Há muitas dúvidas na imprensa americana
sobre se a presidência de Donald Trump resistirá às diversas questões em que se
engajou, máxime na esfera constitucional, sobretudo se ele terá condições de sobreviver
até o final do primeiro mandato.
Nesse contexto, muitas comparações têm
sido feitas com outro Presidente, que apesar de mais hábil e experiente do que
Trump, caíu nas malhas do impeachment.
Trata-se de Richard Nixon, que como é
amplamente conhecido cairia vítima da rede de mentiras e de esquemas
inconstitucionais por ele mesmo lançados.
Dentre esses expoentes do jornalismo -
não se trata, por conseguinte,de oportunistas, mas de veteranos conceituados no
campo da política, que nutrem muitas dúvidas sobre as possibilidades de que
Trump venha a escapar das malhas da investigação americana, está politóloga de
conhecido renome que é Elizabeth Drew.
Dentre os quatorze livros que escreveu, ressalta o "Diário de Washington:
Cobrindo Watergate e a Queda de Richard Nixon", que teve mais uma edição
revista e republicada em 2014.
Drew escreveu para a "New York
Review of Books" um artigo "Trump: a Presidência em Perigo". Mas
os perigos contra Trump continuam a repontar e a multiplicar-se.
Dessarte, filtrou do último G-20 que Trump
não se cingira a ter uma longa conversa com
o seu amigo e protetor, Vladimir Putin. Agora tornou-se do conhecimento público
que na mesma reunião internacional, ele mantivera outra reunião com Putin, que
a Casa Branca mantivera em segredo até agora.
Dada a natureza de tais relações, há de
parecer bastante estranho que o presidente estadunidense se reúna com Putin,
sem que os temas tratados hajam sido levados ao conhecimento dos órgãos
competentes americanos.
A par disso, por uma série de erros - a
começar pela maneira com que afastou James Comey, o diretor do FBI (que teve um
papel demasiado saliente na divulgação antecipada de notícias que depois não se
confirmaram, mas que, não obstante, foram levadas ao conhecimento do povo
americano, notadamente os votantes antecipados na eleição, de que haveria
problemas sérios contra a candidata Hillary no computador do marido da
principal secretária de Hillary, Huma Abedin).
Até hoje não se sabe ao certo a razão de tais imprudentes comunicados ao
povo americano - ainda mais tendo presente que a legislação americana proíbe o
investigador de fazer tal tipo de comunicado em época eleitoral, por óbvios
motivos. James Comey foi posteriormente demitido do FBI, por Donald Trump, e até hoje se desconhecem
as razões da decisão do presidente
Por outro lado, o Conselheiro Especial Robert
Mueller está investigando as relações do Presidente com a Rússia de Putin.
Trump já manifestou desejos de demitir o experiente Mueller, por motivos que se
podem presumir mas não saber ao certo. Em paralelo com seu antecessor também
atingido pelo impeachment - no caso,
Richard Nixon - este presidente conseguira afastar o promotor Archibald Cox,
mas tal providência não impediria que fosse decretado o seu impeachment.
Há muitas suspeitas de que Trump e sua
entourage estariam envolvidos em manobras que são passíveis de impeachment. Dentre esse grupo, surgiu
vazamento relativo a uma "pessoa de interesse", dentro da entourage
do Presidente. Tal pessoa seria o
próprio genro de Trump, a quem o Presidente, pela própria capacidade e a
confiança que nele tem, vem delegando uma série de missões delicadas.
No entanto, a jurisprudência
relativa ao impeachment pode ser
bastante elástica, se se trata de determinar responsabilidade. Por definição, as
impeachable faltas não se limitam apenas
ao presidente, mas podem estender-se a
auxiliares de sua reconhecida confiança, como Jared Kushner, genro do
presidente, a quem Trump delega muitas missões delicadas. Se determinado que o
referido auxiliar cometeu alguma falta passível de impeachment, será como se o próprio presidente a tivesse cometido.
( Fontes: The New York
Review, Elizabeth Drew; Washington Post )
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