Publicar só o que se deva?
Inquietante e contraditória essa
posição do New York Times. Os seus exemplares
ostentam o princípio de que só se deve publicar o que seja apropriado. No
entanto, parece e não só à primeira vista, antiética, abusiva e ilegal a sua decisão de imprimir como se fossem wikileaks excertos dos e-mails da campanha de Hillary Clinton,
quando se trata na verdade de material hacked
por agentes russos trabalhando em favor do candidato favorecido por Vladimir
Putin ao posto de Presidente dos Estados Unidos.
Dada a estranha inclinação de Donald
Trump pelo autocrata russo, em quem o incrível candidato republicano consegue
ver alguém que possa ajudar a América (do Norte), é no mínimo estranho que o
supostamente ético mega-jornalão da Costa Leste americana apareça agora
publicando correspondência ilegalmente obtida por hackers
russos, com o único propósito de prejudicar a candidatura de Hillary Clinton.
Vale tudo para os amigos, inclusive
invadir correspondência privada com o objetivo não só de tentar influenciar a campanha
presidencial americana, mas também e sobretudo buscar evitar a derrota do
amigão Trump, que é o precípuo objetivo desse gangster chamado Vladimir Vladimirovich
Putin, que faz tempo introduziu na
Rússia os métodos do crime organizado, como evidenciado pela americana Karen
Dawisha, professora na Miami
University, em Oxfort, Ohio e autora do livro 'Putin's Kleptocracy',
publicado por Simon & Schuster, New York ?
Teto nos gastos públicos
O governo do Presidente Michel
Temer vai empenhar-se a fundo pela aprovação por votação na Câmara dos
Deputados do teto dos gastos públicos, que está marcada para hoje.
O governo Temer decidiu fazê-lo
através de PEC - proposta de emenda constitucional. Essa PEC a ser criada limitaria o crescimento
da despesa no setor público à variação da inflação no ano anterior.
A Administração Temer considera tal medida como essencial para a
recuperação econômica e a diminuição do
desemprego. A expectativa do Governo é
ter o apoio de trezentos e cinquenta deputados, acima dos 308
constitucionalmente necessários.
Delação de Marcelo Odebrecht - reações
do empresário.
Não foi nada fácil a produção da chamada
delação premiada de Marcelo Odebrecht. Reportagem da Folha de hoje, sob o
título "Resistência de Odebrecht quase naufragou delação" revela os
percalços enfrentados para a obtenção do acordo do empresário com os
Procuradores do Ministério Público.
Em resumo, nas reuniões de
negociação, o empresário Marcelo Odebrecht entrara em atrito com os advogados
da empreiteira e integrantes da Força Tarefa da Lava Jato. Chegou mesmo a alegar inocência em vários crimes
atribuídos a executivos da empresa.
Porém a pressão da Lava-Jato acabou funcionando, pois
diante da possibilidade de que malograsse a colaboração premiada, Marcelo
optou por admitir participação direta
nos delitos.
Segundo revela a reportagem da Folha hoje publicada, o momento de maior
tensão nas tratativas aconteceu em setembro, na segunda das três entrevistas
realizadas pelos Procuradores da República (já aludidas anteriormente) . Tal
reunião visava a definição pelo empresário dos assuntos que iria abordar na
colaboração com a Justiça.
Desta reunião, além de Marcelo
Odebrecht e dos Procuradores, teve também a participação do defensor
pessoal de M. Odebrecht, o ex-procurador
da República Luciano Feldens, assim como de advogados da empreiteira.
Feldens trabalhava com o
empresário na elaboração dos anexos com
os assuntos da colaboração.
De início, nessa entrevista Marcelo
Odebrecht afirmou que não tinha responsabilidade sobre vários dos crimes
apurados e, nesse sentido, questionou o fato de a pena dele ainda não estar
sendo definida. Por outro lado, inculpou apenas a funcionários da empresa pelas
ilicitudes.
Após ser condenado na Lava-Jato, ele comentou em reunião que
um dos advogados da empresa havia dito que estava negociando com a força-tarefa
para que ele saísse da prisão em três meses. Os procuradores negaram tal
possibilidade, o que o deixou irritado.
Sinalizaram então os procuradores
que aquela conduta poderia levar a delação a naufragar. Passaram a dizer que
Marcelo não estava contribuindo da maneira como esperavam e, por conseguinte, o
empreiteiro estava "de bola preta" (quando se nega a candidato a
sócio o ingresso no clube).
Em seguida, os advogados da
Odebrecht tentaram convencê-lo a mudar de atitude, o que o deixou ainda mais
nervoso.
Visivelmente alterado, Marcelo Odebrecht
passou a discutir com os defensores da própria empresa, gerando o previsível
constrangimento. Por isso - e como os gritos eram ouvidos do corredor - a
reunião teve de ser suspensa.
Mais tarde, quando a entrevista
foi retomada, Marcelo Odebrecht disse aos procuradores que havia pensado no
futuro de sua família e iria cooperar, revelando como havia atuado nos crimes.
Após a entrevista, foi realizada outra
reunião na qual o empresário admitiu sua participação em delitos. Ao cabo, a
força-tarefa considerou o conteúdo dos
relatos de Marcelo Odebrecht um grande feito para a Lava-Jato.
A consequência da realização de o
que significava a sua confissão foi a sua volta, deprimido, para a
carceragem. Segundo pessoas que
convivem com ele na Superintendência da
PF, a delação não fez bem para o
empreiteiro, que ficou alguns dias melancólico e mais calado.
Os temas da delação foram
definidos na semana passada e são mantidos em sigilo, mas segundo apurou a
reportagem da Folha o empresário
delatará repasses feitos aos
ex-Ministros Antonio Palocci e Guido Mantega pela divisão da empresa dedicada a
pagar propinas, assim como a atuação dos dois ex-titulares da Fazenda para
favorecer a Odebrecht.
No momento, os advogados
negociam as penas e benefícios de seus clientes. Há 52
delatores no caso e o número de
funcionários que vão colaborar com a delação, mas não serão incriminados pela
força-tarefa já passa de vinte.
Conforme informado pela Folha,
os procuradores querem que Marcelo Odebrecht cumpra quatro anos em regime
fechado. Executivos da empreiteira julgam o tempo exagerado.
Pelas contas de profissionais
que atuam no caso, ainda serão necessários mais quinze dias de negociação das penas, um mês e meio de
depoimentos de delatores, além de outros quinze dias até que os termos cheguem
ao ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, responsável pela
aprovação do acordo.
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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