Preocupa a incapacidade do presidente
Donald Trump de lidar com as críticas
que venha a receber.
Há dois tipos de crítica: as de
natureza subjetiva, no que tange a quem as emita. Manda o bom senso que a autoridade visada responda
com o silêncio. Como o próprio George Washington asseverou, o melhor é não
responder.
Esse tipo de atitude tem sido o
preferido pelos inúmeros antecessores de Trump. Em qualquer caso, se a
autoridade singulariza o comentário de viés negativo, essa autoridade estará
contribuindo para enfatizar um comentário que o próprio, por inúmeras razões,
não deveria realçar.
Esta em geral tem sido a atitude de
seus predecessores no prestigioso cargo. A sua ocupação acarreta incômodos e
alguns comentários acerbos. Quase sempre o silêncio será a melhor resposta.
Quanto ao segundo tipo de crítica,
vale dizer, as de categoria objetiva, há que separar o joio do trigo. Muitas
delas serão respondidas pela sucessão dos atos do governo e, portanto,
dispensam respostas ad personam.
Dada a
relevância do papel presidencial, essas
críticas objetivas, se elas exigem resposta, na maior parte dos casos o
presidente delegará aos seus auxiliares - calibrando a hierarquia de acordo com
a importância e a substância da crítica recebida, de conformidade com a diversa
distribuição por departamento ou matéria.
Na campanha
presidencial, as atitudes vulgares de Trump, as suas observações desrespeitosas
sobre as mulheres, já tinham provocado muitas críticas.
É, no entanto,
no uso do tweeter cujo formato exige uma condensação da resposta ou do
comentário, e que pelas suas características típicas de o que chamaríamos de
"bateu, levou" mais atraem
a Trump pela sua natureza combativa. Sem embargo, a experiência tem demonstrado,
que seja pela linguagem vulgar, seja pela agressividade descabida, esse tipo de
instrumento de comunicação pode em geral repercutir mal na opinião pública,
máxime se for o tipo preferido de o presidente comunicar-se com o seu público.
Além disso, como o tweeter não sói passar pelo crivo dos desk officers
e outros redatores de maior importância, seu uso, sobretudo em doses exageradas e dada
a própria característica do imediatismo, pode encerrar também consideráveis
perigos para a imagem do Presidente, como de resto o seu uso imoderado (e sem
qualquer aparente controle de algum assessor em condições de moderar-lhe as
expressões) tende a deixá-lo com imagem ainda mais negativa do que ela era
antes da comunicação irrefletida.
Para os psicólogos e os próprios
psiquiatras, o exercício do tweeter pelo Presidente Trump representa uma
verdadeira e oportuníssima advertência quanto à conveniência de manter-se a
postura digna de um presidente. Nada melhor para enfatizá-lo será a sua
observação quanto a Ms. Brzrzinski, que prima pela vulgaridade e inqualificável
falta de respeito.
Mas se a maior autoridade do
Governo dos Estados Unidos da América não resiste em lidar com as respectivas
pressões reagindo dessa forma, que em bom português se diria curta e grossa, o
que se há de fazer, senão ponderar-lhe que a liberdade que o tweeter lhe
confere é enganosa, e que o aparente prazer de desafogar-se por injúrias (reais
ou supostas) acaso recebidas pode no final trazer-lhe mais incômodos do que satisfações.
E talvez, no particular, a reação mais apropriada volta para um tempo, talvez
com menores desafios, mas a dizer verdade a matéria prima envolvida tenderá a
ser sempre a mesma.
( Fonte: The New York Times )
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