Se reduzirmos a
'descoberta' dos e-mails no
computador do ex-deputado Anthony D. Weiner ao que ela realmente é, estaremos
diante de possível e colossal instrumentalização de mais esse maço de
comunicações eletrônicas, que poderia, ou
não, ser pertinente para a
investigação dos e-mails de Hillary.
O mais acachapante no caso é a própria
confissão do Diretor do FBI James B. Comey sobre o encontrado no computador do
marido-separado da assessora da Secretária de Estado, Huma Abedin. Ainda não foi
esclarecido se alguns dos e-mails pilhados
no computador do pedófilo Weiner (o objeto inicial da investigação foram
mensagens de texto desse ex-deputado enviadas para menor de quinze anos, na
Carolina do Norte) digam respeito de alguma forma aos e-mails originários do servidor privado da Senhora Clinton (quando
Secretária de Estado).
É mais do que compreensível, portanto,
a áspera reação de parlamentares democratas e também republicanos, quanto à
atitude pouco responsável do diretor do F.B.I., que chegou a dizer em carta,
que conquanto os e-mails em causa
"pareçam ser pertinentes", o Bureau Federal de Investigações ainda (meu o grifo) não os
examinara! Em termos de prudência, que é qualidade essencial na autoridade
investigadora, já vi maior.
A aparência de irresponsabilidade
de parte do Diretor Comey se refletiu na sua postura defensiva, ao comunicar
para os funcionários do FBI que ele se
sentira obrigado a fazer a comunicação para o Congresso, "embora não
se saiba ainda do significado desta nova descoberta de coleção de e-mails".
(!)
Em se tratando de
responsabilidade de um alto funcionário - que o Presidente Barack Obama
indicara dentre aqueles registrados como 'republicanos'
para dirigir órgão policial da relevância do FBI - fica inequívoca a impressão
de que o Diretor Comey - que ignorou as recomendações de prudência emitidas
pelos seus superiores do Departamento de Justiça - deveria ter sido um pouquinho
mais cauteloso ao sopesar a relevância e a oportunidade de transmitir tal
assunto aos líderes do Congresso.
Embora alguns tenham intentado
apor o rótulo de 'corajoso' ao gesto do diretor Comey, não é decerto
responsável que um alto Servidor do Estado jogue para o Congresso, e às
vésperas da eleição, questão cuja
pertinência para ser discutida ou não, ele ignora!
A palavra para designar tal
atitude não é coragem, e sim 'irresponsabilidade', pois há determinações muito
claras de que não se deva levantar questões, cuja relevância ou não, é
desconhecida.
A prudência não é a palavra
mais apropriada para designar tal ação do Diretor do FBI. A própria candidata
Hillary Clinton instou ao Diretor Comey que trouxesse a público toda a verdade.
Como se pode ousar declarar para as lideranças congressuais que os e-mails "parecem ser
pertinentes", se sequer eles haviam sido examinados pelo F.B.I. ?
Na melhor das versões, o
comportamento do Diretor Comey foi estouvado e, mesmo, pouco responsável. Na verdade, o Diretor James B. Comey agiu de
forma leviana, ao desrespeitar regras claras do FBI. Tais autoridades têm por norma
evitar, sempre que possível, fazer com que o pronunciamento do Povo americano
não seja confundido por notícias ambíguas, como é o caso presente.
Como pode autoridade policial
surgir na vigésima-quinta hora de uma eleição presidencial, e trazer à baila
assuntos que ela própria desconhece, mas que não trepida em jogá-los na pública
arena?
Quando se recomenda cautela
a essas autoridades - e tal tinha sido até hoje o comportamento dos órgãos
competentes - não se procede dessa maneira com o escopo de ocultar coisas. O
que não se pode é jogar no tabuleiro dúvidas que nada têm a consubstanciá-las.
Está certa a candidata
Hillary Clinton ao exigir do confuso Diretor James B. Comey que ponha termo a
tais atitudes irresponsáveis. Não se esqueçam que fomentando a dúvida, só se
serve àqueles que desejam confundir as mentes. De nada servirá colocar depois a
sovada túnica dos penitentes e lamentar, com lágrimas de crocodilo, o quanto se
está incomodado em que mentes hajam sido turbadas.
O mal então estará feito.
Vejam o quanto reage alvoroçado o rival da vez. Se as coisas saírem como ele quer,
daqui a uns meses só estará soltando
foguetes o presidente de um país continental euro-asiático. Será isso mesmo que
os americanos desejam?
( Fonte: The New York Times )
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