domingo, 30 de outubro de 2016

O escândalo dos e-mails

                                        
         Com referência ao artigo de ontem, e a possível incidência de investigação do FBI acerca do ex-deputado Anthony Weiner na votação presidencial, aumentou a raiva dos democratas contra esse político - que tentara recuperar o próprio mandato em  2013 para consternação de muitos.
         Antes casado com Huma Abedin, a respeitada assessora de Hillary, veio agora a lume a apreensão pelo FBI das comunicações por e-mail dessa assessora da candidata democrata à presidência.
           Há muita raiva, de resto compreensível, com mais esse episódio ligado a e-mails concernentes à candidata democrata. O que mais provoca espécie é o inusitado e estranho timing de outra exposição de e-mails relacionados com Hillary, nesse caso através de sua respeitada assessora Huma Abedin.
            Quem não é respeitado, sendo na verdade desprezado pelo estamento democrata, é o ex-político Anthony Weiner, já desmoralizado pelos numerosos escândalos sexuais a ele ligados.
            Dessarte, a reação dos democratas ao saber que o FBI não só apreendera o maço de Huma Abedin (o que inclui comunicações relativas ao ex-deputado), mas também, antes de verificar da procedência de suspeitas quanto a e-mails concernentes à candidata, teria levantado a questão em comunicações diretas para as lideranças congressuais, provocando fortes e previsíveis reações diante de tal iniciativa, jamais vista anteriormente - e por compreensíveis e fundadas razões - dada a possibilidade de prejudicar a candidata democrata, sem qualquer base válida.
            Que tal tipo de iniciativa jamais tenha sido ousada no passado é mais do que explicável pela delicadeza do tema e da necessidade de preservar a campanha presidencial, nas suas semanas derradeiras, de especulações destituídas de fundamento e de influências espúrias e indeterminadas. Entende-se, por conseguinte, a observação feita em declaração oficial pela respeitada Senadora Dianne Feinstein: "O FBI tem uma história de extrema cautela nas cercanias do Dia da Eleição, de modo a não influenciar-lhe os resultados. A quebra hodierna nesta tradição é apavorante (appalling)"[1].
            A ambígua posição adotada pelo  Sr. James Comey tem sido contestada tanto pela candidata democrata Hillary Clinton,  quanto pela alta direção do Departamento de Justiça, a que está subordinado o diretor do FBI.
            No que concerne a seus superiores hierárquicos, a estranha atitude do diretor do FBI foi objeto de determinações inequívocas. Recebeu ele claras e explícitas recomendações de :
(a) não falar acerca das investigações penais em curso;
e (b) ser visto ou ouvido  intrometendo-se em questões e assuntos relativos às próximas eleições.
               Por sua vez, a candidata democrata, ficou surpresa com a atitude sem paralelo do Diretor do FBI, ao encaminhar para as lideranças do Congresso (i.e., os republicanos) a comunicação sobre a nova alteração no que concerne à questão dos e-mails (a despeito de não haver ainda determinado se e-mails no maço da Senhora  Huma Abedin  têm alguma relevância para as investigações).
               Por isso, Hillary Clinton ataca o diretor James Comey, verberando a sua inopinada e imprevista decisão sobre os novos e-mails  como profundamente perturbadora (deeply troubling).
              Além disso, Hillary acusa o diretor do FBI de difamá-la com alusões e indiretas, ao ensejo de entrarem na última fase da campanha.

( Fonte: The New York Times )




[1] Ontem, a tradução dada a 'appalling' fora 'lamentável', que, na verdade, não corresponde à força do vocábulo em inglês, como dada na lição do dicionário Houaiss Inglês-Português: apavorante, aterrorizante.

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