quarta-feira, 13 de março de 2019

Para Chavismo, Guaidó virou sabotador...


              
     A má-fé é a caracteristica básica das imputações feitas pelo Chavismo.  Como se há verificar pelas descrições do blog de ontem, as causas dos problemas de abastecimento na Venezuela residem muito claramente na incúria e na irresponsabilidade das autoridades do imperante chavismo. De uma certa forma, tudo é deixado ao deus dará, e, por isso, não há de surpreender que os problemas no fornecimento de água e energia  se sucedam.
       Veja-se, por exemplo a "solução" encontrada pelo cínico chavismo  para "explicar" o blecaute que deixou a maior parte da Venezuela às escuras desde a semana passada.  Depois de tentar inculpar os Estados Unidos como o responsável pelo apagão,  o presidente Maduro, dentro do vulgar cinismo que norteia as próprias ações, teve a ousadia de indiciar ontem  o líder opositor Juan Guaidó por "sabotagem" do sistema elétrico.
        Além do descaramento que tal iniciativa implica  -  dentro decerto da linha que marcara a "imputação" anterior, de que o corte de luz se atribuía a uma operação da superpotência,  que se poderia denominar de brutal e burro descaramento, sem qualquer respeito à realidade factual.
         Nessa linha de acusações boçais, sem nenhum fundamento na realidade,  o chavismo também  prendeu pelo menos um jornalista crítico do governo Maduro, tentando relacioná-lo ao apagón.
          Outra figura conhecida do gangsterismo oficial - o procurador-geral da república Tarek William Saab - indiciou Juan Guaidó - ainda que sem quaisquer provas - ao imperante apagão, que já entrou no seu sexto dia, incluindo relatos de saques na cidade de Maracaibo, a segunda maior da Venezuela.
           Guaidó já responde a um processo de incitação à violência, mas o chavismo não ousou agir contra ele, nem mesmo quando o presidente da Assembleia Nacional desafiara proibição de deixar o país. Nada foi feito por conta das ameaças da Casa Branca de que haveria "consequências" se o governo prendesse o líder opositor, que, como se sabe, se declarara presidente interino  do país em janeiro (e fora reconhecido como tal por mais de cinquenta países).
            Logo após o descarado indiciamento baixado  pelo procurador-geral - com largos interesses no nárcotráfico - Tarek Saab,  o corajoso Guaidó convocou seus inúmeros partidários às ruas para protestarem contra  Maduro: "Hoje, mais uma vez, a Venezuela está nas ruas para exigir a volta da Democracia."
             Nesse contexto, e ainda ontem, o enviado dos EUA para a Venezuela, Elliot Abrams, afirmou que novas pesadas sanções contra o país devem ser anunciadas nos próximos dias, aplicáveis igualmente contra o setor  financeiro da Venezuela. E completou: "Se Guaidó fôr preso, os Estados Unidos atuarão com rapidez."
               Malgrado as otimistas indicações do Ministro da Informação da Venezuela, Jorge Rodríguez, a rede elétrica esta quase (sic) restabelecida, e o fornecimento de água será normalizado.  Na realidade, Caracas começou a sofrer  com a falta d'água nesta segunda-feira, quando o equipamento que bombeia água dos mananciais para a cidade parou de funcionar, por falta de energia. Ontem,diversos moradores tiveram de caminhar até o Monte Ávila, que circunda a cidade, em busca de nascentes de água potável para encher galões.

Cerco à Imprensa.   O notório Sebin - Serviço Bolivariano de  Inteligência - prendeu o jornalista Luiz Carlos Diaz e fez buscas em sua residência, depois de o lider chavista (o segundo na escala de poder) Diosdado Cabello havê-lo cinicamente acusado de participar da suposta "sabotagem".  É o terceiro caso em menos de mês de prisão de jorna-listas no país, que se soma  às deportações dos repórteres americanos Cody Weddle e Jorge Ramos.

                      Díaz foi preso pelo Sebin quando voltava para casa de bicicleta da Rádio Unión, aonde trabalha e mantém um programa pela manhã com críticas ao ditador Maduro (censurado há duas semanas atrás, segundo o Sindicato Nacional de Trabalhadores de Imprensa - SNTP). Díaz foi levado para o chamado Helicóide, a sede maldita desse órgão administrador de vis torturas , e de acordo com fontes próximas à família, ainda não tinha tido acesso  a um advogado, nem a visita de parentes, até a noite de ontem.  A propósito, a esposa dele, Naky Soto, sofre de câncer.
                       Não há informação alguma sobre o seu paradeiro, disse à imprensa um amigo da família. 
                       De acordo com o nº 2 do Chavismo, o gangster Diosdado Cabello, Diaz seria um "hacker" que teria ajudado a derrubar as turbinas da Hidrelétrica de Guri, construída em 1978, e a segunda maior da América Latina.  Para tanto, com a sua habitual desenvoltura e cinismo, o chavista sequer apresentou qualquer evidência crível de acusação.
                        É de notar-se  que em seu programa radiofônico, Díaz tecia críticas diárias ao chavismo.  Procurado, como de hábito, o Ministério das Comunicações da Venezuela não retornou nenhum contato.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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