A notícia está em todos os jornais,
nacionais e estrangeiros. Não é de estranhar. Para interesse do leitor, ela
parece ter todos os elementos indispensáveis.
A morte, o número nove, o fato de ser carga humana, largada em
estacionamento do Walmart, e a
cercania da fronteira com o Mexico - os infelizes tinha chegado até San
Antonio, no Texas.
Há mais detalhes que incrementam o
interesse pela notícia da agência. O extremo calor ambiente, as condições em
que é feito, a continuação do tráfico humano - a polícia americana diz que este
não é um caso isolado.
É um episódio de um tipo de transporte
clandestino que pela procura - ditada pela fome e a ambição de uma vida melhor
- prossegue impávido, malgrado a crueldade dos coyotes (que podem ter outro nome no Mediterrâneo), do caos da
Líbia para os incertos portos de países como a Itália, que estão mais perto,
mas no fundo tem a maldade própria do negócio e a gélida indiferença de outros
traficantes, talvez um termo mais adequado para as gerais características que
presidem a esse negócio de carne humana. Quem não se enterneceu com as muitas
crianças sufocadas em um veículo herméticamente cerrado, que passava pela nada
acolhedora nação de Viktor Orban, o fascistóide duce da Hungria.
Não, não é o caso presente, embora o
sistema não pareça ser muito diverso.
Aí, quando temos uma notícia como
essa, inclusive com as quantas pessoas que morrem ou de sede, ou da canícula
fabricada pelo temor dos coyotes de serem descobertos e
enjaulados. Todos que se inteiraram do incidente ficaram abalados. Horrível!
Que condições inumanas presidem a esse tráfico que também é de carne, mas viva.
Ainda que abandonada ao deus-dará, até que alguém avise a polícia. Ela cuidará
decerto da necessidade de providenciar a expulsão desses infelizes. Poderá até
dar-lhe atendimento médico. Os coyotes, que são verdadeiros animais, decerto já
fugiram. Mas não tenho dúvidas de que estarão disponíveis para transportar mais
uma vez outra carga do mesmo gênero, que, apesar de conhecer os riscos, está
disposta a enfrentar o desafio.
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