Apesar de não ser esperado, Nicolas Maduro acha que o
constrangimento pode funcionar a seu favor na Cúpula Iberoamericana, a
realizar-se em Cartagena, na Colômbia.
Como Venezuela e Colômbia têm relações
satisfatórias, Maduro não espera encontrar muitos obstáculos nessa reunião,
apesar de vários países o vejam como
estranho fora do ninho na cúpula iberoamericana.
O trunfo principal de Maduro está na
sua interação com o governo de Juan Manuel Santos, o novo presidente
colombiano. Maduro tem trabalhado junto com o colombiano Santos, nas
conversações com as Farc e o ELN, eis que a ajuda logística e de inteligência dos venezuelanos nesta área
é fundamental.
Por carecer do auxílio de Maduro nos
contatos com as organizações da antiga guerrilha, Juan Manuel Santos é um dos
poucos presidentes latino-americanos que é parcimonioso nas críticas ao
Presidente da Venezuela.
Talvez por causa da ausência de
Maduro, o fato é que a adesão à greve geral não foi completa. Além disso, a
ameaça de Nicolás Maduro, ao afirmar que "tomaria" ou "nacionalizaria"
as empresas que aderissem à greve, fez com que muitas optassem por deixar as
portas (ou os portões) abertos.
Quanto ao chamado "julgamento
político e penal" de Maduro, o sucessor de Hugo Chávez optou, como é seu
vezo, em partir para a ignorância.
Como ele domina todo o aparato
dito "bolivariano" da segurança estatal, as ameaças do presidente
venezuelano até que foram levados a
sério pelos deputados. Não sei se a
oposição terá presentes os julgamentos feitos pela Convenção contra os inimigos do Povo.
Assim, bazófia ou não, terá
levado a uma atitude mais prudencial da Assembléia Nacional, haja vista as
ameaças brandidas por Maduro: "Se fizerem um suposto julgamento político
que não esteja em nossa Carta Magna, a Procuradoria deve pedir aos tribunais de
Justiça e levar à prisão todos os que violem a Constituição, ainda que sejam
deputados."
Maduro desobedece os preceitos
que regem o procedimento relativo à assinatura pela população da revogação da
eleição do Presidente, recurso este que é constitucional, e a que, a seu tempo,
se curvou o Presidente Hugo Chávez, submetendo-se a esse pleito que visa
determinar se a população vota em favor ou não da revogação do mandato
presidencial.
Dessa maneira, a obediência de
Maduro aos dispositivos constitucionais é condicional, sujeita à própria
conveniência...
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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