele do
chavismo extremista, despenca cada vez mais na irrealidade. A Mesa de Unidade Democrática (MUD) convoca greve
geral para esta quinta-feira, dia vinte de julho, e anuncia formação de governo
paralelo.
Levar sete milhões às urnas em plebiscito
informal reflete a repulsa do Povo venezuelano a governo que, além de corrupto
e ineficaz, mais se atola no isolamento internacional, na crise
econômico-financeira e, sobretudo, na imagem da falta de comando, na repetição
de velhos truques, e, em especial, nesta crise-mãe que vem do imenso atoleiro
em que se converteu a situação política, econômica e financeira da Venezuela.
É difícil saber quais são os propósitos
do Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ao desejar trazer o líder cubano
Raul Castro, a eventual solução negociada para o impasse político.
Santos pode ser grato pela mãozinha que
recebeu de Raul Castro para atender aos problemas com a guerrilha em seu país,
mas não creio seja o caso de envolver o lider cubano neste atoleiro. As
ligações da liderança cubana com o regime de Chávez são demasiado grandes, e
por mais que a situação tenha involuído nas relações bilaterais, é dificil ver
partindo de Cuba alguma posição de isenção política que habilite Raul Castro ter papel relevante em solução
negociada para o impasse venezuelano.
Foi o afastamento da solução democrática
que contribuíu diretamente para que se aprofunde a crise da Venezuela. Não se
pode esquecer que Nicolás Maduro, de forma inconstitucional, inviabilizara o recall do próprio mandato, que o Povo
venezuelano desejava, como o confirmam as assinaturas dos cidadãos votantes, a
que o Presidente Maduro se recusou a obedecer, como o fizera, a seu tempo, e
para glória do próprio legado, Hugo Chávez Frias.
Passo importante para a superação da crise-Maduro - pois ninguém a
consubstancia mais quanto Nicolás Maduro, através do seu aprofundamento pela
criação de esdrúxula Assembléia Constituinte privativa dos edís - está na
adoção de medidas que livrem o Estado venezuelano do respectivo entulho
autoritário. E essa ridícula tentativa de mudar os protagonistas da crise, como
se o recurso a Constituinte de vereadores fosse resolver algo, além do patético
intento de ganhar tempo, se esfarela por si só.
Tenho para mim que, por força de seu
entorno, com Diosdado Cabello à frente, dificilmente Maduro tomará decisões
sábias e oportunas, na medida em que lhe resguardem o pouco espaço de que ainda
dispõe para negociar a saída - se tal imaginar-se possa - constitucional e,
portanto, queira Deus, pacífica para a crise.
Se para ela, no entanto, fizeres
ouvidos moucos, como até o presente, aumentam as possibilidades que, de
repente, te aches em posição similar a de tantos outros infelizes precursores de que a História fornece lista, cuja leitura
talvez te torne mais cordato e, sobretudo, realista. Enquanto se adelgaça o
círculo dos partidários incondicionais, seria bom prestares atenção para o que te
dizem as ruas, na sua linguagem, a princípio, rouca, caótica e engrolada mesmo,
mas que o passar das horas e quem sabe dias, faz-se cada vez mais distinta e
próxima, a ponto de não mais careceres dos teus serviços que dizes
bolivarianos, agentes e espiões dessa laia.
Então, viras de repente candidato a integrar gorda
e sombria lista daqueles que, no passado, viveram não mais figurativamente, mas
com crueza similar àquela a que submeteste tantos compatriotas teus, quando te imaginavas,
nos belos salões palacianos de Miraflores, acima do tempo e de suas brutais
intempéries.
(
Fontes: O Estado de S. Paulo; a musa Clio )
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