Nicolas Maduro, apesar
das manifestações gigantescas da Oposição, tem desconhecido a voz das
multidões, a situação catastrófica do país, e se negado por vezes repetidas a
autorizar o referendo revocatório. Não bastaram para ele as concentrações
multitudinárias que se realizaram nessas últimas semanas.
Ao invés de curvar-se diante da saída
constitucional do Referendo, Maduro vem dolosamente criando condições para
negar, na prática, tal possibilidade que é prevista pela Constituição da
Venezuela.
De forma bastante significativa, a
atitude de Nicolas Maduro difere da tomada por seu antecessor e criador, o
presidente Hugo Chávez, que não
fugiu do referendo revocatório, proposto pela Oposição. Chávez enfrentaria e
venceria o referendo.
Maduro, pela sua marcante mediocridade e
incapacidade administrativa, é o principal responsável pelo atual desgoverno na
Venezuela. Dadas as suas
características, não surpreende, por conseguinte, que haja determinado ao ente
estatal encarregado de realização do referendo, de recorrer à procrastinação e,
mesmo, à fraude declarada quanto a sua suposta incapacidade de realizar essa
inovação - introduzida por Hugo Chávez na Constituição venezuelana - e que
possibilita o norte-americano recurso ao recall,
diante de administração que acumule altos percentuais de discordância, como é
exatamente o caso do atual governo do incompetente Nicolás Maduro.
A situação que atravessa a Venezuela foi
criada pelos sucessivos governos chavistas. No tempo das vacas gordas, com o petróleo Brent bem cotado no mercado
internacional, acudiu a Chávez a brilhante idéia de transformar o que pensava
fossem ganhos permanentes em instrumentos de política econômica, i.e. a
concessão de petróleo a preços
subsidiados aos países do grupo pro-chavista (notadamente, Cuba e Nicarágua).
A
política de Chávez criou as condições para o desastre futuro. Considerando o
aleatório como permanente, Chávez enjeitou valer-se do petróleo e do
consequente saldo em dólares como um instrumento para novos investimentos, que
aumentassem os bens de capital da Venezuela. Desconsiderou, inclusive, a
situação da empresa estatal encarregada da exploração do Petróleo. Contribuiria
assim o seu relativo desleixo à queda do Ente Nacional venezuelano na produção
de petróleo, por problemas de deficiência nos investimentos destinados a manter
a sua capacidade produtiva.
No entanto, a despeito dos gastos
excessivos em promoção política para os países da chamada Alba (Associação de países bolivaríanos), Chávez desperdiçou muitas
divisas promovendo movimentos filo-chavistas ou assemelhados na América Latina
(Cuba, Nicarágua, Equador e a Argentina peronista).
Chávez tampouco parece ter lido a
fábula sobre a cigarra e a formiga... No entanto, um câncer iria abreviar seu governo e poupá-lo dos dissabores dos seus
erros políticos e econômicos.
Como seu sucessor - no que
manifestou a habitual falta de discernimento dos homens fortes - indicou a
Nicolás Maduro. Este ex-caminhoneiro tem sido ruinoso para a Venezuela.
Além da queda no valor do petróleo
- que é, na prática, a monocultura da Venezuela, assim como em séculos passados
o Brasil colônia nasceu com o pau-brasil, prosseguiu com os engenhos de açúcar,
passou ao ouro de Minas Gerais, e foi adiante com o algodão e o café, até dar
os seus primeiros passos na indústria no século XX.
Depois da descoberta do chamado
ouro-negro, a Venezuela pensou adentrar a terra da Cuccagna (fartura).
A situação hoje gerida por Nicolas Maduro reflete genuína
incompetência, além de falta de qualquer sentido de planejamento, com os consequentes
desperdícios, e a condição realmente excepcional da pobre Venezuela, com
gravíssimo problema de abastecimento, perda de capacidade produtiva na
exploração do petróleo pelo tratamento disfuncional reservado à produção e ao
refino desse valioso produto.
Para resumir, por força da corrupção
do núcleo central do chavismo, da incompetência de seus líderes (a começar pelo
próprio Maduro), a disfuncionalidade é o traço marcante da economia e do
mercado da Venezuela. Além talvez da
mais alta inflação do planeta, de parque fabril que se tornou ferro velho, e a pífia produção do ouro negro, já não mais
remunerado com três algarismos, havendo caído no mercado internacional para níveis historicamente muito baixos, não
é muito difícil saber a razão pela qual há descomunal inflação na
Venezuela, o abastecimento estando muito
afetado pela crise econômica (além do detalhe de que o índice de industrialização da Venezuela
é bastante fraco, e portanto, só com a moeda forte do dólar, e intercâmbio
proveitoso e lucrativo surge nesse país um mercado que tenha condições de
prover as necessidades do povo venezuelano).
Tampouco há de surpreender
que os índices de criminalidade sejam muito altos, a inflação só tenda a
crescer. Os únicos que estariam bem são os elementos do partido
chavista que lidam com o tráfico de drogas, mas esse suposto "ponto
favorável" na verdade é um sinal
vermelho da crise terminal que dá cada
vez mais a impressão de atravessar e de forma irrecuperável o "poder
chavista", que além do medíocre Nicolás Maduro, tem um poleiro recheado de
chavistas de carteirinha, com Diosdado Cabello à frente.
Como um parasita que se
apossou de tudo o que resta na economia venezuelana, não surpreende que Nicolás
Maduro e o seu ridículo regime forte não queira nem possa admitir a
possibilidade de realizar o referendo revocatório. A situação de desgoverno é
tal, a injustiça cresce de tal modo, que toda eleição, se não roubada, levará à
vitória da oposição.
Esse fator em economia
com uma das mais altas inflações do planeta, com moeda cujo valor tende para zero,
vivendo no inferno do desabastecimento, tudo isso misturado - e com o adendo do
regime desonesto e fundamente iníquo - tudo isso, repito, representa uma situação que se agrava não mais em
progressão aritmética, mas geométrica, o que nos indica que os truques, os
artifícios e as artimanhas do Señor
Nicolás Maduro se afiguram cada vez de voo mais curto. Não sei que forma
tomará o fim do seu governo e do Partido Chavista, que adentra cada vez mais o
chavascal por ele próprio criado. Espero que seja rápida e definitiva, mas, se
possível, de forma incruenta.
O modo, no entanto, com
que o 'Presidente' Maduro dá a impressão de preparar este fim inelutável não
semelha dar fundamento a que se mantenha a fábula de partida a ser anunciada de
modo composto e ordenado. Ao invés dessa cantiga de ninar, a cada semana cresce,
com o humanamente natural e mais do que compreensível acréscimo de raiva e
violência por todo o mal que esse bando de estafermos que manchou de forma
abusiva nome e imagem do grande Simón Bolívar, e de tal maneira, a ser crescentemente
insuscetível a que as múltiplas nódoas possam vir a ser retiradas de forma
humanamente consensual e suportável.
Em outras palavras, os
ponteiros do relógio do descalabro já estão muito avançados, para que o fim do
chavismo ainda possa vir a ser espetáculo para todas as idades.
( Fontes: Folha de S. Paulo, The Economist; Venezuela: Visões
brasileiras)
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