Desde algum tempo, e em especial ao
ensejo desta eleição, em que a qualidade dos candidatos está muito diferenciada,
choca o observador da atualidade americana a maneira com que muitos dos
jornalistas brasileiros radicados nos Estados Unidos como correspondentes
costumam transmitir para o Brasil através dos órgãos respectivos a sua cobertura da campanha
americana.
Talvez esses profissionais se deixem
levar por paixões pessoais e venham a
confundi-las com os deveres jornalísticos de informação equilibrada e imparcial.
Com efeito, o que surpreende é o hiato que existe entre a realidade transmitida
por grande jornal e a visão particular de cada um, que muita vez dá a impressão
de que o profissional teve acesso a outra reunião, e não àquela que é coberta
pelo grande veículo de imprensa ou de comunicação.
No passado, a realidade da comunicação era
bem diversa. O correspondente de imprensa estava presente e a transmitia ao
órgão respectivo, sem que o observador brasileiro tivesse oportunidade de ter
uma visão simultânea do evento. Agora, nos grandes acontecimentos isto não mais
se verifica. A CNN e mesmo outras estações transmitem por satélite, e
proporcionam a visão simultânea de o que vá pautar o comunicado do
correspondente.
As oportunidades de cotejar impressões,
mais ainda quando se tem acesso ao evento, crescem exponencialmente, e
deveriam, por conseguinte, nortear a busca pela objetividade entre os
coleguinhas.
Os correspondentes, no entanto,
parecem continuar embalados por realidades de antanho, quando o público
brasileiro não tinha acesso nem à mídia eletrônica, nem muito menos aos grandes
jornais americanos.
Quem lê os despachos desses alegres
compadres tem a impressão de que a campanha de Donald Trump não vá assim tão
mal. Já a atuação de Hillary é transmitida pela Fox News ou algum senhor de
opiniões similares, em que o viés de partido (no caso, o vermelho, que para os
americanos quer dizer conservador, republicano) aparece sempre pendendo para a
direita. Isso podia funcionar antes, quando a cobertura imediata era precária,
e não se podia contrachecar a opinião dos coleguinhas com a realidade no
terreno.
Hoje, as vantagens da intermediação
ou desapareceram ou esmaeceram deveras. Por isso, será recomendável àqueles (ou
àquelas) profissionais, que esqueçam por um momento as eventuais simpatias do
grupo, e tratem de buscar a objetividade na informação. Como os meios e
instrumentos de contrachecagem cresceram e muito, eles devem desembaraçar-se
das lentes de antanho e transmitir para o público a realidade sem adjetivos.
Sofrerá um pouco o respectivo ego na sua autoavaliação, mas o assistente ou o
leitor agradecem penhorados, porque a veracidade na informação costuma ser o
início de grandes audiências.
( Fontes: Organizações Globo, Folha, The New
York Times )
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