sexta-feira, 14 de julho de 2017

A RPC perante a Corte dos Direitos Humanos

                    
       Em um tribunal, diante dos carrascos chineses, o que o advogado defensor da causa de Liu Xiaobo deveria interrogar:

       Primo, porque Liu não foi transferido para o melhor hospital da China para o tratamento do câncer hepático?

      Secondo, se inexiste na China tratamento adequado para combater o câncer hepático, porque Beijing não  permitiu que Liu Xiaobo viajasse ao estrangeiro, para o lugar que lhe proporcionasse as melhores condições para a sua eventual recuperação?

      Terzo, porque o Ocidente não sinaliza para o governo de Beijing a contradição existente no pensamento oficial chinês, i.e., eis que segundo o Presidente da China, não existem valores que digam respeito à Humanidade como um todo. Essa suposta lacuna ajudaria o governo chinês a obstaculizar a causa dos defensores da democracia no Império do Meio. A contradição que o Estado chinês oculta é a seguinte:  A República Popular da China é signatária da Declaração Universal dos Direitos Humanos!
       Quattro, tal silêncio sobre a evidente contradição chinesa visa a escamotear incômoda verdade: o governo de Beijing quer valer-se da Declaração enquanto ela lhe aproveita,  mas se cala com o propósito de negar pelo próprio mutismo a  implícita reciprocidade. Consegue, portanto, e por inconfessáveis motivos, pecar duplamente contra a ética: os Direitos Humanos só valem quando tais princípios lhe aproveitam; deixam, no entanto, de ter validade  tão logo eles impliquem em peculiar compromisso ético, da parte de quem declara abominar o jogo duplo dos trapaceiros.


(Fontes suplementares:  The Economist, Estado de S. Paulo ) 

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