domingo, 30 de outubro de 2016

Gabeira sobre Renan

                                     

         Muito interessante o artigo de Fernando Gabeira, hoje publicado em O Globo, sob o título Se entrega, Corisco.
         Gabeira, com bem o sabemos, é um guerreiro contra corrupção. As suas palavras, enquanto deputado, dirigidas ao corrupto presidente Severino Cavalcanti, foram o prenúncio da queda deste último.
         Gabeira seria também o prefeito que foi negado ao Rio de Janeiro, por uma torpe tramóia do então governador Sérgio Cabral, que, ardilosamente decretara ponto facultativo, para esvaziar o Rio de seus funcionários estaduais, que sabidamente detestavam Cabral, o protetor de Eduardo Paes.
         Com tal manobra, que somente é pensável e possível em Pindorama,  o espertalhão Cabral esvaziou a antiga capital da República de seus funcionários estaduais, que por certo votariam em Gabeira e não no protegido do odiado governador.
         Cheguei, na época, a perguntar a Gabeira porque não contestara judicialmente a manobra, dada a ínfima margem com que Eduardo Paes lograra derrotá-lo.
         Renan Calheiros, o homem que tem onze processos no Supremo, no dizer de Gabeira, "no passado, perdia cabelos mas não perdia a cabeça".
         Consoante Gabeira, agora, se "ele ganhou cabelos, mas  perde a cabeça com frequência".  Nesse sentido, disse  "que o Senado parecia um hospício, e afirmou que  ajudou a senadora Gleisi Hoffmann  no seu embate com a Lava-Jato."
         Mais tarde, se saberia como: ordenara "varreduras em vários pontos estratégicos ligados aos senadores investigados pela roubalheira na Petrobrás."
          Se, como assevera com propriedade o articulista, "o sono brasileiro não é mais profundo como na época". E, sem embargo, "Renan sequer foi julgado pelos crimes de que era acusado na época. São as doçuras do foro privilegiado.  Agora, ele  quer que o foro privilegiado, que já era uma excrescência para deputados e senadores, estenda-se também aos seus jagunços."
           Há muitos crimes impunes, por obra e graça desse "absurdo", como o assinala Gabeira em seu artigo. Não pretendo, nem devo transcrever a coluna de Fernando Gabeira, mas permito-me, com a vênia que é devida às observações inteligentes, oportunas e certeiras citar a seguinte, ao final : "Eduardo Cunha foi preso. Não tinha mais mandato. Se Renan continuar solto, é apenas porque tem um. É justo cometer crimes em série, sob o escudo de um mandato parlamentar?"



(  Fonte: artigo de Fernando Gabeira, em  O Globo. )    

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