O editorial de hoje
da Folha - Ritmos desiguais - nos fala da morosidade da Justiça.
E, no entanto, há um juiz em que tal
particularidade não se observa. Cito: "devido às circunstâncias
processuais, recaem sobre uma vara federal de Curitiba, e sobre as decisões de
um único juiz, Sergio Moro, as principais responsabilidades na punição do maior
escândalo de corrupção já investigado no país.
"Sendo geralmente confirmadas em
segunda instância, as decisões de Moro terminaram por transformá-lo numa
espécie de ídolo junto a amplos setores da população."
É de crer-se, igualmente, que em
parte, mas não totalmente, "o status de celebridade que adquiriram juiz e
os procuradores de Curitiba não deixam de ser consequência da relativa
incapacidade do sistema investigativo e judicial brasileiro, como um todo de
dar respostas tão prontas às denúncias de corrupção que se multiplicam no país.
"Enquanto Moro determinou a
condenação do ex-senador Gim Argello (PTB-DF) a 19 anos de prisão, acusado de
cobrar propinas para deixar de convocar donos de empreiteiras à CPI da
Petrobrás, em 2014, prolongam-se sem resultado as investigações sobre supostas
propinas repassadas por empresas a governos do PSDB.
"Verdade que até surgem um
exemplo ou outro de maior presteza Brasil afora. Na quinta-feira (13), o ex-presidente Lula (PT) foi transformado em réu pela
terceira vez, duas das quais em Brasília - a outra em Curitiba."
Dentro do mesmo padrão
de celeridade, o editorial Ritmos
Desiguais " se reporta a casos indiretamente ligados à Lava - Jato, o
das acusações de fraudes na Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo
(Bancoop). Foram aceitas as denúncias contra João Vaccari Neto, ex-presidente da
cooperativa e ex-tesoureiro do PT, assim como contra o sócio da construtora OAS
Léo Pinheiro, ambos já condenados e
presos no Paraná. A ação penal sobre a Bancoop se reporta a fatos que teriam
ocorrido entre 2009 a 2015."
Nesse sentido, semelha
importante a observação do Editorial, em sua parte conclusiva: "Não há,
infelizmente, exemplos de celeridade semelhantes no âmbito do Supremo Tribunal
Federal. Correm por lá, em decorrência do foro privilegiado, investigações referentes
a dezenas de políticos envolvidos na Lava
Jato.
"Só há
menos de duas semanas liberou-se para
apreciação do plenário um processo relativo ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). (Reporta-se a caso de 2007, sobre a alegada
contribuição da Mendes Júnior para o pagamento da pensão devida por Renan à
jornalista Monica Veloso, com quem teve uma filha).
E
como ficará quando "os muitos parlamentares acusados
de corrupção na Lava Jato - que investiga esquema incomparavelmente mais
complexo - certamente haverão de se sentir tranquilos se for esse o ritmo do
STF".
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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