segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Colcha de Retalhos D 43

          

Publicar só o que se deva?
      

       Inquietante e contraditória essa posição do New York Times. Os seus exemplares ostentam o princípio de que só se deve publicar o que seja apropriado. No entanto, parece e não só à primeira vista, antiética, abusiva e ilegal  a sua decisão de imprimir como se fossem wikileaks excertos dos e-mails da campanha de Hillary Clinton, quando se trata na verdade de material hacked por agentes russos trabalhando em favor do candidato favorecido por Vladimir Putin ao posto de Presidente dos Estados Unidos.
       Dada a estranha inclinação de Donald Trump pelo autocrata russo, em quem o incrível candidato republicano consegue ver alguém que possa ajudar a América (do Norte), é no mínimo estranho que o supostamente ético mega-jornalão da Costa Leste americana apareça agora publicando correspondência ilegalmente obtida por  hackers russos, com o único propósito de prejudicar a candidatura de Hillary Clinton.
       Vale tudo para os amigos, inclusive invadir correspondência privada com o objetivo não só de tentar influenciar a campanha presidencial americana, mas também e sobretudo buscar evitar a derrota do amigão Trump, que é o precípuo objetivo desse gangster chamado Vladimir Vladimirovich Putin,  que faz tempo introduziu na Rússia os métodos do crime organizado, como evidenciado pela americana Karen Dawisha,  professora na Miami University, em Oxfort, Ohio e autora do livro 'Putin's Kleptocracy', publicado por Simon & Schuster, New York ?

Teto nos gastos públicos


       O governo do Presidente Michel Temer vai empenhar-se a fundo pela aprovação por votação na Câmara dos Deputados do teto dos gastos públicos, que está marcada para hoje.
         O governo Temer decidiu fazê-lo através de PEC - proposta de emenda constitucional.  Essa PEC a ser criada limitaria o crescimento da despesa no setor público à variação da inflação no ano anterior.
         A Administração Temer  considera tal medida como essencial para a recuperação econômica  e a diminuição do desemprego.  A expectativa do Governo é ter o apoio de trezentos e cinquenta deputados, acima dos 308 constitucionalmente necessários.


Delação de Marcelo Odebrecht - reações do empresário.        


           Não foi nada fácil a produção da chamada delação premiada de Marcelo Odebrecht. Reportagem da Folha de hoje, sob o título "Resistência de Odebrecht quase naufragou delação" revela os percalços enfrentados para a obtenção do acordo do empresário com os Procuradores do Ministério Público.
           Em resumo, nas reuniões de negociação, o empresário Marcelo Odebrecht entrara em atrito com os advogados da empreiteira e integrantes da Força Tarefa da Lava Jato. Chegou mesmo a alegar inocência em vários crimes atribuídos a executivos da empresa.
           Porém a pressão da Lava-Jato acabou funcionando, pois diante da possibilidade de que malograsse a colaboração premiada, Marcelo optou  por admitir participação direta nos delitos.
           Segundo revela a reportagem da Folha hoje publicada, o momento de maior tensão nas tratativas aconteceu em setembro, na segunda das três entrevistas realizadas pelos Procuradores da República (já aludidas anteriormente) . Tal reunião visava a definição pelo empresário dos assuntos que iria abordar na colaboração com a Justiça.
           Desta reunião, além de Marcelo Odebrecht e dos Procuradores, teve também a participação do defensor pessoal  de M. Odebrecht, o ex-procurador da República Luciano Feldens, assim como de advogados da empreiteira.
          Feldens trabalhava com o empresário  na elaboração dos anexos com os assuntos da colaboração.
           De início, nessa entrevista Marcelo Odebrecht afirmou que não tinha responsabilidade sobre vários dos crimes apurados e, nesse sentido, questionou o fato de a pena dele ainda não estar sendo definida. Por outro lado, inculpou apenas a funcionários da empresa pelas ilicitudes.
          Após ser condenado na Lava-Jato, ele comentou em reunião que um dos advogados da empresa havia dito que estava negociando com a força-tarefa para que ele saísse da prisão em três meses. Os procuradores negaram tal possibilidade, o que o deixou irritado.
           Sinalizaram então os procuradores que aquela conduta poderia levar a delação a naufragar. Passaram a dizer que Marcelo não estava contribuindo da maneira como esperavam e, por conseguinte, o empreiteiro estava "de bola preta" (quando se nega a candidato a sócio o ingresso no clube).
            Em seguida, os advogados da Odebrecht tentaram convencê-lo a mudar de atitude, o que o deixou ainda mais nervoso.
             Visivelmente alterado, Marcelo Odebrecht passou a discutir com os defensores da própria empresa, gerando o previsível constrangimento. Por isso - e como os gritos eram ouvidos do corredor - a reunião teve de ser suspensa.
             Mais tarde, quando a entrevista foi retomada, Marcelo Odebrecht disse aos procuradores que havia pensado no futuro de sua família e iria cooperar, revelando como havia atuado nos crimes.
             Após a entrevista, foi realizada outra reunião na qual o empresário admitiu sua participação em delitos. Ao cabo, a força-tarefa considerou  o conteúdo dos relatos de Marcelo Odebrecht um grande feito para a Lava-Jato.
              A consequência da realização de o que significava a sua confissão foi a sua volta, deprimido, para a carceragem.  Segundo pessoas que convivem  com ele na Superintendência da PF, a delação não fez bem para  o empreiteiro, que ficou alguns dias melancólico e mais calado.
               Os temas da delação foram definidos na semana passada e são mantidos em sigilo, mas segundo apurou a reportagem da Folha o empresário delatará  repasses feitos aos ex-Ministros Antonio Palocci e Guido Mantega pela divisão da empresa dedicada a pagar propinas, assim como a atuação dos dois ex-titulares da Fazenda para favorecer a Odebrecht.
                No momento, os advogados negociam as penas e benefícios de seus clientes.  Há 52 delatores no caso e  o número de funcionários que vão colaborar com a delação, mas não serão incriminados pela força-tarefa já passa de vinte.
                 Conforme informado pela Folha, os procuradores querem que Marcelo Odebrecht cumpra quatro anos em regime fechado. Executivos da empreiteira julgam o tempo exagerado.
                  Pelas contas de profissionais que atuam no caso, ainda serão necessários mais quinze dias de  negociação das penas, um mês e meio de depoimentos de delatores, além de outros quinze dias até que os termos cheguem ao ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, responsável pela aprovação do acordo.


( Fonte: Folha de S. Paulo )        

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