Seria de prever que o grande admirador de
Mao Zedong[1],
o novo presidente chinês, Xi Jin-ping, fosse confrontado no vigésimo aniversário
da devolução de Hong Kong à China por um desafiador protesto, com cerca de
sessenta mil pessoas pelas ruas da ex-colônia britânica.
Como a chuva foi forte, o panorama
lembrava a revolução dos guarda-chuvas em 2014.
Xi Jinping emitiu o que dele se esperava:
alerta contundente contra os movimentos
pró-democracia, traçando uma linha vermelha que os críticos às ingerências de
Beijing não devem cruzar na sua empreitada autonomista.
Na ocasião, e não por acaso, tomava
posse a nova chefe do governo regional, Carrie Lam, por muitos acusada de
títere do poder chinês.
Na sua linguagem autoritária, disse Xi:
"qualquer tentativa de pôr em perigo a soberania e a segurança da China,
desafiar o poder do governo central ou usar Hong Kong para realizar atividades
de infiltração ou sabotagem contra o continente é um ato que atravessa a linha
vermelha e é absolutamente inadmissível."
Um dia após a chancelaria chinesa
afirmar que a declaração sino-britânica de 1984, que estabelecera os termos da
devolução e o princípio de "um país, dois sistemas", até 2047, já não
é pertinente.
Os manifestantes pela democracia
pediram a libertação do dissidente chinês e Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo. Apesar
de estar gravemente doente, com câncer terminal, e condenado a onze anos de cárcere, Liu
recebeu liberdade condicional, mas continua proibido de deixar o país.
Persistem os temores que Hong Kong seja
engolido pela China. A maior da população considera que a China não respeita a
autonomia da região.
O deputado pró-democracia Nathan Law,
preso até um dia antes do protesto disse: A repressão pelo regime nunca parou e
não antevejo seu fim.
Por sua vez, o atual Secretário do
Foreign Office, Boris Johnson, antes dos festejos do aniversário, incentivou
todas as partes de Hong Kong a progredirem em direção a um sistema de governo
mais democrático e responsável.
A assertiva de Johnson mereceu a
habitual resposta do Ministério das Relações Exteriores da China, de que
"Hong Kong é assunto interno da China"...
(
Fonte: O Globo )
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