A procuradora, chefe do M.P. da
Venezuela, Luisa Ortega Diaz
indiciou duas suspeitas de conexão com o esquema de corrupção da Odebrecht no país.
São a mulher, Maria Eugenia Baptista
Zacarias, e a respectiva mãe, Elita Zacarias, ambas ligadas ao ex-ministro dos
Transportes e do Planejamento Haiman
el-Troudi, que atuou nos gabinetes de Hugo Chávez e de Nicolás Maduro.
De acordo com plano de delação
premiada, a construtora admitiu haver pago US$ 98 milhões, em propinas na
Venezuela, para obter contratos com o governo.
No começo do ano corrente, o
Ministério Público tentou prender o dirigente da Odebrecht na Venezuela, Euzenando Azevedo, mas ele aparentemente
deixou o país.
Diante da ruptura de Ortega Díaz com
o governo, precipitada pela decisão do Tribunal Supremo de Justiça de anular as
competências do Parlamento, além da repressão aos manifestantes e a convocação
de uma Assembléia Constituinte, o cenário mudou e as investigações começaram a
andar.
Segundo a Procuradora, em
declarações à rádio Unión, crítica do chavismo que vários membros da
administração chavista estão ligados ao esquema de propinas da Odebrecht.
Ainda consoante Luísa Ortega Díaz, o
M.P. tem em seu poder contratos e provas da autorização das obras mediante
propina. Além disso, muitos dos chavistas envolvidos, receberam comissões para
liberá-las. Esse dinheiro, segundo a Procuradora-Geral, terá sido depositado em
contas de laranjas, em paraísos fiscais.
Além disso, Ortega denunciou
ontem que o governo Maduro anulou o
passaporte de um funcionário que a representaria em encontro de promotores na
Argentina. A Procuradora-geral está impedida de deixar o país pelo TSJ.
A Procuradora Ortega Díaz também
declarou que teve dificuldades para
obter informações relativas à Venezuela na Justiça brasileira. Nesse sentido,
ela manifestou a intenção de enviar ao Brasil um Procurador para tentar obter depoimento
de Marcelo Odebrecht, que se acha preso em Curitiba.
Ortega Díaz afirmou, a
propósito, que não reconhecerá a decisão do TSJ sobre sua eventual destituição,
enquanto chavista crítica do Presidente Maduro.
Nesse contexto, o TSJ deveria anunciar
no dia de ontem decisão a
respeito da Procuradora-Geral, que é acusada de mentir em declarações contra os
magistrados.
A ruptura da Procuradora com o
governo Maduro ocorreu em meio a convulsão social e política causada pelos
protestos da oposição e do Povo contra o presidente Maduro. A partir de 1º de
abril, a onda de violência já provocou 94 mortes.
Há três semanas, o chavismo
imperante equiparou os poderes da Defensoria Pública com os do MP, chefiado por
Ortega Díaz, para que aquele órgão, ligado ao situacionismo, possa descobrir se há em curso corrupção e de ligações com o
narcotráfico alguma investigação vinculando altos funcionários do governo ao
caso Odebrecht.
Nesse contexto, a facção
mais incomodada com o ativismo da Procuradora-Geral é encabeçada pelo vice-presidente Tareck
el-Aissami e o Deputado Diosdado Cabello, justamente a mais atingida por
acusações de corrupção e ligações com o narcotráfico.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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