A má-fé é a
caracteristica básica das imputações feitas pelo Chavismo. Como se há verificar pelas descrições do blog
de ontem, as causas dos problemas de abastecimento na Venezuela residem muito
claramente na incúria e na irresponsabilidade das autoridades do imperante
chavismo. De uma certa forma, tudo é deixado ao deus dará, e, por isso, não há
de surpreender que os problemas no fornecimento de água e energia se sucedam.
Veja-se, por exemplo a
"solução" encontrada pelo cínico chavismo para "explicar" o blecaute que
deixou a maior parte da Venezuela às escuras desde a semana passada. Depois de tentar inculpar os Estados Unidos
como o responsável pelo apagão, o
presidente Maduro, dentro do vulgar cinismo que norteia as próprias ações, teve
a ousadia de indiciar ontem o líder
opositor Juan Guaidó por "sabotagem" do sistema elétrico.
Além
do descaramento que tal iniciativa implica
- dentro decerto da linha que
marcara a "imputação" anterior, de que o corte de luz se atribuía a
uma operação da superpotência, que se
poderia denominar de brutal e burro descaramento, sem qualquer respeito à
realidade factual.
Nessa
linha de acusações boçais, sem nenhum fundamento na realidade, o chavismo também prendeu pelo menos um jornalista crítico do
governo Maduro, tentando relacioná-lo ao apagón.
Outra figura conhecida do gangsterismo oficial - o procurador-geral da
república Tarek William Saab - indiciou Juan Guaidó - ainda que sem quaisquer
provas - ao imperante apagão, que já entrou no seu sexto dia, incluindo
relatos de saques na cidade de Maracaibo, a segunda maior da Venezuela.
Guaidó já responde a um processo de incitação à violência, mas o
chavismo não ousou agir contra ele, nem mesmo quando o presidente da Assembleia
Nacional desafiara proibição de deixar o país. Nada foi feito por conta das
ameaças da Casa Branca de que haveria "consequências" se o governo
prendesse o líder opositor, que, como se sabe, se declarara presidente
interino do país em janeiro (e fora
reconhecido como tal por mais de cinquenta países).
Logo após o descarado indiciamento baixado pelo procurador-geral - com largos interesses
no nárcotráfico - Tarek Saab, o corajoso
Guaidó convocou seus inúmeros partidários às ruas para protestarem contra Maduro: "Hoje, mais uma vez, a Venezuela
está nas ruas para exigir a volta da Democracia."
Nesse contexto, e ainda ontem, o enviado dos EUA para a Venezuela, Elliot
Abrams, afirmou que novas pesadas sanções contra o país devem ser anunciadas
nos próximos dias, aplicáveis igualmente contra o setor financeiro da Venezuela. E completou:
"Se Guaidó fôr preso, os Estados Unidos atuarão com rapidez."
Malgrado as otimistas indicações do Ministro da Informação da Venezuela,
Jorge Rodríguez, a rede elétrica esta quase (sic) restabelecida, e o
fornecimento de água será normalizado.
Na realidade, Caracas começou a sofrer
com a falta d'água nesta segunda-feira, quando o equipamento que bombeia
água dos mananciais para a cidade parou de funcionar, por falta de energia.
Ontem,diversos moradores tiveram de caminhar até o Monte Ávila, que circunda a
cidade, em busca de nascentes de água potável para encher galões.
Cerco
à Imprensa. O
notório Sebin - Serviço Bolivariano de
Inteligência - prendeu o jornalista Luiz Carlos Diaz e fez buscas em sua
residência, depois de o lider chavista (o segundo na escala de poder) Diosdado
Cabello havê-lo cinicamente acusado de participar da suposta
"sabotagem". É o terceiro caso
em menos de mês de prisão de jorna-listas no país, que se soma às deportações dos repórteres americanos Cody
Weddle e Jorge Ramos.
Díaz foi preso pelo Sebin quando voltava para casa de bicicleta da Rádio
Unión, aonde trabalha e mantém um programa pela manhã com críticas ao ditador
Maduro (censurado há duas semanas atrás, segundo o Sindicato Nacional de
Trabalhadores de Imprensa - SNTP). Díaz foi levado para o chamado Helicóide, a
sede maldita desse órgão administrador de vis torturas , e de acordo com fontes
próximas à família, ainda não tinha tido acesso
a um advogado, nem a visita de parentes, até a noite de ontem. A propósito, a esposa dele, Naky Soto, sofre
de câncer.
Não há informação alguma
sobre o seu paradeiro, disse à imprensa um amigo da família.
De acordo com o nº 2 do
Chavismo, o gangster Diosdado Cabello, Diaz seria um "hacker" que
teria ajudado a derrubar as turbinas da Hidrelétrica de Guri, construída em 1978,
e a segunda maior da América Latina.
Para tanto, com a sua habitual desenvoltura e cinismo, o chavista sequer
apresentou qualquer evidência crível de acusação.
É de notar-se que em seu programa radiofônico, Díaz tecia
críticas diárias ao chavismo. Procurado,
como de hábito, o Ministério das Comunicações da Venezuela não retornou nenhum
contato.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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