A coluna de hoje de
José Casado trata da distinção entre o público e o privado. No entanto, não se
trata de discussão a título filosófico.
Na verdade, a coisa é mais terra a
terra. Segundo José Casado em seu artigo
"Michel Temer vai informar a Lula e Dilma que todo o acervo presidencial
levado quando deixaram o poder está
embargado."
Esta condição permanecerá até a
conclusão do inquérito para identificação, origem, natureza (se os bens são
públicos ou privados) e eventual incorporação ao patrimônio da União.
O aviso para que se "abstenham de
vendê-los ou doá-los" deverá ser encaminhado pelo gabinete pessoal de
Temer - segundo informa o Tribunal de Contas da União (TCU), em carta enviada
na 6ª feira passada ao Palácio do Planalto, ao responder um pedido de
"esclarecimentos" da Secretaria de Governo.
De que se trata? Pois há dois meses o
Governo tenta localizar a bagatela de quatro mil e quinhentos e sessenta e
quatro bens que sumiram da Presidência - de forma "absolutamente
inexplicável" na avaliação dos auditores do TCU.
Pelo visto, o Poder Petista favoreceu
uma pulverização da guarda e responsabilidade dos gestores que pertencem a 24
unidades e órgãos, a saber, palácios do Planalto e da Alvorada, residência
oficial da Granja do Torto, ministérios e secretarias como Casa Civil, Assuntos
Estratégicos, Portos, Aviação, Imprensa, Mulheres, Igualdade Racial.
Auxiliares de Michel Temer resolveram
manter a listagem de o que sumiu em sigilo (apesar da posição contrária do
TCU). Sabe-se, no entanto, que dela
constam seis obras de arte da Presidência e uma do Museu de Belas Artes (Rio de
Janeiro).
Também se sabe que Lula e Dilma
guardam 697 peças classificadas como "acervos de natureza museológica e
bibliográfica", que foram recebidas
como presentes em reuniões com chefes de estado e de governo. Lula ficou
com 80%, como "mero guardião", alegam seus advogados.
Em março de 2016 Lula declarou à
polícia não saber o valor e a exata localização dos bens.
"Acho que (está) no
sindicato nosso, dos metalúrgicos (de S.Bernardo-SP) Tem coisa de valor que
deve estar guardada em banco... Eu já tomei uma decisão, terminada essa (***)
desse processo, eu vou entregar isso para o Ministério Público. Vou levar lá e
vou falar: "Janot, está aqui,olha isso aqui te incomodou? Um picareta de
Manaus entrou com um processo pra você investigar as coisas que eu ganhei,
então você toma conta."
O Delegado insistiu;
- O senhor disse que no sítio
(de Atibaia-SP) foi colocada parte dos bens que foram retirados no fim do
mandato...
- Eu falei tralhas, que eu nem
sei o que é, mas é tralha - replicou Lula.
- O senhor disse que tem coisa
valiosa.
- Eu não sei onde está, mas
tem muita coisa valiosa."
Parte desse acervo mantido
pelo ex-presidente já foi mapeada pela polícia. Há duas semanas atrás, o Juiz
Sérgio Moro autorizou uma comissão governamental a catalogar as peças
encontradas em um cofre do Banco do
Brasil, em São Paulo.
Está previsto que até janeiro
de 2017 se conclua a "minuciosa identificação dos bens", existentes
no citado cofre do banco. Idêntico procedimento será adotado sobre o acervo
mantido pela ex-presidente Dilma.
No entanto, permanecem
desaparecidas outras 3.868 peças do patrimônio da Presidência.
( Fonte: O Globo, coluna de José
Casado)
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