A Venezuela ficou ontem parcialmente
paralisada. A greve teve o apoio da
cúpula empresarial, das câmaras de comércio e indústria, e até dos sindicatos. Os únicos a não participarem da parede foram
os setores controlados pelo governo,
como os do petróleo e do serviço público.
A greve exige que Maduro cancele a
eleição de Assembléia Constituinte,
marcada para o domingo, trinta de julho. Através dessa peculiar
Constituinte, que não é de convocação
universal, e que se restringe a setores
próximos ao chavismo, Maduro pensa
manter-se no cargo, com a provável (mas inconstitucional) dissolução da
Assembleia Legislativa, em que a Oposição tem maioria, mas ora se encontra travada
pelo Tribunal Supremo (a que Maduro estendeu o esdrúxulo poder de controlar o
Poder Legislativo e, no caso, a ele substituir-se, como chegou a verificar-se).
O presidente Maduro assegurou que cem
por cento das indústrias básicas e dos setores petrolífero, energético e de
serviço público estavam trabalhando. Ele
só reconheceu falhas no serviço de ônibus urbano: "Eles que nunca
trabalharam que fiquem sem trabalhar. Vamos é em frente."
Já o estudante e comerciante Andrew
Fuentes, da capital, afirmou:"Há pessoas nas ruas, mas estão trancando as
vias e muitas lojas estão fechadas. As empresas foram obrigadas a funcionar, se
não seriam fechadas, mas com as ruas trancadas, a gente não conseguiu sair de
casa. A paralisação está funcionando. Não consigo sair da região onde estou
desde quarta-feira, porque as ruas estão cerradas."
Segundo o presidente do Instituto
Datanálisis, Luis Vicente León: "Essa paralisação é um embate de força, de
um lado, entre o empresariado e uma população famélica e pauperizada, e de
outro, um governo também quebrado que controla os poucos recursos de um país
produtor de petróleo".
Já os empresários, a quem Maduro
acusa de travar uma "guerra econômica" para derrubá-lo, apóiam a
greve, alegando que a Assembléia Constituinte vai instaurar um modelo econômico
que irá piorar a crise no país, afetado por uma severa escassez de alimentos e
de remédios, assim como por uma voraz inflação.
O Presidente Donald Trump vem
sendo pressionado por importantes políticos americanos para impor sanções contra
a Venezuela, e até mesmo vetar as importações de petróleo venezuelano se Maduro
levar adiante a votação para a Constituinte.
Um terço dos 2,1 milhões de
barris diários de petróleo da Venezuela é exportado para os Estados
Unidos. Nesse sentido, as eventuais
sanções ao petróleo desse país poderiam limitar o acesso da indústria
petrolífera venezuelana aos mercados financeiros americanos.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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