Em um
tribunal, diante dos carrascos chineses, o que o advogado defensor da causa de Liu
Xiaobo deveria interrogar:
Primo, porque Liu não foi transferido
para o melhor hospital da China para o tratamento do câncer hepático?
Secondo, se inexiste na China tratamento
adequado para combater o câncer hepático, porque Beijing não permitiu que Liu Xiaobo viajasse ao
estrangeiro, para o lugar que lhe proporcionasse as melhores condições para a
sua eventual recuperação?
Terzo, porque o Ocidente não sinaliza
para o governo de Beijing a contradição existente no pensamento oficial chinês,
i.e., eis que segundo o Presidente da China, não existem valores que digam
respeito à Humanidade como um todo. Essa suposta lacuna ajudaria o governo
chinês a obstaculizar a causa dos defensores da democracia no Império do Meio.
A contradição que o Estado chinês oculta é a seguinte: A República Popular da China é signatária da
Declaração Universal dos Direitos Humanos!
Quattro, tal silêncio sobre a evidente contradição
chinesa visa a escamotear incômoda verdade: o governo de Beijing quer valer-se
da Declaração
enquanto ela lhe aproveita, mas se cala
com o propósito de negar pelo próprio mutismo a implícita reciprocidade. Consegue, portanto, e por
inconfessáveis motivos, pecar duplamente contra a ética: os Direitos Humanos só
valem quando tais princípios lhe aproveitam; deixam, no entanto, de ter validade
tão logo eles impliquem em peculiar compromisso
ético, da parte de quem declara abominar o jogo duplo dos trapaceiros.
(Fontes
suplementares: The Economist, Estado de
S. Paulo )
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