Após passar no vestibular do
Itamaraty, com o ingresso no Instituto Rio Branco, obviamente não havia mais
tempo livre para temporadas em São Paulo. Soube mais tarde que o padrinho
tomara ciência pelo Diário Oficial do primeiro lugar no vestibular
do Instituto Rio Branco. Foi algo que me deu muito prazer saber, pois o tio
conhecia da dificuldade desse exame. Naquele tempo (1957) se realizava somente
no Rio de Janeiro.
Mais tarde, creio que o revi em uma
de suas vindas ao Rio, embora já não mais falasse em Valentim Bouças, pois a
administração Vargas findara tragicamente, viera o interregno Café Filho, com
Eugênio Gudin na Fazenda, e mais tarde o curto período de Nereu Ramos, que tomara posse após o episódio em que o Presidente
da Câmara Carlos Luz tivera triste protagonismo.
Vinham os anos JK, que uma vez transcorridos, nos deixariam saudades, pela sua
democracia, a realizada promessa e a destreza do Presidente, que navegou por aqueles
anos, pontuados por intentos de
quartelada, que a política de Juscelino faria esquecer depressa.
Concluído o primeiro ano do curso
do Rio Branco, e aproveitando as férias de verão, fomos a São Paulo Porto
Alegre e Rio Grande. Acompanhando minha
avó Cidalízia, arranchei-me no mesmo quarto, ao passar pela casa da Turquia,
26.
Aproveitando as férias de verão, fomos a São
Paulo, Porto Alegre e Rio Grande. Acompanhando minha avó Cidalizia,
arranchei-me no mesmo quarto, ao passar pela casa da Turquia, 26.
Achei o Chico mais magro. Rumamos,
em seguida, para o Sul, onde nos ajeitamos - com mais conforto - na residência
de minha avó Lucinda. Festejado por todo lado, seguimos depois para Rio Grande
e o Cassino.
Não há muito o que contar desse
tempo. Lá fiquei poucas semanas, para depois retornar ao Rio.
Foi já de regresso à Velha Cap que me recordo de almoço com o Padrinho e a avó Cidalízia.
Achei na época que, apesar do curto
período entre o último convívio em São Paulo e agora o almoço no restaurante do
Hotel Excelcior - que é mais ou menos contíguo ao Copacabana Palace - me
pareceu que Chico houvesse emagrecido um tantinho mais.
Excluída essa impressão, nada vi
nem ouvi de que a sua saúde estivesse com problemas.
No entanto, pelo que saberia mais
tarde, os exames se sucediam, e a medicina da época ainda tateava na busca de
resposta àquela persistente perda de peso.
Hoje, passados tantos anos,
revisito a sala do restaurante, e não vejo a meu lado um padrinho muito
diferente a que estava acostumado.
O seu apetite não mudara, nem
tampouco o próprio interesse pelo que esperava o afilhado no curso do Rio
Branco, que estava por começar.
Tudo conspirava para que não visse
diferença no tio. Nem a própria residual implicância que tinha com a sogra
Cidalizia - e minha avó materna - não deixara de repontar, mas numa feição que
hoje definiríamos como assaz light...
Apesar de tudo isso, lá estava ele com o jeitão meio cansado e a aparência um
tanto diferente, sem a desenvoltura a que nos acostumara na travessia da Lagoa
dos Patos (segundo os relatos da família), sem as firmes passadas, sem o ritual
esfregar de mãos marcando a vigorosa presença,
e tal desde sempre que me entendo -
guri, jovem, adolescente - na rua Turquia, 26.
Sem dúvida, a magra já o espreitava.
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