Treze policiais - onze PMs e dois civis -
foram presos ontem, dez de julho, suspeitos de participação na morte de dez
trabalhadores rurais na Fazenda Santa Lúcia, em Pau d'Arco, no sudeste do Pará.
As prisões são temporárias e foram
autorizadas pelo juiz Haroldo Silva da
Fonseca, da Comarca de Redenção, município do interior do Estado.
Após evidências de que os trabalhadores
rurais foram assassinados, o Ministério Público pediu as prisões em apreço.
Policiais federais foram destacados para
cumprir os mandados de prisão. Oito policiais militares e um civil foram presos
em Redenção, enquanto os demais foram detidos em Belém.
Por ordem do juiz, os policiais foram
levados para o Centro de Recuperação Especial Coronel Anastácio das Neves
(Crecan), em Santa Izabel, na região metropolitana de Belém.
Como foi amplamente noticiado, os crimes,
que ficaram conhecidos como a "chacina de Pau D'Arco", ocorreram no
dia 24 de maio, quando um grupo de 24 PMs e quatro policiais civis foram à
fazenda para cumprir mandados de prisão de suspeitos pela morte de Marcos
Batista Ramos Montenegro, segurança da propriedade, que havia sido assassinado
no dia 30 de abril.
De acordo com o promotor Alfredo Martins de
Amorim, um dos que assinam os pedidos de prisão, a promotoria trabalha com
evidências de que houve uma execução. Segundo Amorim, foi permitida a
participação irregular de seguranças da fazenda na operação.
A Polícia Militar disse que as prisões temporárias
fazem parte da investigação e vai aguardar o fim das apurações. As
corregedorias das duas polícias também investigam a ação policial que resultou
na morte dos sem-terra.
Defesa dos Acusados.
O escritório do
advogado Arnaldo Ramos, que atua na defesa dos PMs, afirmou que as prisões são
desnecessárias porque eles colaboram com as investigações e que vai entrar com
recurso para que continuem respondendo
em liberdade. A defesa dos policiais civis disse que irá se manifestar
oportunamente.
Foram presos o coronel da PM Carlos Kened
Gonçalves de Souza, o tenente Rômulo Neves de Azevedo, o cabo Cristiano
Fernando da
Silva, o 2º sargento Advone
Vitorino da Silva, o 3º sargento Orlando
Cunha de Sousa, o sargento Ronaldo
Silva Lima,o Cabo Ricardo Moreira da Costa Dutra e os soldados Rodrigo Matias
de Souza, Jonatas Pereira e Silva, Neuly Sousa da Silva e Wellington da
Silva Lira. Ainda foram presos o escrivão
da Polícia Civil Douglas Eduardo da Silva Luz e o investigador Euclides
da Silva Lima Júnior. De acordo com o Ministério Público, dois policiais
civis fizeram acordo de delação premiada, o que possibilitou os pedidos de
prisão temporária.
Lider Morto. Na
sexta-feira, um dos líderes do acampamento da fazenda Santa Lúcia, onde os dez
trabalhadores rurais foram mortos, também foi assassinado a tiros na cidade de
Rio Maria, distante sessenta quilômetros do local.
Rosemildo Pereira de Almeida, o "Negão",
de quarenta e quatro anos,
deixara a comunidade em que vivia com antigos ocupantes da Santa Lúcia, porque
vinha recebendo ameaças. Ele foi executado com tiros na cabeça ao sair de uma
igreja. A Polícia Federal ainda investiga se a morte tem relação com a aludida
chacina.
( Fonte: O
Estado de S. Paulo )
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