domingo, 16 de outubro de 2016

Saudades de Dilma ?

                                   
        O egoismo tem limites, que são ditados ou por uma postura ética, ou pelo bom senso. Naquela época em que hesitara bastante entre se tentava a segunda reeleição, mesmo ao arrepio da Constituição, dando uma do finado Hugo Chávez, ou se indicava alguém de sua estrita confiança, como pensou fosse o caso com Dilma Rousseff, sua chefa de Gabinete,  o nosso primeiro torneiro mecânico que virou Presidente da República acabou pendendo para a alternativa.

         A História, esta empertigada Senhora de pince-nez, que quando dá a luz de sua graça, os interessados já todos dormem profundamente como no poema de Manuel Bandeira, nos há de dizer que a escolha, posto que interesseira, errou feio, pois além de ignorar o garrafal despreparo da discípula - afinal ela não era a chefe de gabinete, no estilo parlamentarista, que pairasse sobre a cambada dos ministros, como espertamente o nosso operário que mais longe foi na República nos queria empulhar - na verdade o que Lula desejara - e infelizmente conseguiu - era evitar passar o cargo para alguém que tivesse vôo próprio e, pior ainda, entendesse do riscado.

         Nada mais egoísta e míope, e, por conseguinte, estúpido, pois não se deve entregar o Brasil a quem não tem competência para tanto. Por isso, e nunca procurei iludir os meus leitores, que ser egoísta no capítulo, é pecar duplamente.

          Além de entregar irresponsavelmente as chaves do tesouro a quem não estava preparada para tal encargo, ao mesmo tempo se assinou, e com firma reconhecida, a cumplicidade nesse triste projeto de descalabro político e econômico.

          Vejam, senhores passageiros do bonde Brasil, por onde encontrem o belo tipo faceiro que optou por tomar o Rum Creosotado. Não sei aonde o diabo o meteu.

         E, no entanto, pasmem, pois até os japoneses reconhecem o sisudo Senhor Michel Fora Temer, que por aquelas paragens já andou.

            Temos que nos ver livres das  Loucuras de Dilma que nada têm a ver com as promoções natalinas das lojas do Saara.

            Na verdade, como assinala a Folha em sua primeira página, os subsídios financeiros e as desonerações tributárias para o setor dito produtivo - a chamada "Bolsa Empresário" - resistem  ao ajuste fiscal adotado pelo Governo Temer.

             Os programas somarão R$ 224 bilhões em 2017, ou cerca de  3,4% do PIB do Brasil.

            Nesses termos, as principais ações de apoio à indústria devem consumir recursos equivalentes aos gastos efetuados no Governo Dilma Rousseff, mais a correção pela inflação.

            Para partidos aliados do Governo Temer, esse apoio bilionário é uma das raízes do descontrole das contas estatais. Caso o teto de gastos públicos seja aprovado pelo Congresso, será preciso reduzir programa, como esse de incentivos, para gastar mais em saúde e educação.



( Fonte: Folha de S. Paulo, Manuel Bandeira )



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