Por mais que o neguem, é próprio do
jornalista e, em consequência do jornal, apreciar as informações que colhe do
Poder sobre conflitos de opinião.
Quanto mais irritado e espontâneo esteja
o entrevistado, maior será para o veículo de informação o interesse sobre o que
o personagem tem a admitir.
O temperamento do atual Presidente,
Donald Trump, o predispõe a ser 'prato' para o profissional que logre entrevistá-lo,
eis que más notícias sóem ser acolhidas com favor, dadas as circunstâncias e o
tempero que trazem, que é potente ativante
do interesse público, em geral cansado com os habituais lugares comuns e as
fórmulas de eludir o que está por trás da pergunta.
Não se vá acaso pensar que Trump seja
um iniciante em política, mas na realidade o seu ego é grande demais, para que
logre controlá-lo. Por isso, não nos devem surpreender os seus reclamos contra
o republicano Senador Jeff Sessions, a despeito da extrema lealdade demonstrada
quando de seu depoimento aos antigos companheiros no Senado.
Não é todo dia que um desabafo presidencial
chega bruto e com todas as imperfeições ao conhecimento do ávido grande
público. Ao agir assim, o comportamento de Trump não se distingue daquele de um
iniciante na política.
Trump não hesita em tornar público o
próprio desentendimento com um de seus mais antigos (e fiéis) correligionários,
ao revelar a decisão de Sessions de recusar-se a assumir o caso da investigação
das relações de Trump com a Rússia. Se tinha tal disposição, nas palavras de
Trump, ele deveria informar o Presidente, que então escolheria outro para o
lugar dele.
'Prato adicional' da entrevista foi
James B. Comey, o diretor do FBI, que ele demitiu em maio último. Supostamente,
Comey teria tentado valer-se de maço de material comprometedor para manter o
lugar.
E para não deixar pedra sobre pedra, também
atacou Robert S.Mueller, o respeitado conselheiro
especial que chefia a investigação da intromissão russa na eleição do ano
passado.
Por isso, Trump pode ser injusto em
atribuir a Sessions a designação do Conselheiro Especial, que lhe tem trazido
desgaste político nos últimos seis meses. Por outro lado, a investigação de
Mueller o incomoda. Entrementes cai na negação, ao dizer que está sob
investigação. E a sua resposta ao jornalista traz muito do pathos do
investigando: "Tanto que ele saiba, não está sob investigação". E aduz: "Eu não acho que nós estejamos
sob investigação. Por quê? Eu não fiz nada errado."
Tem-se a impressão ao ler tal
resposta, que Richard Nixon está de volta...
Quanto à sua adversária, Hillary
Clinton, Trump procurou negar que estivesse interessado (na campanha) em obter
material contra a candidata democrata. A respeito disso, a despeito dos e-mails relativos à obtenção de material incriminante
acerca da candidata democrata, Donald Trump disse "que ele não precisava
desse material da Rússia acerca de Mrs. Clinton eis que no ano passado já dele dispunha
de mais de o que precisava".
Trump não sai bem da entrevista.
Dá a impressão de mesquinhez para com auxiliar que o defendeu com pertinácia em
todas as perguntas que lhe dirigiram os antigos companheiros no Senado, além de
exibir o conhecido ego que com toda a grandeza que se atribui deixa ver um
extremo egoismo.
( Fonte: The New York Times )
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