O Rio de Janeiro
é uma imensa comunidade em que ninguém está livre das balas perdidas. Pode
parecer, de saída, observação falsa, até apelação. Mas não o é. Na verdade, a
realidade na Cidade Maravilhosa bate ainda mais pesado do que a ficção.
Quem escreve, vive em Ipanema. Outro
dia, não se pôde sair por um tempo para
a feira, porque nem a Praça General Osório estava protegida do tiroteio que saía
no Pavão-Pavãozinho. Lembram-se desta
comunidade? É a que tinha sido pacificada, com a instalação da UPP há uns três anos atrás... Quem
morava na Sá Ferreira e até na ladeira St. Roman pôde viver um outro tempo,
livre dos tiroteios. Mas tudo no Rio não é para durar, como se pensara.
Porque o otimismo, diante de
aparente melhora, é muito humano, todos
nós queremos acreditar que desta vez será diferente. Vejam o que está agora em
todos os jornais. Um bebê que estava por nascer, foi baleado junto com a
mãe. Por bala perdida.
O casal - Claudineia dos Santos Melo
e Klebson Cosme da Silva - vive na Favela do Lixão, onde mora há cerca de ano e
meio.
Por causa de tiroteio, em confronto
entre traficantes e PMs, a mãe foi
atingida após sair de mercado nessa Favela. O casal não foi junto para casa. O marido levou as compras de moto. A
esposa seguiu a pé e foi surpreendida
pelo confronto. Ferida, mas lúcida, ligou para o esposo, avisando que havia
sido atingida por balas perdidas.
Ele prefere não falar muito
sobre o assunto: "não quero saber quem deu o tiro, só quero que minha
mulher e meu filho fiquem bem."
Pela notícia de O Globo, Arthur
continua em estado gravíssimo. O bebê teve lesão grave no tórax, fratura de
clavícula e traumatismo craniano.
O recém-nascido - que deveria vir à
luz de parto normal - nasceu de cesariana de emergência na noite de sexta-feira.
Ontem à noite, segundo a notícia de O Globo, moradores da Favela do Lixão
protestaram e fecharam a Linha Vermelha, na altura de Duque de Caxias.
Policiais do 15º BPM fizeram operação na
comunidade.
Transcrevi o trecho final da
notícia de propósito. Tais tragédias já viraram rotina no Rio de Janeiro.
Até os animais criam defesas.
A conscientização não é só
necessária. Ela é indispensável, e começa pelo respeito à vida. Absoluto e
indeclinável.
( Fonte: O
Globo )
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