O porta-voz da Casa Branca, Sam Spicer, também não aguentou, apesar de
toda a fidelidade a Donald Trump. O estilo errático deste último, a sucessão de
crises, e a falta de habilidade de querer meter goela adentro do leal
funcionário um Mr Scaramucci, como Diretor
de Comunicações, alguém que Spicer não engoliria, representaram a última dose
para o porta-voz.
Entrementes, o presidente continua com o
seu Tweeter infernal, acirrando quizílias e criando novos inimigos. Até a
candidata democrata, Hillary Clinton,comparece na lista.
Não é só algo nesta Administração que
não parece dar bons presságios. Já a estranhíssima escolha do Povo (?)
americano, com a conhecida ilegal interveniência do Kremlin - em mais um
indício de que a era do decline parece haver chegado de vez - se tem mostrado, com o passar das semanas, perturbadora, na medida em que o alegado e suposto
preferido dos eleitores ao invés de aglutinar as fileiras da própria
Administração só semelha cuidar de nela plantar
discórdia, em uma sucessão de crises ,muitas delas diretamente atribuídas ao
regista em chefe - agora, nomear para chefe de Spicer, um suposto desafeto seu; investir gratuitamente contra um
fidelíssimo seu, como Sessions - vem mostrando que as incontinências verbais e
o aparente descontrole emocional estão cobrando - e mais cedo do que parece - o
preço de uma retribuição nixoniana que reponta ainda mal começado o segundo
semestre do reino Trumpiano.
Os grandes colunistas de Washington,
como Elizabeth Drew, já sacodem a cabeça, diante dos acumulados erros e
despautérios de Trump.
Ser fidelíssimo de Donald Trump parece
não mais constituir anteparo para os períodos de ressaca. Há a inquietante
facilidade de desfazer-se de gente do núcleo fidelíssimo. Não é que esteja a
pelejar pela continuidade do grupo primevo. O leitor sabe que não é exatamente
em Mr Trump que se achavam as minhas modestas preferências sobre o que é melhor
para os Estados Unidos. No entanto, com a devida vênia, parece-me percorrer os
páramos próximos a Trump gélido vento que provêm do Gabinete Oval, e que só semelha excluir desse
grupo de candidatos à suspeição os familiares mais próximos.
Assim, recáem sobre os 'fidelíssimos' as
acusações mais disparatadas. O principal 'pecado' de muitos destes
incondicionais é ter um pouco de bom senso e desejar sair dos mares alvorotados
que cercam a Casa Branca.
Com cumprimentos ao então diretor
do FBI, que, ao ver de muitos, deu de bandeja ao seu fogoso rival a cabeça
da democrata como candidata com real possibilidadesde vitória no pleito
indireto, não creio, à vista desta ressaca, senão esperar um nixoniano, e,
segundo as aparências do bom-senso, inevitável e inexorável final wagneriano,
de mais um da estirpe do vice de Dwight Eisenhower, posto que, conforme o aviso
geral, sobrasse ao rival de John Kennedy carga de remanescente bom-senso que de muito
supera a do atual morador da Casa
Branca.
( Fonte: The New York Times, Elizabeth Drew )
Nenhum comentário:
Postar um comentário