segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Para que servem os e-mails de Weiner?

               

         Se reduzirmos a 'descoberta' dos e-mails no computador do ex-deputado Anthony D. Weiner ao que ela realmente é, estaremos diante de possível e colossal instrumentalização de mais esse maço de comunicações eletrônicas, que poderia, ou não, ser pertinente para a investigação dos e-mails de Hillary.
         O mais acachapante no caso é a própria confissão do Diretor do FBI James B. Comey sobre o encontrado no computador do marido-separado da assessora da Secretária de Estado, Huma Abedin.  Ainda não foi esclarecido se alguns dos e-mails pilhados no computador do pedófilo Weiner (o objeto inicial da investigação foram mensagens de texto desse ex-deputado enviadas para menor de quinze anos, na Carolina do Norte) digam respeito de alguma forma aos e-mails originários do servidor privado da Senhora Clinton (quando Secretária de Estado).
            É mais do que compreensível, portanto, a áspera reação de parlamentares democratas e também republicanos, quanto à atitude pouco responsável do diretor do F.B.I., que chegou a dizer em carta, que conquanto os e-mails em causa "pareçam ser pertinentes", o Bureau Federal de Investigações ainda (meu o grifo) não os examinara! Em termos de prudência, que é qualidade essencial na autoridade investigadora, já vi maior.
             A aparência de irresponsabilidade de parte do Diretor Comey se refletiu na sua postura defensiva, ao comunicar para os funcionários do FBI que ele se sentira obrigado a fazer a comunicação para o Congresso, "embora não se saiba ainda do significado desta nova descoberta de coleção de e-mails". (!)
              Em se tratando de responsabilidade de um alto funcionário - que o Presidente Barack Obama indicara dentre aqueles registrados como 'republicanos' para dirigir órgão policial da relevância do FBI - fica inequívoca a impressão de que o Diretor Comey - que ignorou as recomendações de prudência emitidas pelos seus superiores do Departamento de Justiça - deveria ter sido um pouquinho mais cauteloso ao sopesar a relevância e a oportunidade de transmitir tal assunto aos líderes do Congresso.
               Embora alguns tenham intentado apor o rótulo de 'corajoso' ao gesto do diretor Comey, não é decerto responsável que um alto Servidor do Estado jogue para o Congresso, e às vésperas da eleição, questão cuja pertinência para ser discutida ou não, ele ignora!
                A palavra para designar tal atitude não é coragem, e sim 'irresponsabilidade', pois há determinações muito claras de que não se deva levantar questões, cuja relevância ou não, é desconhecida.
                A prudência não é a palavra mais apropriada para designar tal ação do Diretor do FBI. A própria candidata Hillary Clinton instou ao Diretor Comey que trouxesse a público toda a verdade. Como se pode ousar declarar para as lideranças congressuais  que os  e-mails "parecem ser pertinentes", se sequer eles haviam sido examinados pelo F.B.I. ?
                 Na melhor das versões, o comportamento do Diretor Comey foi estouvado e, mesmo, pouco responsável.  Na verdade, o Diretor James B. Comey agiu de forma leviana, ao desrespeitar regras claras do FBI. Tais autoridades têm por norma evitar, sempre que possível, fazer com que o pronunciamento do Povo americano não seja confundido por notícias ambíguas, como é o caso presente.
                   Como pode autoridade policial surgir na vigésima-quinta hora de uma eleição presidencial, e trazer à baila assuntos que ela própria desconhece, mas que não trepida em jogá-los na pública arena?
                    Quando se recomenda cautela a essas autoridades - e tal tinha sido até hoje o comportamento dos órgãos competentes - não se procede dessa maneira com o escopo de ocultar coisas. O que não se pode é jogar no tabuleiro dúvidas que nada têm a consubstanciá-las.
                    Está certa a candidata Hillary Clinton ao exigir do confuso Diretor James B. Comey que ponha termo a tais atitudes irresponsáveis. Não se esqueçam que fomentando a dúvida, só se serve àqueles que desejam confundir as mentes. De nada servirá colocar depois a sovada túnica dos penitentes e lamentar, com lágrimas de crocodilo, o quanto se está incomodado em que mentes hajam sido turbadas.
                     O mal então estará feito. Vejam o quanto reage alvoroçado o rival da vez. Se as coisas saírem como ele quer, daqui a uns meses  só estará soltando foguetes o presidente de um país continental euro-asiático. Será isso mesmo que os americanos desejam?    

 

( Fonte:  The New York Times )

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