sábado, 22 de julho de 2017

Lá vai outro mais!

                                  

        O porta-voz da Casa Branca,  Sam Spicer, também não aguentou, apesar de toda a fidelidade a Donald Trump. O estilo errático deste último, a sucessão de crises, e a falta de habilidade de querer meter goela adentro do leal funcionário um Mr Scaramucci,  como Diretor de Comunicações, alguém que Spicer não engoliria, representaram a última dose para o porta-voz.
       Entrementes, o presidente continua com o seu Tweeter infernal, acirrando quizílias e criando novos inimigos. Até a candidata democrata, Hillary Clinton,comparece na lista.
       Não é só algo nesta Administração que não parece dar bons presságios. Já a estranhíssima escolha do Povo (?) americano, com a conhecida ilegal interveniência do Kremlin - em mais um indício de que a era do decline parece haver chegado de vez - se tem mostrado, com o passar das semanas, perturbadora, na medida em que o alegado e suposto preferido dos eleitores ao invés de aglutinar as fileiras da própria Administração só semelha cuidar  de nela plantar discórdia, em uma sucessão de crises ,muitas delas diretamente atribuídas ao regista em chefe - agora, nomear para chefe de Spicer, um suposto desafeto seu; investir gratuitamente contra um fidelíssimo seu, como Sessions - vem mostrando que as incontinências verbais e o aparente descontrole emocional estão cobrando - e mais cedo do que parece - o preço de uma retribuição nixoniana que reponta ainda mal começado o segundo semestre do reino Trumpiano.
        Os grandes colunistas de Washington, como Elizabeth Drew, já sacodem a cabeça, diante dos acumulados erros e despautérios de Trump.
        Ser fidelíssimo de Donald Trump parece não mais constituir anteparo para os períodos de ressaca. Há a inquietante facilidade de desfazer-se de gente do núcleo fidelíssimo. Não é que esteja a pelejar pela continuidade do grupo primevo. O leitor sabe que não é exatamente em Mr Trump que se achavam as minhas modestas preferências sobre o que é melhor para os Estados Unidos. No entanto, com a devida vênia, parece-me percorrer os páramos próximos a Trump gélido vento que provêm do Gabinete Oval, e que só semelha excluir desse grupo de candidatos à suspeição os familiares mais próximos.
           Assim, recáem sobre os 'fidelíssimos' as acusações mais disparatadas. O principal 'pecado' de muitos destes incondicionais é ter um pouco de bom senso e desejar sair dos mares alvorotados que  cercam a Casa Branca.
         Com cumprimentos ao então diretor do FBI, que, ao ver de muitos, deu de bandeja ao seu fogoso rival a cabeça da democrata como candidata com real possibilidadesde vitória no pleito indireto, não creio, à vista desta ressaca, senão esperar um nixoniano, e, segundo as aparências do bom-senso, inevitável e inexorável final wagneriano, de mais um da estirpe do vice de Dwight Eisenhower, posto que, conforme o aviso geral, sobrasse ao rival de John Kennedy  carga de remanescente bom-senso que de muito supera a do atual morador da Casa Branca.


( Fonte: The New York Times, Elizabeth Drew )   

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