segunda-feira, 24 de julho de 2017

O Tirano resiste

                    
       O Tirano é, obviamente, Nicolás Maduro,  aquele que em tempos do corrupto regime petista de Dilma Rousseff era aqui bem recebido pelas instâncias oficiais, apesar da maneira com que tratasse eventuais comissões do Congresso brasileiro.
       Dando ulterior exemplo de seu respeito à democracia, Nicolás Maduro, afirmou em discurso televisivo - ele não tem mais condições de falar em cerimônias públicas, ao ar livre - que os 33 magistrados designados pelo Parlamento venezuelano para substituírem os juízes do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) serão "presos um a um"[1] e terão os bens e contas congelados.
        Tenha-se presente que os atuais 'juízes' do TSJ são leguleios nomeados às carreiras por Maduro, quando da vitória da Oposição nas eleições legislativas. A oposição com maioria na Assembléia Legislativa foi denegado o direito de substituir os 'magistrados' que o poder chavista trouxe ilegalmente para o TSJ, para transformá-lo em braço da repressão, como de fato ocorreu.
         Em seu discurso, pronunciado nesse vácuo artificialista de alguém que não mais tem condições de enfrentar o público verdadeiro e vibrante da Praça Pública - nesse ambiente de estufa é que o tirano discursa. Por isso, ele ignora, solene e afrontosamente, a pressão internacional para que desista da ilegal e afrontosa eleição no próximo domingo, 30 de julho corrente, de uma Assembleia Constituinte de fancaria.
          Assinale-se, por oportuno, que a Procuradora-Geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz tentou impugnar, sem sucesso as nomeações abusivas dos 33 "magistrados" que ora ocupam as cadeiras desse Tribunal dito Supremo, pelas irregularidades que marcaram o seu processo eletivo.
           Maduro, sem querer dar atenção à gritante contradição, enche a boca para declarar que "a direita imperial (no caso os Estados Unidos) acredita que pode dar ordens para a Venezuela. Aqui apenas o povo (sic) dá ordens. Exijo que a oposição tenha um pouquinho de honra e respeite o direito do povo (sic) de votar livremente, sem violência."
         Nesse sentido, o Tirano  reiterou que o Governo  e as Forças Armadas (meu o grifo) vão garantir a eleição dos 545 membros da Constituinte.
         Como se trata, na realidade, de Constituinte Lumpen, convocada de forma inconstitucional, à revelia da Assembleia Legislativa e do Povo da Venezuela, e formada sem qualquer respeito ao caráter de autêntica representatividade que deva ter um órgão de tal  natureza, ela na verdade não passa de um artifício ilegal, que visa  confundir  a soberania que seria devida a  órgão de tal hierarquia se não estivesse maculado com o autoritarismo tão abusivo, quanto  antidemocrático  de um órgão que, convocado por imposição abusiva de um Tirano de fancaria, não tem qualquer legitimidade.
             Diante desse intento tão estranho ao sentir do Povo Venezuelano, que o Tirano intenta cinicamente instrumentalizar, é de prever-se que tanto o processo de votação - um monstrengo realizado às carreiras - o seu escopo,  no caso, essa Constituinte de fancaria mereça a forte e inequívoca rejeição do sofrido povo venezuelano, diante das tropelias desse presumido ocupante da cadeira presidencial, de que já teria sido escorraçado, se se houvesse submetido, como devera, às Forcas Caudinas da confirmação popular, como prevê a Constituição vigente.


(Fonte: O Estado de S. Paulo)



[1] O notório Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN) em operação considerada como "terrorismo de estado" pela Assembleia Nacional, deteve a Angel Zerpa, que está entre os magistrados designados pela legítima Assembléia

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