Dada a atitude do Governo Maduro,
endurecendo contra eventuais grevistas e sobretudo os funcionários públicos,
que o regime busca intimidar, não afastando medidas mais fortes que possam
chegar até a exoneração.
Embora as agências de notícia hajam
noticiado que milhões de venezuelanos participaram da paralisação, os órgãos
governamentais seguiram a linha de Nicolás Maduro, procurando mascarar o impacto do movimento.
No campo das empresas privadas e
das fábricas, milhões de operá-rios e trabalhadores cruzaram os braços. As
agências de notícia confirmaram o impacto da greve, ainda que as ameaças aos
funcionários públicos cercearam bastante
o movimento nas repartições.
O presidente pareceu bastante
nervoso ao aparecer na tevê, embora a
falta de nexo seja característica da
"retórica" de Maduro.
A retomada das atividades da
oposição popular levou à paralisação do setor privado da economia. Fora das
áreas controladas pelos chamados "coletivos" (bandidos armados pelo
governo para intimidar os moradores das zonas de baixa renda), foram pesadas as marcas da greve de protesto. Ruas
desertas, lojas fechadas, muitas barricadas e mais de 170 prisões em toda a
Venezuela. Houve dois mortos - vítimas diretas da violência policial incentivada
pela retórica de Nicolás Maduro. Também
houva muitas dezenas de feridos.
Apesar de que Maduro tenha
proclamado o "fracasso" da greve, a sua retórica exaltada e os
continuados e despropositados intentos de considerar, por falta de recursos,
já derrotada a reação contra a Constituinte, tudo isso choca o observador com
um mínimo de senso crítico, e portanto contribui para reforçar a reação
popular, dada a óbvia insegurança do
assediado Presidente.
A sua linguagem, trôpega e pouco
convincente, acaba por predispor negativamente aquele que terá julgado ainda
cabível dar-lhe ouvidos. Vejam um excerto ilustrativo da indigência oratória de
Maduro: "quando vi um terrorista imbecil convocando para a paralisação, me
perguntei: com que recursos? Se algum
dia alguém tentar atentar contra a
democracia ou contra mim (sic) , aí sim verão uma paralisação absoluta e greve
geral."
Tem-se a impressão, lendo
essa oratória algo desconexa, que o Presidente só acha possível convocar o povo
com recursos para que participe dos protestos. Como nos anúncios televisivos,
não há nada espontâneo. Todas as declarações
da oposição tem de ser pagas...
(
Fonte: O Globo )
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