terça-feira, 11 de julho de 2017

O que esperar de Maduro?

                
       Para alguns, o atenuação da prisão do líder opositor venezuelano, Leopoldo López, seria a concessão de Francisco Maduro. Muitos analistas atribuem tal medida à intercessão do político espanhol e ex-premier, José Luis Rodriguez Zapatero, que teria intermediado acordo para a saída de López .
       A tentativa anterior de Zapatero não dera em nada, eis que a Oposição, com boas razões, recusou-se a marchar nessa trampa de Maduro, ainda por cima acedendo à realização da falsa Constituinte - que é de cartas marcadas, com vitória quase certa dos chavistas. Por isso, a recusa da Oposição - que tem maioria na Assembléia Legislativa, maioria que está 'trancada' pela suspensão abusiva de parte dos deputados oposicionistas pelo tal Tribunal Supremo, que age como a criatura que é de Nicolás Maduro.
       Outro ponto a ser considerado: como o regime vai tratar do caso da Procuradora Luísa Ortega Díaz? Um 'acordão' poderia estar sendo examinado, com eventual tratamento mais leniente para a Procuradora 'rebelde'.
        Mas é difícil engolir a hipótese de que a oposição vá pactuar com Maduro, à troca de medidas cosméticas do regime.
        Diante da população revoltada com a situação, semelha difícil que a frente popular vá concordar com gestos paliativos, enquanto perdurarem hiperinflação,  desabastecimento e  corrupção.
        A par disso,  e a Constituinte ilegal organizada pelos chavistas? O seu produto, fruto maldito e abusivo do regime não-representativo tenta fortalecer o poder formal do chavismo, sem qualquer concessão significativa como contrapartida para valer de Maduro.
        Não é tampouco crível que Maduro pretenda jogar todos os seus brinquedos fora. E que concessão é esta de manter Francisco López, em prisão domiciliar, e, portanto, sem poder participar de nada?
        Diante da crise geral do Estado e do poder de Maduro em particular, não parece que exista possibilidade de acordo institucional. Que acordo seria possível com este governo corrupto, autoritário e que recorre a medidas em que busca reforçar-se institucionalmente, por mais falsa e risível que seja esta constituição de fancaria, que começa por denegar a regra básica de toda a lei máxima, que é a própria legitimação pela universalidade do sufrágio ?
        Sem democracia como base, sem legitimidade e igualdade dos poderes, sem um poder judicial democrata, autônomo e independente, e, afinal, sem o respeito à Constituição autêntica, que a Venezuela já a tem e não carece de outra, não há qualquer possibilidade de acordo. Porquê fazê-lo em tais termos, será o equivalente de dar procuração a um regime violento, injusto e incapaz. Não é mais possível brincar de reformismo com  tal Constituinte de fancaria, saída dos redutos do chavismo. O que a Venezuela carece é de  governo constitucional que tenha compromisso com a Nação e não com os redutos, os coletivos e os guetos do regime.



( Fonte acessória: O Estado de S. Paulo )    

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