Tempos ruins fornecem em geral belas
metáforas. Vejam, por exemplo, a pouco dignificante estória do furto por
Mitch McConnell - o líder certo para a
atual maioria no Senado - de uma cadeira na Suprema Corte.
Às urtigas o plano do Presidente Barack
Obama de nomear por fim um Juiz digno das mais altas tradições para o Supremo. Cabia ao Partido Democrata preencher a vaga
aberta pela súbita morte do Juiz Antonin Scalia, em 13 de fevereiro de
2016. Mal se inicia o último ano de seu
mandato, e o presidente escolhe para o lugar alguém que realmente se insere na
mais bela tradição da grande judicatura americana.
O professor universitário Obama
sonhara com aquela ocasião, de unir ao justo o mérito. Seria trazer de volta o
mítico passado em que repontam os grandes nomes para as memoráveis sentenças. O
44º Presidente americano deseja trazer um real expoente para a curul da Corte
Suprema. A sorte parece favorecê-lo, eis
que lhe permite afinal indicar um dos juristas mais bem qualificados, alguém
que poderia sentar-se naquele augusto tribunal, a ele trazendo as melhores
qualificações na certeza de que as augustas sombras dos passados gigantes não
veriam com desprazer que a grande tradição de cuidar do justo valor acima de
tudo não mais é menosprezada.
Nunca ninguém elevou mais alto o
medíocre, do que o líder McConnell. Nunca ninguém se jactou com tanto
estardalhaço de feito tão pequeno. Pensou ofender ao Presidente por retirar do
cenáculo quem o dignificaria. Se não pensam em elevar as próprias instituições,
quando para tanto a fortuna lhes estende a mão, não é hora de diminuir-se
replicando às suas pobres palavras.
Não é de crer-se também que há de
lamentar no futuro o medíocre cenário a que contribuíu. E não se fale mais nessa
hora triste do declínio, em deparar a
tosca, turgida tristeza do momento, com tanta gente pequena que, como os
néscios que são, só podem ser aplaudidos pelos próprios iguais.
( Fontes: The New York Times, Homero )
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