Os dados relativos a assaltos contra turistas
no Rio de Janeiro são, na verdade, o reflexo do desgoverno na antiga Cidade
Maravilhosa, e de quão rápido ela poderá sofrer dramática inflexão no fluxo de
visitantes.
De janeiro de 2016 a fevereiro de 2017,
foram registrados 6.494 roubos e
furtos a turistas (na noite de Copacabana, uma turista argentina foi
assassinada, em latrocínio, de forma torpe). Pergunto-me se o responsável por
tal brutal ataque a uma pessoa indefesa e que só queria fruir da fama da praia
de Copacabana foi acaso detido e preso, estando esperando julgamento.
Surpreender-me-ia deveras se a resposta for afirmativa. Eis que um dos
principais fautores do crime brutal, cruel e violento está em uma certeza de
não-punibilidade, que atinge, se objeto de estatística, a níveis que mais de
assustadores são vergonhosos.
Um turista é atacado a cada uma hora e
34 minutos, em uma média de 15 assaltos por dia.
Este resultado é determinado pela decadência
do Rio de Janeiro, decadência esta que se reflete nos subúrbios na dantesca
farra das balas perdidas, que resultam de PMs despreparados e de bandidos à
solta.
Quanto ao turismo, a posição do Rio
como cidade turística sofre a ameaça direta de falta de serviços essenciais
interrompidos ou afetados diretamente pela insuficiência de verbas, e pela
consequente ausência de policiamento em pontos de grande movimento. Assim, o túnel Rebouças tem sofrido ataques
de bandidos - e note-se que é a principal via de comunicação rápida entre a
zona Norte e a zona Sul. Esses ataques não são raros, e são feitos pelo
abandono das defesas da cidade contra a mala-vita.
Por outro lado, não é só de assaltos (hold-ups) que o turista deve temer.
Turista argentina, que estava acompanhada, foi morta por assaltantes, supostamente de-menores. O motivo principal de sua
morte se deve ao próprio desejo romântico de experimentar a noite na praia de
Copacabana. Note-se que não estava sozinha, mas mesmo assim foi abatida - é o
termo adequado - com crueldade e motivo fútil pelos assassinos. A certeza da
impunidade é o móvel principal desse tipo de ataque. Faz-se necessário e
imprescindível que a mão pesada da Lei caia sobre toda essa laia, que tem por
ora demasiados motivos para acreditar-se impune. Será que nunca teremos a
hom-bridade de fazer respeitar a Lei da Hospitalidade e da especial atenção aos
Estrangeiros - e os argentinos são nossos irmãos sul-americanos ! - que
pensando fruir e admirar nossas belezas
naturais, ao invés os submetemos, a eles nossos visitantes,
a tal chusma covarde, que os ataca, com a torpe e virtual certeza de impunidade,
eis que pelo visto Copacabana à noite é praia despojada de qualquer proteção,
aberta a todo gênero de sórdida experiência por essa canalha, enquanto a gente
da terra permanece a salvo, embaladas pelo egoismo e uma indiferença sem
limites a esse gênero de experiência, que é deixado a tais feras que só à noite
sóem mostrar os covardes, mas afiados e solertes dentes?
Dentre os motivos da crise financeira
do Rio de Janeiro, estão, além da corrupção desenfreada de governador que
acabou preso, a chamada Alerj
(Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). As finanças do Rio não
permitem o pagamento em dia dos aposentados e pensionistas (seria interessante
verificar se os deputados da Alerj têm acaso remuneração atrasada, como sofrem funcionalismo e aposentados).
A crise da administração do Rio de
Janeiro é muito mais grave e séria de o que desejam apresentar os próprios
responsáveis pela situação calamitosa em que se acham as respectivas finanças.
A solução - pela aparente incapacidade das autoridades estaduais (em todas as
esferas de governo) em enfrentar o problema e resolvê-lo (e não à custa dos
aposentados e do funcionalismo em geral), com o corte da corrupção na Alerj e alhures, e o afastamento da
corja corrupta que se instalou no velho Palácio Tiradentes, que desde a saída
da Capital Federal da Cidade Maravilhosa entrou em curva sem remédio e, dados
os antecedentes, com prognósticos extremamente reservados em termos de soluções
decentes e honestas.
(
Fonte: O
Globo )
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