Por enquanto, haverá muita
especulação. Basta ler a Folha e O Globo, para se ter ideia da amplitude
dos aspectos tectônicos da prisão preventiva do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Decretada pelo Juiz Sérgio Moro, em caráter preventivo, e, portanto sem data, por
ora a especulação há de predominar. O PMDB, que é o partido do Presidente da
República, Michel Temer, deverá
sofrer um senhor golpe, e nesse grêmio político são poucos os que poderiam
adotar a postura do deputado Jarbas
Vasconcellos, aquele que nas páginas amarelas de VEJA aludira à presença da
corrupção no partido, e que não recebera a respeito qualquer censura das
instâncias partidárias competentes.
Pela sua memória e, sobretudo, por seu
envolvimento com a corrupção, o ex-deputado representa um desafio para a
Justiça. A prisão preventiva (sem prazo
definido) foi decretada pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Criminal de
Curitiba, a pedido da Procuradoria-Geral
da República. Na ação, o ex-deputado E.Cunha responde às acusações de
corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, entre outras.
Na justificativa da prisão, se atende que "a
dimensão e o caráter serial dos crimes estendendo-se por vários anos" representam
riscos à ordem pública.
Os próprios argumentos, concisamente
expostos pelo Juiz Moro, da providência tomada pela Justiça, já dão ideia de o
que possa representar a ação penal implicada.
É muito cedo para fazer prognósticos
sobre a evolução da questão. Muito dependerá da amplitude das denúncias
que o ex-deputado Eduardo Cunha
apresentará e o respectivo número de elementos probatórios. É difícil
determinar se as eventuais denúncias de Cunha possam ter um crescimento tão
amplo quanto as de Marcelo Odebrecht
no caso das propinas dessa empreiteira - a maior do Brasil - em um grupo tão
extenso quanto esse último, também objeto da Lava-Jato. Colocada a interrogação da delação premiada e a longa
atividade do político Eduardo Cunha seria decerto prematuro levantar hipóteses
a respeito.
De qualquer forma, a corrupção
serial de E. Cunha abrangerá uma outra área distinta daquela atingida pelo Petrolão, embora seja pouco apropriado
fazer conjeturas nesse novo campo aberto à Lava-Jato
na sua ciclópica luta contra a
corrupção.
Mas, de certa forma, a ação contra
Cunha deverá abrir outra frente na luta
contra a corrupção, como referido acima.
A inquietude, no entanto, tenderá a
ser grande, e ela dificilmente se restringirá ao Congresso da República.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, VEJA)
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